ERNESTO BOZZANO

FENÔMENOS DE BILOCAÇÃO/DESDOBRAMENTO

 

Bilocação [do latim bi + locare+ -ção] - Outra denominação para o mesmo fenômeno da bicorporeidade.

Bicorporeidade [do latim bis + corporalitate] - Variação das manifestações visuais, quando o indivíduo se mostra simultaneamente em dois lugares diferentes. No primeiro lugar, com o corpo físico animado organicamente, em estado de êxtase; no segundo, com o perispírito.

 

TRADUTOR Carlos Imbassahy

 

Ernesto Bozzano - Dei fenomeni di "bilocazione"

Tipografia Dante, Città della Pieve

Roma (1934)

Sinopse da obra:

O termo “bilocação” é utilizado para denominar o fenômeno supranormal em que um mesmo indivíduo aparece simultaneamente em dois lugares distintos. Na realidade, o que ocorre nesse fenômeno é a separação temporária, nos seres encarnados, entre o espírito e o seu corpo físico.

Nesta obra Ernesto Bozzano expõe, classifica e comenta os vários tipos de fenômenos de bilocação. O autor demonstra que o ser humano possui um corpo etéreo que pode, em certas circunstâncias, afastar-se do corpo físico e retornar após realizar alguma tarefa ou apenas ter feito um pequeno passeio.

O autor procura demonstrar que o fenômeno de bilocação é um dos mais propícios a evidenciar a independência da alma em relação ao corpo físico. Provado que o Espírito não está definitivamente preso ao organismo, fácil é compreender que esse espírito possa, no final da vida, desligar-se para sempre do seu envoltório carnal, para continuar a viver fora dele, nessa fase intérmina da existência, a que chamamos morte, mas que, na verdade, é simplesmente a continuação da vida e da evolução infinitas.

Introdução da obra:

Os fenômenos de bilocação têm uma importância decisiva para a demonstração experimental da existência e da sobrevivência do espírito humano. E isto porque provam que existe no “corpo somático” um “corpo etéreo” que, em raras circunstâncias de minoração vital – sono ordinário, hipnótico, mediúnico, êxtase, desmaio, efeitos narcóticos, coma – é capaz de se afastar temporariamente do “corpo somático” durante a existência terrestre.

Daí a conclusão lógica de que, se o “corpo etéreo” ou “perispírito” é capaz de se afastar temporariamente do “corpo somático”, levando consigo, freqüentemente, a consciência individual, a memória integral e as suas propriedades sensoriais, dever-se-ia reconhecer então que, quando dele se separa, definitivamente, pelo processo da morte, o espírito individual (exatamente: individualizado) continuará a existir em condições de ambiente apropriado, o que equivale a admitir que a existência de um “corpo etéreo” em um “corpo somático” e, conseqüentemente, de um “corpo etéreo”, demonstra que a sede da consciência e da inteligência é o “corpo etéreo”, o qual constitui o invólucro supremo, imaterial, do espírito desencarnado.

De vinte anos para cá, muitos metapsiquistas bem conhecidos se ocuparam, de modo especial, dos fenômenos de “bilocação”, consagrando monografias e volumes a esta importante questão. Recordo apenas três obras notáveis publicadas na França: uma devida a Gabriel Delanne, outra a Henri Durville e a terceira ao Coronel de Rochas. Na Itália, o Prof. Lombroso lhe dedicou um capítulo em seu livro; na Alemanha o Dr. E. Mattiesen lhe consagrou recentemente longa monografia na qual tratou do árduo problema de modo magistral.

De minha parte, já em 1910 publiquei longa monografia intitulada Considerações e hipóteses sobre os fenômenos de bilocação (Luce e Ombra, 1911), mas os fatos desta natureza depois continuaram a se avolumar em tão grande número que hoje encontro à minha disposição importante material bruto capaz de levar a conclusões de ordem geral, precisas e seguras, extraídas do valor cumulativo dos referidos documentos.

Segue-se que, se, em minha primeira monografia, eu concluí declarando, prudentemente, que as provas cumulativas dos fatos por mim relatados ainda não pareciam suficientes para lhes conferir valor científico, hoje, pelo contrário, diante da imponente quantidade de novos casos recolhidos e classificados, considero chegado o momento de me pronunciar sobre o problema de modo explícito e afirmativo.

Assim sendo, volto a desenvolver o mesmo tema, retocando completamente a minha primeira monografia, duplicando-lhe o volume. Terei, todavia, o cuidado de citar pouco dos fatos extraídos das obras supracitadas e isto porque a documentação que ajuntei é tão copiosa que serei forçado a utilizar-me de pequena parte dos casos já narrados.

Parece-me, pois, acertado renunciar a fatos já levados ao conhecimento público, por mais interessantes e demonstrativos que sejam para a teoria que sustento. Por outro lado, proponho-me adotar um plano esquemático próprio, a fim de evitar o risco de cair no encadeamento de idéias que me podem impedir de formular, com clareza, o resultado de minhas investigações pessoais.

Indico, assim, a todos os que tenham a intenção de aprofundar depois o assunto, as obras de Delanne, de Rochas e Lombroso.

Do ponto de vista do plano esquemático da presente classificação, observo que os fenômenos de “bilocação” (termo usado pelos teólogos e que sintetiza as manifestações multiformes ditas de “desdobramento fluídico”, correspondente às outras expressões de “corpo etéreo”, “corpo astral”, “perispírito”) podem subdividir-se em quatro categorias, apresentando uma importância teórica diversa:

• na primeira inscrevem-se os casos de “sensação de integridade” nos amputados e de “desdobramento” nos hemiplégicos, casos teoricamente muito mais importantes do que geralmente se supõe;

• na segunda categoria enquadram-se os casos em que o sujet percebe o seu próprio fantasma, mas conservando sua plena consciência;

• na terceira, os casos em que a consciência se acha transferida ao fantasma exteriorizado;

• enfim, na última, os casos em que o “duplo” de um vivo ou de um morto só é percebido por terceiros.

Do ponto de vista psicológico, convém notar que os fenômenos de “bilocação” apresentam esta característica altamente sugestiva de sua perfeita uniformidade substancial de exteriorização a despeito das modalidades diversas e numerosas que assumem segundo as circunstâncias, uniformidade substancial que persiste, invariável, em todos os tempos, em todos os lugares, em todas as raças (inclusive os povos selvagens), de modo a tornar-se como o centro de convergência da demonstração de sua existência positivamente objetiva.

Ainda se pode observar que eles são tão numerosos que não bastaria um grande volume para conter todos os fenômenos que colecionei.

Em parte isto provém do fato – ele mesmo altamente sugestivo – de que, de um lado, o seu campo se estende até formar o substrato necessário de quase toda a fenomenologia mediúnica de efeitos físicos, inclusive os fenômenos de materialização (pelos quais a existência dos fatos deveria ser reconhecida também pelos adversários da hipótese espírita) e que, de outro lado, eles vão até se infiltrarem, em grande número, nos casos até aqui considerados como de origem telepática.

No desenvolvimento da presente classificação, limitar-me-ei a expor um número suficiente de casos típicos que analisarei e comentarei resumidamente, reservando-me para formular considerações de ordem geral no capítulo das conclusões.

Ernesto Bozzano

Comentário do site:

O termo Bilocação/Desdobramento pode ser definido como a presença simultânea de uma pessoa em dois lugares diferentes.

Este é um assunto excitante e está mesclado com diferentes crenças dogmáticas e inúmeras abordagens místicas. O tema é citado noutras religiões sob diversas terminologias como: “desdobramento astral”, “exteriorização ou emancipação da alma” etc.

Será possível o espírito de uma pessoa desdobrar-se do corpo e percorrer distâncias continentais com a velocidade do pensamento e mostrar-se para pessoas afins nos mais diversos e longínquos lugares?

Sob o contexto materialista a possibilidade da existência do ser espiritual é ilusória e o fenômeno não vai além alucinação sem fundamento lógico.

Na concepção católica a Bilocação/Desdobramento é possível, porém catalogada nos rol dos milagres que Deus consentiu a alguns “Santos” a fim de confirmar o Seu poder e a Sua glória, tal como sucedeu com “São Francisco Xavier”.

O fenômeno foi bastante documentado com “Santo Antônio de Pádua” que estando celebrando uma missa na Itália apareceu “materializado” em Coimbra (Portugal) a fim de defender seu pai num processo criminal.

Em 1774 ocorreu o fenômeno de bilocação com “Santo Afonso de Ligório”, que preparando-se para celebrar uma missa, entrou em transe e apareceu ao lado de Clemente XIV, quando ele jazia moribundo no seu leito de morte.

O Espiritismo revoga os milagres e avança com as explicações científicas das leis naturais, afastando toda ideia do sobrenatural. Na questão 92 do Livro dos Espíritos, Kardec tratando do tema indagou aos Benfeitores: “Têm os Espíritos o dom da ubiqüidade? Por outras palavras: um Espírito pode dividir-se, ou existir em muitos pontos ao mesmo tempo?”

Os Espíritos elucidaram: “Não pode haver divisão de um mesmo Espírito; mas, cada um é um centro que irradia para diversos lados. Isso é que faz parecer estar um Espírito em muitos lugares ao mesmo tempo. Vês o Sol? É um somente. No entanto, irradia em todos os sentidos e leva muito longe os seus raios. Contudo, não se divide.”

Portanto, a Bilocação/Desdobramento pode ocorrer com qualquer pessoa sem necessariamente ter um título de santidade e pode acontecer sob várias formas:

O desdobramento trata-se do processo de afastamento parcial do perispírito do corpo físico. Durante o processo o perispírito permanece ligado ao corpo por uma espécie de cordão fluídico. É importante observar que não é um desligamento total, visto que se ocorrer o desligamento total o corpo biológico morre.

É um estado de parcial liberdade perispiritual, análogo ao sono, em que podemos agir semelhantemente a um desencarnado, podendo nos afastar a distâncias consideráveis de nosso corpo físico.

Nesses transes as faculdades psíquicas são extremamente ampliadas. Os portadores desta faculdade têm sonhos vívidos, coerentes e nítidos em que assistem a cenas que, mais tarde, descobrem terem sido fatos reais ocorridos noutros lugares.

Irmãos W. e Jorge Hessen

Fontes: Revista Espírita Bezerra de Menezes (Ernesto Bozzano - Fenômenos de Bilocação/Desdobramento) (Audiobook Grátis)

Fontes: Biblioteca Espírita - O Consolador

Fontes: Instituto de Pesquisas Espíritas Allan Kardec (IPEAK)

"A primeira frase do livro Ave, Cristo!, de Emmanuel, diz assim: “Quase duzentos anos de Cristianismo começavam a modificar a paisagem do mundo”. Os relatos de Emmanuel, nesse livro, referem-se a acontecimentos verificados entre o fim do segundo e início do terceiro século da nossa era. O Cristianismo era ainda uma idéia nova, uma doutrina nascente, um movimento que se espalhava de maneira obscura e marginal entre as grandes correntes do pensamento greco-romano e os esplendores do império.

Prosseguindo, diz Emmanuel: “Se na organização terrestre a Humanidade se desdobrava em movimentação intensa, no trabalho da transformação ideológica, o serviço nos planos superiores atingia culminâncias”. Vemos, então, que havia um intenso trabalho conjugado, entre o plano espiritual e o terreno, para a transformação do mundo.

Essa transformação teria de ser fundamentalmente ideológica, pois era preciso, antes de tudo, transformar a mente do homem, dar-lhe uma nova orientação, para que, depois, o meio social e cultural se transformassem.

Por mais dois séculos, ainda, o Cristianismo teria de continuar o seu trabalho subterrâneo, de que as catacumbas romanas são o símbolo mais perfeito, para que os seus princípios conseguissem minar a poderosa estrutura do império, abrindo perspectivas sobre uma nova era.

Afinal, no início do século quarto, os princípios cristãos já haviam rompido de tal maneira essa estrutura, à semelhança das plantas que rompem os muros e as paredes de pedras, que as forças remanescentes do império resolveram adotá-los como ideologia oficial. É nesse momento que aparece a figura do imperador Constantino, iniciando-se com ele a oficialização e, ao mesmo tempo, a deturpação do Cristianismo".

Herculano Pires "O Mistério do Bem e do Mal"

 

RELAÇÃO DE OBRAS PARA DOWNLOAD

 

Allan Kardec - O Livro dos Médiuns (Obra de Allan Kardec - "O Livro dos Médiuns" - Parte II - Manifestações Espíritas - Da Bicorporeidade e da Transfiguração - Cap. VII)

 

Ernesto Bozzano - Fenômenos de Bilocação/Desdobramento PDF

 

Ernesto Bozzano - Dei fenomeni di bilocazione (1934) (Ital.)