GASTON LUCE

O ESPIRITUALISMO E OS NOVOS TEMPOS

 

Original em Francês, de 1946:

GASTON LUCE

LE SPIRITUALISME ET LES TEMPS NOUVEAUX

 

OBRA RARA TRADUZIDA

 

Tradução: Fabiana Rangel

Prefácio: Jorge Hessen

Revisão: Irmãos W. e Jorge Hessen

Formatação: Ery Lopes

Compilação: Charles Kempf (Presidente da Federação Espírita Francesa)

 

Distribuição gratuita:

Versão digitalizada:

© 2019

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Autores Espíritas Clássicos

Prefácio da obra:

Em “O espiritualismo e os novos tempos”, Gaston Luce palmilhou por narrações de eventos sintetizados e bem organizadas no corpo da obra. Em verdade, nos lastros dos seus artigos publicados através de La Revue Spirite, comprova ser uma pessoa de convicção robusta, alma de crente, de filósofo, de poeta, de sábio e de escritor, ou, melhor dizendo, demonstra ter uma bondade aliada a muita dignidade, simplicidade, modéstia. E como se não bastasse conviveu na magnífica companhia de Léon Denis, seu amigo.

Constituiria a imortalidade numa questão sem importância? Foi buscar resposta no “Diálogo do Fédon”, de Platão transcrevendo o trecho: “Se é muito difícil saber toda a verdade nesta vida eu estou convencido de que não examinar muito exatamente aquilo que se diz e se abater antes de ter empreendido todos os seus esforços, é a ação de um homem mole e preguiçoso, pois é preciso, de duas coisas, uma: ou aprender dos outros aquilo que se é, ou descobrir por si mesmo”.

Na constituição do homem nota que o corpo físico não é o homem inteiro e através dele nós não sabemos nada sobre o interior do homem. E novamente recorrendo a Platão, ressalta que há em nós uma alma razoável, uma alma emotiva e uma alma vegetativa que ele situa respectivamente na cabeça, no peito e no ventre.

A cada um corresponderia o instinto, o sentimento e a razão. Gaston Luce coloca que em nosso vir a ser, considerando que se compenetrem estreitamente, os dois corpos, o físico e o espiritual, são, por sua natureza, estranhos um ao outro. Que o laço vital que os une seja rompido, que o cinzel do Parque venha cortar o fio, que o cordão de prata se rompa, e o homem-espírito retorne a seu lugar de origem; e é a morte do corpo material dada aos elementos que o compõem.

Gaston reafirma que os dois estados da existência: vida terrestre e vida supraterrestre, não são estranhos um ao outro porquanto tenham um laço comum, que é o corpo espiritual. Encontre esse corpo alguma independência e alguma agilidade, e logo ele manifesta seus poderes. Resulta momentaneamente uma extensão de faculdades do espírito que se traduzem pelo profetismo, ou como se diz agora, a mediunidade.

Até porque o espírito humano tem duas faculdades mestras: razão e intuição. Elas deveriam agir em conjunto, mas seria preciso que o acordo fosse perfeito. O homem não é apenas um enigma, mas um lugar de contradições.

Do grande movimento de ideias no qual tomou lugar o espiritismo, busca-se em vão na história algum outro que possa ser comparado a ele. Sua repercussão no domínio religioso e no domínio científico foi e permanece considerável.

Para Gaston os fatos que a metapsíquica estuda não variam em nada e são limitados em sua quantidade. Não se pode forçá-los nem os renovar segundo a vontade dos experimentadores, o que resfria sua atenção. “O espiritismo será científico ou ele não será” Essa frase de Allan Kardec, muito frequentemente citada, não parece ter sido sempre bem compreendida.

Opina que aqueles que, a partir daí, julgaram necessário encerrar o espiritismo no estreito quadro da experimentação científica, estavam enganados e entenderam mal o pensamento do Codificador. O desejo de reproduzir os fatos, de acumular as provas, levou muitos médiuns e experimentadores imprudentes a um fundo de aparências, onde a mente frequentemente tropeça e não consegue mais se reencontrar. Não poderia advir nenhum bem real daí mas havia nisso mais que um obstáculo, onde o menor foi o descrédito.

Gaston admite que o objetivo do espiritismo nunca mudou. Apesar de algumas divergências de método, ele se desenvolveu segundo as diretrizes dadas por Allan Kardec. No mais, elencou as principais características da doutrina, tal como as encontradas formuladas na introdução do O Evangelho Segundo o Espiritismo, que a rigor não perderam nada de sua atualidade.

Na terceira parte da obra é aborda a questão do espiritualismo e a religião, demonstrando que o espiritualismo observa uma atitude fundamentalmente religiosa. Ele é religioso sem deixar de recomendar a ciência, pois a ciência não exclui a religião. Em princípio, e de fato, são inseparáveis.

Mas atesta que o espiritualismo não é o metapsíquico. Este tem em vista o progresso científico, o espiritualismo vê especialmente os ganhos do espírito. Ora, esses ganhos só podem ser estabelecidos nos planos elevados da vida, através da comunhão espiritual com as os verdadeiros vivos que são os mortos gloriosos. Ali as leis divinas são observadas, a comunhão se estabelece de acordo com essas leis; ali, por um tempo, estamos no domínio do amor, que é o da obediência a Deus.

Ao final da obra faz citação daquilo que nomeia como a “sociedade da verdade”

Transcrevendo o último capítulo de Cristianismo e Espiritismo, de Leon Denis onde são impressas essas linhas do início do século: “A terra viveu muitos dias sombrios, muitos dias de luto; outras tempestades estourarão e as tempestades passarão. O céu azul reaparecerá. O trabalho divino florescerá em uma nova eclosão. A fé renascerá nas almas e o pensamento de Cristo brilhará novamente”.

Jorge Hessen
São Paulo, 2 de junho de 2019

Fontes: Canal Espírita Jorge Hessen (Espiritismo à Francesa: a derrocada do Movimento Espírita Francês pós-Kardec) "Espiritismo à Francesa: a derrocada do Movimento Espírita Francês pós-Kardec" é uma produção da Luz Espírita (http://www.luzespirita.org.br), de janeiro de 2018, que põe em pauta uma das questões mais curiosas (e um tanto controversa) acerca dos desdobramentos da continuação da obra de Allan Kardec, logo após sua desencarnação, cujo resultado foi, já no começo do século XX, o enfraquecimento e desaparecimento quase absoluto do Espiritismo, tanto na França, seu berço, quanto na Europa e outras regiões do mundo.

Fontes: CSI do Espiritismo

Fontes: Luz Espírita - Espiritismo em Movimento (Biografia de Berthe Fropo pelo artigo "A mulher que denunciou irregularidades no Movimento Espírita Francês" por Adriano Calsone)

"Eis aqui em quais os termos encontramos a mesma ideia representada no Congresso Internacional (Paris, em 1925, ou seja, três quartos de século distante da publicação do Evangelho Segundo o Espiritismo).

“O objetivo da revelação espírita, de acordo com o testemunho dos próprios espíritos, não é apenas provar a sobrevivência da alma, mas também trazer de volta a humanidade desencaminhada à verdadeira doutrina de Jesus Cristo.

“Muitos espíritas, talvez, perderam de vista esse objetivo supremo das comunicações com o Além. Para os espíritas que a esqueceram, como para os cristãos que nunca a conheceram, é útil lembrá-la e destacá-la, invocando o próprio testemunho dos mensageiros celestes.

“Esse movimento de ideias não se produziu de maneira incoerente; obra coletiva dos espíritos enviados por Deus, a revelação espírita veio em seu tempo. Lançou novas luzes sobre as origens do cristianismo, levou os homens à pura doutrina de Jesus, restaurou a paz às almas perturbadas ao explicar de forma racional os mistérios do destino. Ela arrancou do materialismo um grande número de buscadores sinceros, devolveu a honra do espiritualismo apoiando-o sobre fundamentos novos e inabaláveis”.

Não há dúvida, bem entendido, que a revelação é por excelência “A Boa Nova”, é o Evangelho de Jesus.

“O que torna o Evangelho a revelação por excelência, que dá o seu caráter verdadeiramente divino”, escreve Jean Reville, em Palavras de um crente livre, “é que ele eleva a sua maior potência todos os sentimentos generosos, todos os grandes impulsos da alma humana; é que ele concentra, em uma harmonia radiante de amor a Deus e de amor pelas criaturas, todas as obrigações sagradas que o Pai Celestial gravou na consciência dos homens e que imprimem seu caráter superior e divino em nossa miserável existência efêmera, em um planeta muito pequeno”.

Gaston Luce "O Espiritualismo e os Novos Tempos"

 

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Gaston Luce - O Espiritualismo e os Novos Tempos PDF

 

Gaston Luce - Le Spiritualisme et les temps nouveaux (1946) (Fr)

 

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