LA RUCHE SPIRITE BORDELAISE

REVUE DE L'ENSEIGNEMENT DES ESPRITS

SOCIÉTÉ SPIRITE DE BORDEAUX

DIRECTION: M. AUGUSTE BEZ, ÉMILIE SABÒ, J. CHAPELOT

(JUIN 1863 À MAI 1865)

 

O GRANDEs VANGUARDISTAs DO ESPIRITISMO

CONTEMPORÂNEOS DE ALLAN KARDEC

01 - Notas Bibliográficas:

La Ruche Bordelaise

No último número, falando do jornal La Verité de Lyon, dissemos que em breve Bordeaux também teria sua Revista Espírita. Vimos uma prova dessa publicação, que terá como título La Ruche Bordelaise, Revue de l’enseignement des Esprits (A Colmeia Bordelesa, Revista do Ensino dos Espíritos) e promete um novo órgão sério para a defesa e propagação do Espiritismo. Tendo solicitado o nosso conselho, mandamos uma carta aos seus diretores, a qual tiveram a gentileza de colocar no alto do seu primeiro número, declarando que querem seguir em todos os pontos a bandeira da Sociedade de Paris. Sentimo-nos felizes com esta adesão, que não pode senão estreitar, pela comunhão de ideias, os laços de união entre todos os espíritas sinceramente dedicados à causa comum, sem preconceitos personalistas.

La Ruche Bordelaise sai no dia primeiro e no dia 15 de cada mês, em cadernos de 16 páginas in-8º, a partir de 1º de junho de 1863. Preço: 6 francos por ano para a França e a Argélia. Redação em Bordeaux, Rua des Trois-Conils, 44. (1)

(1) Paris. Tipografia de COSSON & Cia. Rua do Four-Saint-Germain, 43.

Allan Kardec

Revista Espírita de Junho de 1863

02 - Notas Bibliográficas:

A revista La Ruche começou a circular em 1º de junho de 1863, e, logicamente, no final de maio de 1864, ela concluiu seu primeiro ano de existência. Seu segundo ano começa em junho de 1864 e vai até final de maio de 1865.

A partir da 1ª quinzena de fevereiro de 1864, Auguste Bez começa a dirigir, juntamente com Émile Sabò e Chapelot, a La Ruche. O anúncio foi feito na mesma La Ruche pelo seu fundador, o Sr. Émilie Sabò:

“Nossos assinantes estão prevenidos de que, a partir de agora, os Senhores Chapelot e Bez tomarão conosco a direção de La Ruche [A colmeia].

“Acreditamos dever adotar esta medida, a fim de dar, se é possível, mais atenção à tarefa que nos incumbe. Os trabalhos sempre crescentes do Espiritismo necessitam desta decisão; sozinho, não podíamos ser suficientes. Com a ajuda destes dois irmãos, que já deram tantas provas de devotamento e de zelo para a propagação da santa verdade do Espiritismo, tudo caminhará, nós o esperamos, com mais harmonia e regularidade.

“Os Senhores Bez e Chapelot, estamos felizes por dizê-lo, (...) merecem a simpatia fraterna de todos os nossos leitores, que nos felicitarão de nos termos associado a colaboradores tão simpáticos à nossa pessoa, e tão devotados à causa que defendemos” (Nº 17, p. 273).

Ainda corre o ano de 1864 e Auguste Bez, assoberbado de tarefas familiares, profissionais e espíritas, pede licença a seus dois companheiros da La Ruche, Srs. Sabò e Chapelot, para se desligar da direção dele, e se dedicar exclusivamente à direção do seu novo jornal La Voix. É bom que se diga que seu desligamento foi, além de permitido, compreendido, permanecendo a amizade salutar de espíritos afins. Chapelot observa:

“Este segundo ano viu afastar-se de La Ruche nosso colega e amigo, o Sr. Bez, atual diretor de la Voix d’Outre-Tombe” (La ruche, 2º ano, nº 24, 2ª quinzena de maio de 1865, p. 369).

Chegamos ao ano de 1865. Ano de novidades e revelações. Nele, Auguste Bez mais se destacará, assumindo uma liderança espontânea no Movimento Espírita de Bordeaux.

Em maio, a tarefa reclamada é a da União. J. Chapelot é quem primeiro anuncia (La Ruche, 2º ano, nª 24, 2ª quinzena de maio, 1865, pp. 369-70):

“Com o presente número, acaba o segundo ano de la Ruche Spirite Bordelaise.

Começada sob a direção de três Espíritas devotados e sinceramente convictos, este segundo ano viu afastar-se de La Ruche, primeiro, nosso colega e amigo, o Sr. Bez, atual diretor de La Voix d’Outre-Tombe; depois, nosso irmão o Sr. Sabò, que suas novas funções de secretário particular do Sr. Allan Kardec chamaram a Paris. Nós nos encontramos, então, sozinho para sustentar a carga muito pesada da direção de uma revista espírita, e isto, no meio de ocupações pessoais, cujo número e importância bastariam para absorver todo o nosso tempo. Além disso, é só ao preço de grandes esforços e de imensos sacrifícios que pudemos chegar ao fim do segundo ano; e, por que não o diríamos?, acreditamos que, apesar de tantas dificuldades, a redação de La Ruche não se ressentiu nem um pouco de nosso isolamento.

Por outro lado, muitos de nossos leitores nos pedem com insistência uma modificação que, ao invés de o diminuir, teria dobrado nosso trabalho: eles desejariam que La Ruche se tornasse hebdomadário.

Por nós mesmos, ser-nos-ia radicalmente impossível corresponder aos seus desejos; e devemos procurar o meio de remediar este deplorável estado de coisas.

Estamos felizes de anunciar aos nossos leitores que tantos interesses tão diversos puderam ser conciliados pela fusão dos três jornais espíritas de Bordeaux.

O novo jornal, que toma o título de L’Union Spirite Bordelaise, aparecerá, a partir de 1º de junho, quatro vezes por mês, em fascículos de 24 páginas (uma folha grande in-12), sob a direção do Sr. Auguste Bez. Formará, assim, a cada três meses, um magnífico volume de cerca de 300 páginas, com índice e capa especial; ou seja, quatro belos volumes por ano.

Nosso desejo era conservar no novo jornal, ao qual nós e todos os nossos colaboradores continuaremos sempre a trazer o fruto de nossos trabalhos e de nossa experiência, o aspecto barato indispensável para que ele esteja ao alcance de todos, e de acordo com o novo diretor (...).

Persuadimo-nos de que as numerosas simpatias de que La Ruche Spirite Bordelaise sempre se cercou dignar-se-ão a se transportar para L’UNION SPIRITE BORDELAISE. Nossos leitores, além disso, puderam apreciar bastante por si mesmos o zelo e as capacidades do Sr. Bez, para que seja inútil de lhes dizer quanto confiamos em sua direção ativa e devotada, em sua moderação, e também na firmeza de sua linguagem, para fazer de L’Union Spirite Bordelaise uma das publicações das mais sérias e das mais variadas, ao mesmo tempo que, por seu formato e sua periodicidade freqüente, ela será a mais volumosa das publicações Espíritas.

Lefraise, o diretor do Sauveur des Peuples (2º ano, nº 15, de 14 de maio de 1865, p. 1), que também convocou a União dos periódicos bordelenses, acrescenta:

No interesse da propagação do Espiritismo, pareceu conveniente aos Diretores dos três jornais espíritas publicados em Bordeaux de não disseminar suas forças multiplicando suas despesas.

É com esse objetivo que uma convenção interveio entre os Diretores de La Ruche Spirite Bordelaise, do Sauveur des Peuples e de La Voix d’Outre-Tombe, para reunir numa só as três publicações sob o título: L’UNION SPIRITE BORDELAISE.

Em conseqüência, a partir de 1º de junho próximo, os Srs. assinantes de todo o segundo ano do Sauveur des Peuples receberão, em troca, durante quatro meses (isto é, até o dia 1º de outubro próximo) L’Union Spirite Bordelaise, cujo preço está fixado em 12 francos por ano.

O novo jornal aparecerá quatro vezes por mês, sob a forma de brochura, por fascículos de 24 páginas, com capa impressa, formando a cada três meses um belo volume.

O Sr. Auguste Bez será seu diretor-gerente.

Pensamos, por essa combinação, satisfazer de maneira justa os compromissos tomados por Le Sauveur des Peuples diante de seus assinantes que, temos a esperança, quererão receber bem o Diretor do novo jornal com a mesma benevolência que nos concederam. Que eles queiram bem a esse respeito receber aqui o testemunho de nosso reconhecimento”.

Jorge Damas Martins e Stenio Monteiro de Barros - Jean Baptiste Roustaing Apóstolo do Espiritismo

03 - Notas Bibliográficas:

União Espírita Bordelense

A cidade de Bordeaux na França contava quatro publicações espíritas periódicas: La Ruche, Le Sauveur des Peuples, La Lumière e la Voix d’Outre-tombe. Como La Lumièree e Le Sauveur des Peuples, estavam sob a mesma direção, na realidade havia apenas três, que acabam de fundir-se numa única publicação, sob o título de L’Union Spirite Bordelaise e sob a direção do Sr. M. Auguste Bez, diretor da Voix d’Outre-tombe.

Cumprimentamos esses senhores pela medida que adotaram e que os nossos adversários se equivocariam se a tomassem como indício de decadência da doutrina. Fatos muito mais concludentes aí estão para provar o contrário.

Os materiais do Espiritismo, embora muito numerosos, rolam num círculo mais ou menos uniforme; daí a falta de variedade suficiente e, para o leitor que os queria receber a todos, uma carga muito onerosa, sem compensação.

A nova folha bordelense só poderá ganhar com esta fusão, em todos os pontos de vista, e fazemos votos por sua prosperidade. Lemos com prazer, nos primeiros números, uma ótima refutação aos artigos do Sr. Fumeauxs obre a iniqüidade e os flagelos do Espiritismo, bem como um interessantíssimo relato de uma nova cura em Marmande.

Allan Kardec

Revista Espírita de Julho de 1865

Sociedade Espírita de Bordeaux

Médium: Sr. Aug. BEZ.

Grupo B...

 

A FÉ, A ESPERANÇA E A CARIDADE

 

A Fé, a Esperança e a Caridade são as três bases sobre as quais devem todos vocês apoiar-se para chegar ao Céu, sua pátria, nossa pátria, de todos.

Pela Fé, sabemos que essa felicidade eterna e sem nome nos está reservada.

Pela Esperança, experimentamos o avanço em nossos corações, os efeitos benéficos e salutares, cuja doce influência nos ajuda a atravessar com calma as mais rudes provas da vida.

Pela Caridade, trabalhamos em nosso melhoramento, melhorando a sorte de nossos irmãos que sofrem, de todos os nossos irmãos, porque todos sofrem, todos são infelizes, todos se sujeitam às provas. Uns, as da riqueza, outros, as da pobreza; uns, as da doença que os abate, outros, as da saúde da qual abusam; todos, qualquer que seja sua posição social, estão submetidos às provas que devemos procurar aliviar não só por nossas instruções, mas também por nossos pensamentos e nossas preces, mais ainda que por nossa cooperação material.

Com Fé, Esperança e Caridade nada é impossível ao homem. Conduzido ligeiramente por suas asas azuis, ele se lança radioso em direção à eternidade bem-aventurada onde o esperam os Espíritos já chegados ao termo de seu curso.

Sem elas, ai de mim!, nada lhes cabe em partilha, nada a não ser a miséria, o remorso e o desespero.
Oh! meus bons amigos, peçam a Deus que lhes permita adquirir essas três virtudes que se resumem numa só: a Caridade, e lembrem-se, repito-o mais uma vez, que, sem ela, não há salvação.

Bonifas-Larroque

(Ano de 1864, Cidade de Bordeaux, França)

La Ruche, nº 15, 1ª quinzena de janeiro de 1864

Sociedade Espírita de Bordeaux

Médium, Sr. A. BEZ.

Grupo Roux

 

CORAGEM

 

A dúvida e o desânimo, vindo depois da fé e da convicção, provam que essa fé não era sólida e que essa convicção era mais aparente do que real, já que o menor sopro a faz desaparecer, como um furacão que passa faz desaparecer as folhas em novembro.

Muitos corações buscando a verdade e não a encontrando abraçaram o Espiritismo com um ardor irrefletido. Viram brilhar a luz e se lançaram nos braços desta doutrina que lhes pareceu tão bela, tão tocante, tão em harmonia com as necessidades de suas almas. Mas eles só se prenderam a ela pelos brilhos exteriores; não compreenderam dela os deveres imperiosos e difíceis de cumprir. Espíritas de nome, eles se deixaram levar à deriva logo que suas paixões reclamaram contra as flagelações sem rodeios dos Espíritos.

Em seu orgulho, ou, antes, em sua irreflexão, eles acreditavam submeter às suas ordens os seres invisíveis; às vezes estes se prestaram aos seus caprichos, e quiseram ainda submetê-los por mais tempo, mas logo reconheceram que não estamos às suas ordens, que, como eles, temos nosso livre-arbítrio e que, muitas vezes, nos recusamos a nos comunicar com aqueles que não o merecem, que deixamos de dar instruções àqueles que não as ponham em prática.

E por que seríamos nós sempre seus humildes servidores? Por que lançar a semente divina sobre os calhaus onde ela não pode germinar? Por que lançar sob os pés dos porcos as pérolas preciosas que Deus nos encarregou de levar sobre a terra para ornamento dos Espíritos escolhidos?

Nossa missão é grande, porque as necessidades da humanidade são grandes e urgentes; o momento da separação dos bons e dos maus chega, aproxima-se a grandes passos e nada temos que fazer com esses que fecham seus ouvidos e seus corações e não querem nos escutar.

Muitos ainda não ouviram a voz celeste que exclama: Coragem, filhos dos homens, levantai a cabeça e que a esperança renasça em vossos corações, porque eis aqui a boa nova: Deus não quer a morte do pecador, mas a sua conversão e sua vida. Não quero a morte do pecador, diz o Senhor pela boca de seu profeta Ezequiel, mas eu o perseguirei eternamente até que ele se converta e caminhe na senda reta.

Essa exclamação divina, que faz desaparecer o Deus inflexível, para só mostrar ao pecador o Pai sempre terno, sempre bom, sempre pronto a perdoar, só punindo com pesar a fim de não enganar sua infinita justiça; essa exclamação divina que os Espíritos, tantas vezes, fizeram ouvir na terra, tão bem, os homens a esqueceram, e Deus, cuja misericórdia nunca se fatiga, nos enviou para ainda o conduzir desde os quatro cantos dos céus.

Ó homens que escutais essa voz bendita, não endurecei vossos corações e não tapai vossos ouvidos, porque o momento supremo está vindo. Nesse apelo poderoso, levantai-vos com ardor, sacudi o torpor que entorpece vossos membros, retomai vosso bastão de viagem e recomeçai vossa marcha pela rota do progresso que conduz à perfeição, isto é, à eternidade bem-aventurada.

Muito bem! Desde muito tempo ficastes estacionários, desde muito tempo vos detivestes, preferindo as miseráveis e pérfidas flores que as paixões humanas semeiam sob os passos do homem carnal, na senda plena dos escolhos, dos óbices e dos espinhos que é necessário seguir para chegar a Deus. Mas, se essas flores encantam um instante, o prazer que elas causam é bem efêmero, e não tardareis em reconhecer que elas ocultavam aos vossos olhos um precipício horroroso do qual é preciso sair quando nele se caiu e cujas bordas eriçaram pontas agudas que dilaceram vossa alma e vosso corpo.

Coragem, então, marchai adiante, sempre adiante e subi para os Céus. E vós, pobres cegos, que vos deixastes arrastar pela dúvida e aos quais a coragem fez falta, escutai nossa voz amiga; vinde a nós, nós vos estendemos os braços e queremos vos tomar pela mão para vos ajudar a subir com esforço a senda penosa.

Ainda um esforço e tereis recuperado o caminho que abandonastes. Coragem, então, irmãos, coragem; levantai vossos olhares para os Céus; a nuvem que, um instante, os tinha ocultado à vossa vista, dissipou-se, e a estrela que ilumina o caminho aí reaparece mais bela e mais brilhante que nunca.

Bonifas-Larroque

(Ano de 1864, Cidade de Bordeaux, França)

La Ruche (2ª quinzena de junho, pp. 25-6)

 

A administração da Société Spirite de Bordeaux e da La Ruche Spirite Bordelaise  estavam localizados na rue Vergniaud, 25.

Fontes: Encyclopédie Spirite (Revue Spirites)

 Fontes: Allan Kardec On Line (Biblioteca Espírita Virtual) (Materiais Espíritas Raros)

“Nós escrevemos em nossa bandeira dos espíritas de Bordeaux esta dupla afirmação: Fora da caridade não há salvação; Fora da caridade não há verdadeiro espírita."

Émile Sabò "La Ruche Bordelaise, nª 1, 01 Quinzaine de junho de 1863"

"Encontramos em Bordeaux numerosos e excelentes médiuns em todas as classes, de todos os sexos e idades. Muitos escrevem com grande facilidade e obtêm comunicações de elevado alcance, o que, aliás, os Espíritos nos haviam prevenido antes de nossa partida."

Allan Kardec - Revista Espírita de novembro de 1861

 

RELAÇÃO DE OBRAS PARA DOWNLOAD

 

La Ruche Spirite - Société Spirite de Bordeaux (1863 - 1864) (Fr.)
 

La Ruche Spirite - Société Spirite de Bordeaux (1864 - 1865) (Fr.)

 

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