FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

HERCULANO PIRES

NA HORA DO TESTEMUNHO

 

AS GRANDES LUTAS DO MOVIMENTO ESPÍRITA

(ADULTERAÇÃO DA OBRAS DE ALLAN KARDEC)

 

Sinopse da Obra:

Nesta obra Herculano denuncia um triste incidente ocorrido no meio espírita brasileiro, qual seja, a adulteração de uma das obras básicas da doutrina espírita, O Evangelho segundo o Espiritismo, levada a efeito pela Federação Espírita de São Paulo em julho de 1974.

Nessa edição adulterada, que vendeu cerca de 30.000 exemplares, o Departamento do Livro da FEESP pôs em prática aquilo que denominou “um plano de completa e total revisão de toda a Codificação Doutrinária de Allan Kardec” (como se houvesse, na atualidade, algum ser humano capaz de “revisar” ou “atualizar” as obras básicas da Codificação.

Nesse incidente tentaram envolver a figura de Chico Xavier, argumentando que este houvera autorizado ou aprovado as adulterações. Nesse ponto entra Herculano, fazendo uma minuciosa análise do incidente e posicionando-se em defesa tanto de Chico Xavier como da pureza doutrinária do Espiritismo.

Convicção Doutrinária: (Irmão Saulo)

Nesta antevéspera de mais um aniversário d’O Livro dos Espíritos, que transcorrerá no próximo domingo, é necessário lembrarmos a importância de constante vigilância na preservação e defesa das obras fundamentais da Doutrina.

E isso só pode haver se os espíritas estiverem convictos do valor e da significação espiritual e cultural dessas obras. Infelizmente não foi o que se viu no recente episódio de adulteração de O Evangelho Segundo o Espiritismo, com a venda total da edição ao público desprevenido e a sustentação pública da adulteração pela própria Federação Espírita do Estado de São Paulo. O que então se viu foi uma demonstração alarmante de falta de convicção doutrinária por parte dos responsáveis pela tradicional instituição.

Essa falta de convicção e de zelo pela Doutrina é o resultado de muitos anos de infiltração de princípios estranhos nos próprios cursos de Espiritismo dados pela Federação e por numerosas entidades a ela filiadas.

O ensino deturpado só poderia levar o meio espírita à desfiguração dos textos de Kardec. No plano cultural, a adulteração é um crime que só pode ser desculpado pela ignorância. No plano espiritual é a profanação da verdade revelada.

E em ambos os planos, mas particularmente no moral, a adulteração é um ato de traição. Mas todas essas qualificações se reduzem apenas a uma: a ignorância quando o procedimento revela, em sua própria forma e nas tentativas de sua justificação, o mais lamentável desconhecimento do próprio sentido dos trechos adulterados.

Chico Xavier, que tentaram envolver nesse processo lamentável, tomou posição clara e definida em defesa da inviolabilidade dos textos de Kardec. Mas como persistiram os realizadores da façanha em apontá-lo como envolvido, o famoso e querido médium solicitou a publicação de um livro-documentário, a fim de que não se possa, no presente e no futuro, continuar a citá-lo como implicado na questão.

Houve também os que reconheceram o erro cometido e se opuseram ao prosseguimento do plano adulterador, que pretendia desfigurar toda a Codificação do Espiritismo, segundo documentos oficialmente divulgados. A atitude de Chico Xavier e desses poucos (pouquíssimos) que tiveram a coragem de penitenciar-se, contrasta com a falta de convicção da maioria dos chamados líderes espíritas que se omitiram e calaram diante do aviltamento de sua própria doutrina.

O sintoma evidente de insensibilidade decepcionou todos os espíritas sinceros. E mais grave se torna quando sabemos que a Doutrina Espírita não foi elaborada por Kardec, mas pelos Espíritos Superiores, sob a orientação constante do Espírito da Verdade (nome derivado dos textos evangélicos) e sob a égide do próprio Cristo, segundo a sua promessa registrada pelos evangelistas, particularmente no Evangelho de João.

O remédio contra esse estado mórbido depende de medidas que não foram tomadas: o afastamento dos responsáveis pela adulteração dos cargos diretivos da instituição; a reformulação imediata dos cursos de doutrina e de médiuns, com exclusão dos livros, folhetos e apostilas adulterantes; o retorno imediato aos livros básicos de Kardec como únicas fontes legítimas de ensino espírita; o reconhecimento da posição subsidiária das obras de André Luiz, hoje superpostas às de Kardec; a condenação e exclusão total das obras de mistificação ou de mistura indébita de doutrinas estranhas.

Enquanto isso não for feito, as raízes amargas da adulteração continuarão a fermentar no meio espírita e a alimentar a vaidade de pretensos instrutores e mestres. Temos de escolher entre ser espíritas ou ser mistificadores da doutrina.

Na Hora do Testemunho:

Este é um livro diferente na bibliografia espírita. O testemunho de uma hora amarga, precisamente da hora em que os espíritas brasileiros, muito confiantes na solidez do seu movimento doutrinário, foram chamados a dar testemunho de sua convicção espírita. O desafio não partiu de nenhuma pressão externa, mas do próprio meio espírita.

Acostumados a encarar o Espiritismo, no seu aspecto religioso, como o Cristianismo Redivivo, renascido em espírito e verdade, depurado das infiltrações pagãs e judaicas, viram-se de súbito ameaçados de deformações internas, promovidas nos próprios textos fundamentais da Doutrina pela Federação Espírita do Estado de São Paulo, até então considerada coma a principal guardiã da pureza doutrinária em todo o Brasil.

E o que mais assustava era que os elementos incumbidos da renovação dos textos diziam-se autorizados pelo médium Francisco Cândido Xavier, exemplo de fidelidade e dedicação à Doutrina.

O desafio colhera de surpresa a todos, com o lançamento abrupto de uma edição adulterada de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec. A Federação autorizara o seu Departamento do Livro a realizar a façanha. E o departamento tomara as devidas cautelas realizando seus trabalhos entre quatro paredes.

Essa técnica antiespírita desnorteara a todos. O livro surgia de um golpe, como um fato consumado, numa edição de trinta mil exemplares, em parte já vendida antecipadamente a vários Centros e Grupos Espíritas. E trazia duas explicações justificadoras: uma do tradutor, Paulo Alves de Godoy, e outra do Departamento do Livro, que expunha um plano de completa e total revisão de toda a Codificação Doutrinária de Allan Kardec.

Uma novidade a mais, entre as muitas novidades desta hora de inquietação mundial, seguindo o exemplo das deformações católicas e protestantes das novas edições da Bíblia e dos Evangelhos.

Mas alguns espíritas zelosos não aceitaram com bons olhos a novidade. A edição adulterada saíra em Julho de 1974. O Grupo Espírita Cairbar Schutel, de Vila Clementino, denunciou o fato e lançou um movimento de protesto, espalhando por todo o país 5 mil boletins e 40 mil exemplares do tablóide MENSAGEM, com análise rigorosa e condenação enérgica das modificações do texto. Outros grupos e instituições doutrinárias aderiram a esse movimento de reação e a polêmica extravasou na imprensa e no rádio.

A FEESP tentou sustentar a sua posição, o Grupo Espírita Emmanuel, de São Bernardo do Campo, colocou-se ao seu lado e afastou abruptamente Herculano Pires da direção do programa No Limiar do Amanhã, da Rádio Mulher.

O grupo da Federação ameaçou também tirar-lhe a crônica espírita que há trinta anos mantém no Diário de São Paulo, mas nada conseguiu. A polêmica alastrou-se pelo país, mas apenas alguns líderes espíritas se manifestaram. As Federações dos Estados enviaram protestos à FEESP, mas não foram além disso. A Confederação Espírita Argentina também protestou. Enquanto isso, a FEESP vendia a edição adulterada.

Mais tarde, a assembléia geral da União das Sociedades Espíritas, reunida na própria sede da FEESP, condenou por unanimidade a adulteração e os adulteradores foram vencidos, mas nem todos convencidos.

A Liga Espírita do Estado tomou posição firme contra a adulteração. Jorge Rizzini, que a apoiava, foi logo mais afastado da direção do programa Um passo no Além, que mantinha, na rádio das Casas André Luiz. Fez-se em todo o país o que Herculano chamou de “O Silêncio dos Rabinos, ao tilintar das moedas de Judas.”

O médium Francisco Cândido Xavier, apesar de sua costumeira isenção em polêmicas doutrinárias, acabou manifestando-se contra a adulteração e tomou posição firme e clara na defesa dos textos de Kardec.

A maioria dos chamados líderes espíritas não se manifestou. A hora do testemunho provara mal, revelando a falta de convicção da maioria absoluta, e portanto esmagadora, do chamado movimento espírita brasileiro. Mas os resultados foram se manifestando mais tarde, com um crescente interesse do meio espírita pelas obras de Kardec em edições insuspeitas.

Os Textos de Kardec

(Francisco Cândido Xavier)

A sua veemência e sinceridade, na defesa da Obra de Allan Kardec, me fez pensar muito no cuidado que todos nós, os espíritas, devemos ter na preservação dos textos referidos, sob pena de criarmos dificuldades insuperáveis para nós mesmos, agora e no futuro.

Meditando nisso, sou eu quem me sinto honrado em enviar-lhe estas publicações, no intuito de demonstrarmos em livro-documentário a elevação da sua defesa e o meu respeito no tocante à Codificação Kardeciana, que nos cabe endereçar ao futuro tão autêntica quanto nos seja possível.

No caso de ser levado adiante o lançamento de um livro nessas diretrizes, o prezado professor poderá usar, ou apresentar no contexto do volume, qualquer trecho ou a total correspondência que lhe tenho enviado sobre o assunto, pois isso poderá clarear a atitude que tomei.

Francisco Cândido Xavier

(Carta endereçada a Herculano Pires)

Fontes: Canal Espírita Jorge Hessen: O Espiritismo De Kardec Aos Dias De Hoje - Filme Completo (Documentário Produzido pela Federação Espírita do Brasil)

Fontes: Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires

Fontes: Le Centre Spirite Lyonnais Allan Kardec

"Chega um momento em que temos de dar testemunho da nossa convicção, da nossa fidelidade aos princípios que esposamos. Se não formos capazes de sustentá-los e defendê-los damos uma prova de insegurança moral e traímos a nós mesmos. A traição aos nossos princípios, aos textos básicos da nossa convicção é um insulto à nossa dignidade pessoal, que se revela inconsistente. Os que assim procedem só têm um meio de reabilitação: a retratação pública e a renúncia aos cargos que exercem no plano doutrinário que traíram."

Herculano Pires "O Zelador da Doutrina Espírita"

 

RELAÇÃO DE OBRAS PARA DOWNLOAD

 

 Allan Kardec - O Livro dos Médiuns (Obra de Allan Kardec - "O Livro dos Médiuns" - Segunda Parte - Contradições e mistificações - XXVII)

 

Chico Xavier - Herculano Pires / Na Hora do Testemunho PDF