ALLAN KARDEC - UMA BREVE BIOGRAFIA
MAURICE LACHÂTRE
Lançamento original:
Allan Kardec - Nouveau Dictionnaire Universel / Tome 01
Par Maurice Lachâtre
Docks de Librairie
38, Boulevard de Sebastopol, 38
Paris – 1865
OBRA RARA TRADUZIDA
Tradução: Alexandre Rocha
Revisão da Tradução: Irmãos W. e Ery Lopes
Formatação: Alexandre R. Distefano
Versão digitalizada
© 2021
Distribuição gratuita:
Portal Luz Espírita
Autores Espíritas Clássicos
Biografia de Allan Kardec:
Tradutor: Alexandre Rocha
“ALLAN KARDEC (Hippolyte-Léon-Denizard Rivail). Chefe e fundador da Doutrina dos Espíritos, nascido em Lyon, no dia 3 de outubro de 1804, originário de Bourg en Bresse, departamento do Ain. Embora filho e neto de advogados e de uma antiga família que se distinguiu na magistratura e no foro, ele não seguiu essa carreira; cedo se dedicou ao estudo das ciências e da filosofia.
Aluno de Pestalozzi, na Suíça, tornou-se um dos eminentes discípulos do célebre pedagogo, e um dos propagadores de seu sistema de educação, que exerceu grande influência sobre a reforma dos estudos na França e na Alemanha. É nessa escola que se desenvolveram as idéias que deviam mais tarde colocá-lo na classe dos homens de progresso e dos livres-pensadores.
Nascido na religião católica, mas educado num país protestante, os atos de intolerância que ele teve de suportar a esse respeito fizeram-no, desde a idade de quinze anos, conceber a idéia de uma reforma religiosa, na qual trabalhou em silêncio durante longos anos, com o pensamento de chegar à unificação das crenças; mas faltou-lhe o elemento necessário para a solução desse grande problema.
O Espiritismo veio, mais tarde, fornecer-lhe e imprimir uma direção especial aos seus trabalhos. Por volta de 1850, assim que se tratou das manifestações dos Espíritos, Allan Kardec se entregou às observações perseverantes sobre esses fenômenos, e se dedicou principalmente a deduzir deles as conseqüências filosóficas. Neles entreviu, antes de tudo, o princípio de novas leis naturais: aquelas que regem as relações do mundo visível e do mundo invisível; reconheceu, na ação deste último, uma das forças da natureza, e seu conhecimento devia lançar luz sobre uma multidão de problemas reputados insolúveis, e compreendeu o alcance disso do ponto de vista científico, social e religioso.
“Suas principais obras sobre essa matéria são O Livro dos Espíritos, para a parte filosófica, e cuja primeira edição apareceu no dia 18 de abril de 1857; O Livro dos Médiuns, para a parte experimental e científica (janeiro de 1861); O Evangelho Segundo O Espiritismo, para a parte moral (abril de 1864); O Céu e o Inferno ou a Justiça divina segundo o espiritismo (agosto de 1865); Revista Espírita, Jornal de Estudos Psicológicos, coleção mensal começada no dia 01 de janeiro de 1858.
Ele fundou, em Paris, no dia 1 de abril de 1858, a primeira sociedade espírita regularmente constituída sob o nome de Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, cujo objetivo exclusivo é o estudo de tudo que pode contribuir para o progresso dessa nova ciência.
O próprio Allan Kardec se proíbe de escrever sob a influência de idéias preconcebidas ou sistemáticas; homem de caráter frio e calmo, observou os fatos, e de suas observações deduziu as leis que os regem; primeiro deu a teoria e dela formou um corpo metódico e regular.
Demonstrando que os fatos falsamente classificados de sobrenaturais estão submetidos a leis, ele os faz entrar na ordem dos fenômenos da natureza e destrói, assim, o último refúgio do maravilhoso, um dos elementos da superstição. Durante os primeiros anos em que o assunto fora os fenômenos espíritas, essas manifestações foram mais um objeto de curiosidade do que um assunto de sérias meditações; O Livro dos Espíritos fez olhar a coisa sob outro aspecto; então deixaram-se as mesas girantes, que só tinham sido um prelúdio e se concentrou num corpo de doutrina que abarcava todas as questões que interessavam à humanidade.
Da aparição do O Livro dos Espíritos data a verdadeira fundação do espiritismo, que, até então, só possuíra elementos dispersos sem coordenação, e cujo alcance não pudera ser compreendido por todo mundo; desse momento também a doutrina fixa a atenção dos homens sérios e tomou um desenvolvimento rápido. Em poucos anos, essas idéias encontraram numerosos partidários, em todos os níveis da sociedade e em todos os países.
“Esse sucesso sem precedente se deve, sem dúvida, às simpatias que essas idéias encontraram, mas é devido também, em grande parte, à clareza, que é um dos caracteres distintivos dos escritos de Allan Kardec. Abstendo-se das fórmulas abstratas da metapsíquica, o autor soube por-se ao alcance de todo o mundo e fazer-se lido sem fadiga, condição essencial para a vulgarização de uma idéia. Sobre todos os pontos de controvérsia, sua argumentação, de uma lógica rigorosa, oferece pouca margem à refutação e predispõe à convicção.
As provas materiais que dá o Espiritismo, da existência da alma e da vida futura, tendem à destruição das idéias materialistas e panteístas. Um dos princípios mais fecundos dessa doutrina, e que decorre do precedente, é o da pluralidade das existências, já entrevisto por várias filosofias antigas e modernas e, nestes últimos tempos, por Jean Reynaud, Charles Fourier, Eugène Sue e outros; mas permanecera no estado de hipótese e de sistema, enquanto o espiritismo demonstra a realidade disso, e prova que é um dos atributos essenciais da humanidade.
Desse princípio decorre a solução de todas as anomalias aparentes da vida humana, de todas as desigualdades intelectuais, morais e sociais; o homem sabe, assim, de onde vem, para onde vai, para que fim está na Terra, e por que aí sofre. As idéias inatas se explicam pelos conhecimentos adquiridos nas vidas anteriores; a marcha dos povos e da humanidade, pelos homens dos tempos passados que revivem após ter progredido; as simpatias e as antipatias, pela natureza das relações anteriores; essas relações, que reatam a grande família humana de todas as épocas, dão como base as mesmas leis da natureza, e não mais uma teoria, aos grandes princípios de fraternidade, de igualdade, de liberdade, e de solidariedade universal”.
“A doutrina espírita, tal qual ela ressalta das obras de Allan Kardec, encerra em si os elementos de uma transformação geral nas idéias, e a transformação das idéias leva forçosamente à da sociedade. Desse ponto de vista, ela merece a atenção de todos os homens de progresso. Como sua influência se estende já sobre todos os países civilizados, dá à personalidade de seu fundador uma importância considerável, e tudo faz prever que, num futuro talvez próximo, ele será citado como um dos reformadores do século XIX”.
Maurice Lachâtre, Amigo de Allan Kardec, O Iluminista, O Livreiro-editor, Protagonista do auto de fé de Barcelona
(1814 - 1900)
Fontes: Bibliothèque Nationale de France (Nouveau Dictionnaire Universel. Tome Premier / Tome Second par Maurice Lachâtre - 1865)
Fontes: Luz Espírita - Espiritismo em Movimento (Maurice Lachátre)
"Deixando ao Nouveau Dictionnaire Universel a responsabilidade de certas partes da nota bibliográfica que ele dá do Sr. Allan Kardec, acreditamos correto colocá-la sob os olhos de nossos leitores. Não saberíamos, aliás, felicitar o autor, o Sr. Maurice Lachâtre, pelo fato de que acreditou ter de incluir os neologismos necessitados pelo estabelecimento da doutrina dos espíritos e que, até aqui, tinham sido sistematicamente rejeitados por todos os dicionários. Hoje, é um fato cumprido e as palavras espiritismo, espírita, perispírito, reencarnação, etc., etc., desde algum tempo já consagradas pelo uso, adquiriram direito na língua francesa"
Auguste Bez
O médium de Bordeaux
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Maurice Lachâtre - Allan Kardec uma breve biografia (Obra rara traduzida)
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