CANUTO ABREU

BEZERRA DE MENEZES

 

O Desencarne Bezerra de Menezes

Publicado em O Paiz de 12 de abril de 1900

Apresentação da obra:

Este livro representa a condensação de uma série de artigos escritos pelo emérito Dr. Silvino Canuto Abreu e publicados na revista Metapsíquica, na década de 1930.

No ano de 1950, por ocasião da realização do II Congresso Espírita do Estado de São Paulo, a FEESP publicou-o em forma de opúsculo, dada a relevância dos assuntos nele focalizados e com o objetivo de legar à posteridade um relato histórico do que aconteceu no Brasil, em matéria de Espiritismo, desde os seus primórdios até o ano de 1895.

Aquela edição esgotou-se rapidamente por ocasião da realização do aludido Congresso, deixando nos meios espíritas, que se ressente da falta de subsídios históricos, uma imensa lacuna que procuraremos preencher agora com a publicação desta nova edição.

As Edições FEESP, decorridos trinta anos do lançamento da edição anterior, e quarenta e cinco da publicação desse material nas colunas da famosa revista Metapsíquica, publica esta nova edição, aproveitando o ensejo para também divulgar ligeiros traços biográficos da figura exponencial do Dr. Silvino Canuto Abreu, desencarnado em 2 de maio de 1980.

Esperamos que esta publicação venha ensejar, às novas gerações, o conhecimento de alguns episódios interessantes que fazem parte integrante da História do Espiritismo, em nosso país.

O objetivo da FEESP em lançar esta nova edição foi o fato de se comemorar, em 1981, o transcurso do 150° aniversário de nascimento do grande apóstolo do Espiritismo brasileiro, Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, missionário que deu tudo de si para unir os vários grupos espíritas que viviam esparsos no século passado.

Ao manusear a obra, o leitor estranhará o emprego de termos como kardecistas, místicos, espíritas puros, rustainistas, científicos, swedenborgistas e outros; entretanto, esse era o panorama existente nos últimos anos do século XIX, e não poderemos jamais falsear a História.

Na realidade, no século passado muitos espíritas eram de parecer que se deveria estudar apenas O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, devendo a Doutrina ser encarada apenas como ciência; outros eram de parecer que o Espiritismo deveria ser filosófico e religioso. Denominava-se Doutrina Espírita apenas ao que constava de O Livro dos Espíritos; os estudiosos dos demais livros de Kardec, se chamavam Kardecistas. Chegou-se a criar um chamado Espiritismo Puro, eqüidistante de "científico" e "místicos". Além destes existia ainda um grupo que se dedicava com afinco ao estudo das obras de J.B. Roustaing.

O quadro era realmente desalentador e representava verdadeira dispersão. Esse panorama perdurou até quando surgiu no cenário espírita a figura apostólica do Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, Espírito moderado e pacificador, que, assumindo a presidência da Federação Espírita Brasileira, conseguiu reduzir as proporções da dispersão generalizada, até então prevalecente.

Se ele não conseguiu equacionar os gigantescos problemas com que deparou, pelo menos evitou que eles alcançassem maior amplitude, o que fez até o início do ano 1900, quando adoeceu, vindo a desencarnar no dia 11 de abril desse mesmo ano. Bezerra deixou um movimento espírita com linhas bem mais definidas e com horizontes bem mais desanuviados.

Como se pode evidenciar na obra, nem as importantes instruções, recebidas do Espírito Allan Kardec, pelo famoso médium Frederico Júnior, as quais mereceram a aceitação plena de Bezerra de Menezes, conseguiram fazer silenciar as discórdias.

No dealbar do século XX, não estando entre nós, em suas vestes carnais, nem Bittencourt Sampaio, nem Bezerra de Menezes, nem por isso eles deixaram de influenciar, como Espíritos, os que estavam à frente do movimento espírita, no sentido de silenciarem as divergências, dirimirem as dúvidas e eliminarem as rivalidades. A história registra que, assumindo a presidência da Federação Espírita Brasileira e permanecendo nesse cargo durante 14 anos, o grande Leopoldo Cirne ensejou uma significativa estabilidade no movimento espírita, sem que isso significasse a tão almejada pacificação.

Nessa altura dos acontecimentos, o Espiritismo já estava alastrando suas raízes pelos Estados brasileiros. Várias entidades de âmbito estadual foram criadas, surgindo grandes vanguardeiros em numerosas cidades brasileiras.

O trabalho incomparável desses homens representou um verdadeiro embate de pigmeus contra gigantes, mas eles, com suor e lágrimas, conseguiram implantar a bandeira do Espiritismo em terreno até então árido, fato que contribuiu, de forma decisiva, para que a Doutrina dos Espíritos se firmasse como um dos grandes movimentos de renovação espiritual do mundo contemporâneo, com maior amplitude no Brasil — coração do mundo e pátria do Evangelho.

No Estado de São Paulo, pioneiros espíritas da estirpe de Batuíra, Anália Franco e Cairbar Schutel já no início do presente século atuavam no campo da divulgação doutrinária. Eurípedes Barsanulfo, em Minas Gerais; José Petitinga, na Bahia; e o Major Viana de Carvalho, percorrendo vários Estados brasileiros, fundando federações e centros espíritas, representavam um grandioso esforço para que a Doutrina dos Espíritos se consolidasse de forma definitiva, sem enumerar outros tantos valorosos seareiros que surgiam simultaneamente em todos os quadrantes do Brasil.

Tudo isso fez com que se transformasse radicalmente o panorama espírita brasileiro. A conceituação espírita de Ciência, Filosofia e Religião passou a ser consagrada pela imensa maioria dos seguidores da Doutrina. A Codificação Kardequiana passou a ocupar o lugar grandioso que lhe estava reservado desde 18 de abril de 1857, tornando-se paradigma, se não para todos, pelo menos para a esmagadora maioria dos espíritas.

Como decorrência, já se eclipsou na voragem dos tempos a época em que imperava, nos meios espíritas, o personalismo e as dissensões. Hoje o movimento espírita está muito mais coeso, já representa poderosa força propulsora e, como afirmou Monteiro Lobato, "já não é mais o pequenino riacho, mas tem tudo da onda que rola."

Doutrina Espírita é sinônimo de Espiritismo. A sua estrutura não comporta qualquer outro gênero de ramificação. A Doutrina dos Espíritos, ou Terceira Revelação, foi codificada por Allan Kardec, tem estrutura própria e contornos definidos, jamais podendo ser confundida com movimentos paralelos ou seitas divorciadas daquilo que o emérito mestre francês estruturou nas obras fundamentais do Espiritismo, e que representa a súmula de tudo aquilo que o Espírito de Verdade, prometido por Jesus Cristo, veio revelar à Humanidade sofredora.

Paulo Alves Godoy

Fontes: CSI Espiritismo (Documentos Históricos do Espiritismo)

Fontes: RetroNews (Presse de la BNF) (Journal Spiritisme) (Revue Spirite)

"É indispensável manter o Espiritismo, qual foi entregue pelos Mensageiros Divinos a Allan Kardec, sem compromissos políticos, sem profissionalismo religioso, sem personalismos deprimentes, sem pruridos de conquista a poderes terrestres transitórios"

 

(Mensagem "Unificação", psicografia de Francisco Cândido Xavier - Reformador, agosto 2001)

 

Bezerra de Menezes "O Médico dos Pobres"

 

 

 

RELAÇÃO DE OBRAS PARA DOWNLOAD

 

 

 

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