JOSÉ LHOMME

O além ao alcance de todos

 

Como se tornar um médium?
Organização das sessões
Como se servir da mediunidade?
 

 

Que se faça a luz! Fé do passado, Ciências, Filosofias, iluminai-vos com uma nova chama. Escutai as vozes reveladoras do túmulo: elas vos trazem uma renovação do pensamento com os segredos do além que o homem tem necessidade de conhecer para viver melhor, melhor agir, melhor morrer.

Léon Denis
 

Original em francês, de 1937:

JOSÉ LHOMME

José Lhomme - L'au-delà à la portée de tous

 

FRANCE

Éditions Caritas

1937

 

OBRA RARA TRADUZIDA

 

Tradução: Abílio Ferreira Filho

Revisão: Irmãos W. e Ery Lopes

Formatação: Ery Lopes

Agradecimentos: César Sátiro dos Santos (Centre Spirite Chico Xavier)

 

 Versão digitalizada:

© 2021

 Distribuição gratuita:

 

Portal Luz Espírita

Autores Espíritas Clássicos

Prefácio:

Após ter lido com toda a atenção que merece o manuscrito de “O Além ao alcance de Todos”, eu fico feliz em felicitar seu autor, o Senhor José Lhomme o muito ativo diretor da excelente Revista Espírita Belga, pela importância e utilidade desse trabalho que eu gostaria de ver não somente entre as mãos dos recém chegados ao Espiritismo, mas nas dos chefes de grupos; aqueles que abordam a experimentação e têm a missão de ensinar a filosofia dos Espíritos, de fornecer a prova da evidência e da grave importância do “fato espírita”.

Não se improvisa um experimentador; não se pode abordar o lado prático do espiritismo sem uma longa preparação, um estudo consciencioso e difícil. Eu estimo, em consequência, que a obra do Senhor J. Lhomme é indispensável ao conhecimento. Mesmo aqueles que tiveram a vantagem de se familiarizar com nossas abstratas questões há anos e que tiveram, assim, a ocasião de se dedicar a observações numerosas, lerão com proveito essas páginas contendo não somente o resultado de importantes trabalhos de uma das personalidades do movimento espírita atual, mas que resumem e relembram com discernimento os conselhos, as diretivas esquecidas ou muito mal conhecidas de Allan Kardec e de seus nobres discípulos: Léon Denis e Gabriel Delanne. É, no entanto, em penetrando o pensamento de nossos Mestres que os espíritas se manterão no caminho que eles magnificamente nos traçaram.

Muitos dos nossos, é preciso ser dito, ignoram nossos grandes antecessores; seus ensinamentos, e suas obras, merecem, no entanto, um estudo aprofundado e atencioso da parte dos que, sinceramente, querem conhecer e compreender nossa doutrina tão solidamente estabelecida sobre a observação positiva dos fatos. Aconselharemos aos novatos do espiritismo de se dedicarem à experimentação somente após um conhecimento sólido dos princípios fundamentais que estão na base de nossa filosofia científica.

Eu bem sei que em nossa época faz-se prova menos constante do que outrora no estudo, e é uma das razões que me faz ainda mais ainda recomendarem a obra do Senhor J. Lhomme, na qual nosso autor resumiu em algumas páginas, com competência e simplicidade, em um estilo sóbrio e comedido, tudo o que se diz presentemente conhecer do espiritismo experimental. Sem se assustar com o trabalho de suas pesquisas pacientes e prolongadas que teve que se impor para acrescentar aos resultados de sua experiência pessoal o conjunto da documentação que ele nos oferece, o Sr. J. Lhomme nos mostra de modo preciso as condições de nossas relações com o Mundo Invisível, as leis da mediunidade, os meios de desenvolver, de aperfeiçoar e de utilizar essa faculdade de formas tão variadas, os inconvenientes que apresentam os abusos e também os perigos do emprego desses “dons” para os fins contrários à caridade e à elevação moral e espiritual dos interessados.

O Sr. J. Lhomme não deixa, além disso, de insistir sobre a prudência da qual se deve dar prova na apreciação dos fenômenos de todas as ordens que podem se apresentar ao experimentador atento, e, relembrando a palavra de Gabriel Delanne, o Sr. J. Lhomme mostra de modo bastante preciso a propósito, que, contrariamente à opinião divulgada por certa imprensa mais servil que independente: os espíritas (Os espíritas documentados se entendem; não é espírita aquele que, sem esforço moral e intelectual, se contenta em se dedicar à experimentação elementar, deixando de refletir sobre as consequências filosóficas, científicas e morais que decorrem das manifestações mediúnicas), longe de aprovar as divagações de cérebros doentes ou as manifestações de duvidosas origens, são temporários observadores dos fatos, e positivistas em toda a acepção do termo.

Esse pequeno livro chega em uma hora favorável pois, como eu declarei recentemente, se a maior parte dos milhares de grupos, oficiais ou privados, espalhados sobre todos os pontos da terra dão prova de uma grande atividade, devemos reconhecer com vivo contentamento que, malgrado a oposição manifesta de alguns em quererem desacreditar o espiritismo, um vasto movimento de atenção se confirma em favor de nossas questões e, mesmo aqueles que nos combatem com uma violência que inspiram somente seus interesses ameaçados, o fazem com tristeza constatam: “O Espiritismo espalha-se cada vez mais nas diferentes classes da sociedade; as estatísticas não permitem nenhuma dúvida sobre esse ponto”.

A imprensa por seu lado, malgrado algumas flechas disparadas de tempos em tempos, se faz mais atenta que outrora às novas manifestações espíritas. Em um número de A Antologia Mensal, eu me lembro ter lido essa frase reconfortante se reportando ao interesse que suscitam nossas pesquisas: “As ciências ditas ocultas, têm uma feliz recrudescência de atualidade. Elas são a prova de um despertar espiritualista que se estende com rapidez no mundo inteiro. Elas marcam o declínio do materialismo do século XIX. Mas isso não é um retorno às velhas superstições, o espírito crítico e experimental hoje as anima. Elas têm o direito na literatura, seja do ponto de vista filosófico, seja mesmo do ponto de vista do romance”.

Por outro ponto de vista, eu não teria, certamente, dificuldade em citar aqui, entre os contemporâneos, nomes de homens conhecidos que, ontem céticos ou indiferentes, se interessam hoje com o grande problema da sobrevivência, tal como resulta nosso espiritualismo experimental. É verdadeiro dizer que a literatura se inspira fortemente em nossas pesquisas, em nossos princípios da fenomenologia supranormal.

Por outro lado, eu não teria, decerto, dificuldade de citar aqui, entre nossos contemporâneos, nomes de homens conhecidos que, ontem céticos ou indiferentes, se interessam hoje pelo grande problema da sobrevivência, tal como resolve nosso espiritualismo experimental.

Constatar esse avanço de nossa doutrina, nos meios até o presente estreitamente fechados, nos é um estimulante em nossa tarefa cotidiana. Após o longo período de espera, de oposição, aos tempos melhores se anunciam próximos. De resto, se o espiritismo, como o clamam ainda adversário, não era senão uma mistificação, não teria sobrevivido a mais de três quartos de século de ataques e de lutas homéricas, estaria há muito tempo sepultado nas trevas do esquecimento. Felizmente para nossa pobre humanidade de miséria, percebe-se a autenticidade e a alta importância das manifestações que estão na base do espiritismo e não podem mais ser colocadas em dúvida nessa hora em que elas são cada vez mais objetos da atenção dos mais sábios e pensadores ilustres entre os homens.

Quando à filosofia dos Espíritos que procede do “fato espírita”, ela impõe o respeito dos simples e dos grandes. Nenhuma doutrina no mundo responde tão bem às inquietudes da razão e às necessidades do coração humano. Ela descobre nos homens horizontes consoladores e radiantes, dá um sentido ao sofrimento, explica as razões da prova pela necessidade da depuração, da elevação de nosso “eu” imortal, de nossa alma. Ela nos ensina os deveres a que estamos incumbidos e nos demonstra a existência da grande lei de solidariedade que liga todos os homens, todos os seres, em qualquer grau da evolução ao qual eles pertencem. Ela nos traz a prova de que nós não somos decaídos, mas, ao contrário, chamados a um desenvolvimento crescente de nossa individualidade, até alcançar a compreensão do Divino do qual nós emanamos e em direção do qual nós somos conduzidos através da peregrinação de nossas existências sucessivas.

A solução científica dos problemas da vida e da morte que traz assim à razão o espiritismo é de tal gravidade que nenhum homem de boa-fé tem o direito de se desinteressar. Assim como declarava o apóstolo zeloso do pacifismo, fervoroso animador da escola naturalista francesa, é preciso levar em conta que: “velhas afirmações das religiões reveladas não são mais suficientes a bem de espíritos assombrados para o eterno mistério de após a vida, do destino transcendente da humanidade e mesmo da natureza real da vida. As afirmações do materialismo clássico são bem ultrapassadas. É verdadeiro que certas autoridades são fiéis ao dogmatismo ridículo e falso que, no meio do século último, afirmava solenemente em nome da Ciência, com um grande C, que nada existia fora da matéria, fonte primeira de toda manifestação vital.

Mas os progressos das ciências e, em particular, da física, pulverizaram um complemento tão numeroso de velhos dogmas científicos e tão bem restabelecidos em questão certas interpretações “oficiais” dos fatos naturais, que os verdadeiros sábios são de uma extrema prudência em face de certos fatos obscuros e se resguardam da atitude negativa, decidindo, com segurança e definitivo que caracteriza os espíritos superficiais.

Encorajar aqueles que pesquisam, aqueles que duvidam, aqueles que sofrem, a abordar o estudo da filosofia espírita é, em minha opinião, um serviço para se dirigir à inquietude humana. Eu agradeço então ao Sr. J. Lhomme o novo esforço que ele acaba de fazer oferecendo para todos os frutos de seus trabalhos e de suas meditações. Os leitores de o além ao alcance de todos compreenderão e realizarão, assim desejo, as sábias lições contidas nessa obra.

Tornados experimentadores capazes e avisados, espíritos conscientes da importância e do valor da filosofia dos Espíritos, dignificarão comigo o autor, de ter querido consentir, em sua nobre preocupação de ajudar a espalhar um espiritismo saudável e esclarecido, em se tornar por seu excelente livro, o guia e instrutor que eles buscariam.

Hubert Forestier
Vice-Presidente da Federação Espírita Internacional

Introdução:

A experimentação, no que ela tem de belo e grande,
a comunicação com o mundo superior,
não consegue nem o mais sábio, mas o mais digno, o melhor,
aquele que tem a maior paciência, consciência, moralidade.
Léon Denis.

Um dos fenômenos mais curiosos de nossa época é, seguramente, a marcha da Ciência em direção a novas concepções que pareciam dever derrubar o materialismo; as obras recentemente publicadas, tais como o Tratado de Metapsíquica de Charles Richet, os três livros de Camille Flammarion sobre a morte, outras publicações pelo mundo todo, sob a assinatura de autoridades as mais conhecidas e as mais respeitadas, nos provam que estamos à véspera de descobrir um novo mundo, o único real, o mundo invisível.

Para realizar seu papel providencial, o Espiritismo deve dar ao mundo as provas científicas da sobrevivência da alma, fonte de reconforto e consolação, senão corre o risco de tombar na vala das religiões dogmáticas se limitando a afirmações muito frequentemente incontroláveis para os profanos.

Ora, é impressionante a impotência de certos grupos, ditos experimentais, a fornecer manifestações espíritas bem caracterizadas ou simplesmente, fenômenos psíquicos supranormais que são o prelúdio.

Alguns dirão que as manifestações espíritas não dependem de forma alguma de nós e que se deve forçosamente esperar, além disso a permissão de Deus, a boa vontade dos Espíritos cuja liberdade de responder ou não responder a nossos apelos está condicionada ao seu mérito moral e ao nosso.

Essa objeção, se é verdadeira para um indivíduo isolado, não o é que trinta ou quarenta pessoas se dirigem sinceramente aos espíritos superiores com o objetivo de obter mensagens de sua parte.

Não se pode, com efeito, imaginar que todas as pessoas do mesmo modo que os espíritos evocados sejam todos desprovidos de qualidades morais, assim como se poderia insinuar para um ou alguns indivíduos.

Aliás, a chegada de um bom médium clarividente em um meio pouco propício ou refratário é suficiente algumas vezes para proporcionar fenômenos surpreendentes de verdade e de espontaneidade.

Quais são as causas dessa contradição? Eis aqui:

1. Os grupos públicos de evocação não empregam geralmente senão médiuns de incorporação (falantes, escreventes, de premonição, etc.) cujas faculdades reclamam para ser frutuosos, um ambiente moral perfeito e a homogeneidade do círculo experimental, coisas impossíveis de se obter se se permite a renovação contínua dos assistentes.

2. Esses agrupamentos negligenciam às vezes de desenvolver seus médiuns em sessões especiais e permitem sensitivos não desenvolvidos de prosseguir suas tentativas em público.

3. A insuficiência do controle causada pelo receio de um fracasso podendo desencorajar os assistentes não suficientemente iniciados, ou um controle mal compreendido, levam pouco a pouco a uma diminuição, uma obliteração das faculdades mediúnicas já desenvolvidas.

4. Grupos abandonam pouco a pouco o fato demonstrativo para se fixar na filosofia apoiada ordinariamente por fenômenos psíquicos ou espíritas não suficientemente estabelecidos. Fazendo isso, eles esquecem que a filosofia dos supraterreno tem tudo a ganhar se ela é acompanhada de um fato indubitável: encarnação identificável ou clarividência que descobre as presenças invisíveis e frequentemente, estão no fundo dos corações. Sem o fenômeno bem caracterizado em que se sente a mão invisível que aciona o mecanismo sutil, a moral é de um alcance reduzido e frequentemente sem efeito.

Uma reação séria se impõe por isso, sobretudo se se considera, de outro modo, o desenvolvimento extraordinário das sociedades espíritas religiosas (notadamente inglesas) onde o fato espírita e psíquico é muito honroso.

Como provocá-la?...

.... Dando a todos os pesquisadores conscienciosos desejosos de levar em conta a veracidade dos fatos psíquicos e espíritas os meios de desenvolver neles ou nos outros, faculdades psíquicas latentes, nas melhores condições possíveis.

É para a intenção desses investigadores do desconhecido que esta obra foi composta.

Os métodos e processos que aqui são preconizados, foram inspirados por uma experimentação coroada de sucesso. Esperamos que eles permitam aos nossos leitores as satisfações que eles nos promoveram.

J. Lhomme
 

Fontes: Luz Espírita - Espiritismo em Movimento

Fontes: Centre Spirite Chico Xavier

"O Sr. J. Lhomme não deixa, além disso, de insistir sobre a prudência da qual se deve dar prova na apreciação dos fenômenos de todas as ordens que podem se apresentar ao experimentador atento, e, relembrando a palavra de Gabriel Delanne, o Sr. J. Lhomme mostra de modo bastante preciso a propósito, que, contrariamente à opinião divulgada por certa imprensa mais servil que independente: os espíritas (Os espíritas documentados se entendem; não é espírita aquele que, sem esforço moral e intelectual, se contenta em se dedicar à experimentação elementar, deixando de refletir sobre as consequências filosóficas, científicas e morais que decorrem das manifestações mediúnicas), longe de aprovar as divagações de cérebros doentes ou as manifestações de duvidosas origens, são temporários observadores dos fatos, e positivistas em toda a acepção do termo"

Hubert Forestier "Diretor da Revista Espírita"

Para realizar seu papel providencial, o Espiritismo deve dar ao mundo as provas científicas da sobrevivência da alma, fonte de reconforto e consolação, senão corre o risco de tombar na vala das religiões dogmáticas se limitando a afirmações muito frequentemente incontroláveis para os profanos.

Ora, é impressionante a impotência de certos grupos, ditos experimentais, a fornecer manifestações espíritas bem caracterizadas ou simplesmente, fenômenos psíquicos supranormais que são o prelúdio.

Alguns dirão que as manifestações espíritas não dependem de forma alguma de nós e que se deve forçosamente esperar, além disso a permissão de Deus, a boa vontade dos Espíritos cuja liberdade de responder ou não responder a nossos apelos está condicionada ao seu mérito moral e ao nosso.

Essa objeção, se é verdadeira para um indivíduo isolado, não o é que trinta ou quarenta pessoas se dirigem sinceramente aos espíritos superiores com o objetivo de obter mensagens de sua parte.

José Lhomme "O além ao alcance de todos"

 

RELAÇÃO DE OBRAS PARA DOWNLOAD

 

Allan Kardec - O Livro do Médiuns (FEB)

 

José Lhomme - O além ao alcance de todos (Obra rara traduzida)

 

José Lhomme - L'au-delà à la portée de tous (1937) (Fr.)

 

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