Vizconde de Torres-Solanot

COLAVIDA, O KARDEC ESPANHOL

 

ORIGINAL EM ESPANHOL

Recopilación de Artículos de la Revista Espiritista - Periódico de Estudios Psicológicos Diciembre de 1888 por Vizconde de Torres-Solanot

 

OBRA RARA TRADUZIDA

 

Tradução: Teresa da Espanha

Revisão: Irmãos W. e Ery Lopes

Versão digitalizada:
© 2019
 

Distribuição gratuita:

Portal Luz Espírita

Autores Espírita Clássicos

Introdução:

José Maria Fernández Colavida

Ao amigo e respeitável irmão e sábio conselheiro

O homem não existe mais, mas a verdadeira individualidade, o ser pensante e consciente, o espírito, aquilo que foi desde sua aparição no mundo dos seres inteligentes, o que é e sempre será, existe na vida espiritual, na verdadeira vida, para a qual acaba de renascer aquele que aqui era chamado de José Maria Fernández Colavida.

Ele nos deixou em seu modo acidental de estar, para ir a um mundo melhor, onde colherá os frutos de seus merecimentos e, sem dúvida, continuará sua obra de abnegação e sacrifícios, mas sem lutar com a pesada matéria e as contradições da existência planetária, desfrutando, em vez disso, da vida expansiva da erraticidade, no modo essencial de ser do espírito. E lá das esferas onde o seu grau de progresso o levou, ele continuará a nos ajudar com sua inspiração e seus conselhos, como quando vivia encarnado no invólucro do corpo, consagrado à obra de regeneração intelectual e moral da humanidade, que é a obra do Espiritismo.

Feliz ele, que cruzou os limiares do além túmulo, depois de enfrentar suas provas e completar sua missão na etapa percorrida!

Bem-aventurados nós, se soubermos imitá-lo em suas virtudes, e manter e propagar com tão forte entusiasmo e zelo perseverante, a doutrina racional e consoladora!

Doutrina abençoada que dá crenças tão saudáveis e firmes, fazendo desaparecer o fantasma aterrorizante da morte e nos conduz pelo caminho da virtude e da ciência, para nosso aprimoramento e a prática do bem pelo próprio bem!

E como Fernández contribuiu enormemente para a divulgação dessa doutrina na Espanha e nos lugares onde nossa língua é falada, sua memória ficará esculpida eternamente, com a eternidade de obras que jamais são apagadas do livro de nossos destinos, repercutindo sempre em razão de sua bondade e do maior benefício moral que produziram.

Aqueles que por intermédio dele abriram seus olhos para a luz da verdade, aqueles que foram instruídos, aqueles que foram consolados, aqueles que adquiriram a bela fé na doutrina espírita; todos guardarão um carinho afetuoso, uma respeitosa lembrança e uma sem-par gratidão para com aquele que serviu para lhes trazer a luz, o ensino, o conforto, a crença sublime enfim, que vale muito mais do que todos os tesouros deste mundo.

E nós, aqueles que o conhecemos tão de perto, que pudemos apreciar no tratamento íntimo suas qualidades e seus méritos, ocultos para o público em geral por uma grande modéstia que os aumenta consideravelmente; nós, não vendo hoje ao nosso redor o amigo íntimo, irmão respeitável e sábio conselheiro, sentiríamos profunda dor, se antepuséssemos um sentimento egoísta pela separação material de um ser tão querido, à certeza não apenas de que ele desfruta de uma vida melhor, mas que ele está ao nosso lado e em condição de nos dar sua inspiração e seus conselhos, e de poder se comunicar, como já fez, para testemunhar seu estado e afirmar com provas evidentes a realidade da vida após a morte e a verdade da doutrina dos Espíritos que o mestre Allan Kardec compilou.

Doutrina abençoada, repetimos, que tanta segurança e tranquilidade traz.

É por isso que, ao deixar no túmulo os restos mortais, o envoltório corporal de Fernández, dávamos a ele com serenidade a despedida "Até mais", esperando com tranquilidade o momento de nossa transformação para irmos nos encontrar, na vida livre do espírito, com o espírito dele e dos entes queridos que nos precederam na partida, mas que não nos abandonaram para sempre, nem mesmo para um prazo distante, podendo vir se comunicar conosco e nos dar provas da sua presença, mostrando-a de diferentes maneiras, da simples transmissão do pensamento, traduzida por uma intuição ou uma ideia impensada que não sabemos de onde vem, a audição, a visão, a escrita, até a materialização ou aparição de forma tangível, de acordo com as mediunidades disponíveis ao espírito que se comunica.

Assim, quando um nosso semelhante se transforma ou deixa seu corpo, não dizemos que ele morreu, mas que ele renasceu para a vida do espírito, como fez nosso amadíssimo Fernández no primeiro dia do atual mês de dezembro.

Diante do cadáver de Fernándes Colavida:

Perdeu a escola dos espíritas

um dos seus mais firmes campeões;

Feliz de quem com coragem conquista

a fé de suas profundas convicções!

Feliz de quem dedica uma existência

a defender seu credo sacrossanto,

e busca nos arcanos da ciência

o meio de enxugar mares de pranto!

 

 Feliz de quem proclama com anseio

da verdade sublime o ensinamento

e àqueles que soluçam abre um céu

e ao náufrago um porto de bonança!

Isto, o Fernández fez; convencido

de que a verdade suprema possuía,

com um trabalho nunca interrompido

nem em suas últimas horas de agonia

deixou de difundir os resplendores

do astro que sua mente iluminava;

matizando com brilhantes cores

o que seu nobre anseio pronunciava.

 

 Foi o Kardec espanhol; à sua memória

devemos erigir um monumento;

que bem merece perpetuar sua glória

quem possuiu tão claro entendimento.

Quem soube lutar com heroísmo

mesmo vendo seus livros na fogueira;

apóstolo do moderno Espiritismo!

Da fé raciocinada clara luzeira!

 

 Durma seu corpo, não em humilde fossa,

(que mármores merecem seus despojos).

Para quem teve vida tão honrosa

e por seu ideal sofreu tantos desgostos,

devemos erigir à sua memória

gigante monumento de granito!

Para seu nome a terrena glória!

Para sua alma… a luz do infinito!

Dedicatória finais dos espíritas:

Na beira túmulo

O Túmulo de José Mª Fernández Colavida no cemitério de Montjuïc (Barcelona). Após um longo abandono, há alguns anos, foi restaurado por iniciativa de um grupo de companheiros espíritas catalães.

O secretário do Centro Barcelonês de Estudos Psicológicos, Sr. Modesto Casanovas, proferiu o seguinte discurso:

Irmãos: um dever sagrado nos une hoje neste lugar de solidão, e é o tributo que rendemos ao nosso professor de filosofia Sr. José Maria Fernández. Ele, o homem íntegro, o homem honesto, desapareceu da terra dos vivos e isso aconteceu justamente nos momentos em que os espíritas sentiam mais necessidade de seus sábios conselhos.

Vamos admirar quem na vida soube ser um espelho fiel da honestidade, trabalhador diligente, propagandista incansável e verdadeiro filantropo.

Fernández era uma consciência reta; nele as pompas da Terra não causaram nenhum estrago, e tanto em um estado quanto em outro, ele só rendeu culto à razão e à justiça, jamais retrocedendo em nada e se apresentando ao mundo despido de qualquer hipocrisia. Trabalhador laborioso, entendendo que a lei da vida é o trabalho, obedeceu fielmente aos preceitos dessa lei, de modo que quando a falta de saúde o impossibilitava de desfraldar sua enérgica atividade, ele ainda continuava a propaganda do Espiritismo através de sua Revista.

Em relação a essa questão da propaganda, Fernández é uma página honrosa na história de nossos ideais, porque, embora observemos em seu antecessor Kardec um valor e abnegação a toda prova, não devemos considerar como menos aquele que foi o primeiro a introduzir e publicar as obras de Kardec na nossa Espanha e, ainda sendo vítima de perseguições tirânicas, sem se arredar, edita-as quantas vezes é necessário, espalhando-as por toda parte, e também publica todas aquelas que caem em suas mãos, semeando assim a semente que um dia deve formar a família espírita. Porém ele não está satisfeito com apenas isso, mas reunindo ao seu redor outros companheiros, deixa evidente, por meio de experimentos práticos, a lei dos fluidos, trazendo com isso a convicção para várias pessoas com quem ele formou sociedades espíritas.

Contudo, nossa imperfeição nos leva à ingratidão e ele vê uma, duas e até três vezes inutilizado o fruto de seus afãs; mas como seu propósito era trabalhar pela humanidade, ele não se arreda e, com fé inabalável, retoma suas tarefas, demonstrando com isso que a luta, para o apóstolo, não significa outra coisa além de um motivo de tolerância, que é o que ele nos demonstrou.

E se às vezes o vimos rigoroso e severo em suas apreciações, isso deveria elevá-lo mais ainda diante do mundo inteiro, porque as mães nos mostraram que sendo elas o emblema do amor, vivem zelosas pelo enaltecimento de seus filhos, e assim era Fernández em questões de Espiritismo.

Como filantropo, tudo o que eu possa lhes contar ficará pálido, uma vez que a demonstração dos fatos é irrefutável, e Fernández sacrificou tudo quanto possuía pelo bem da humanidade, pois morreu pobre.

Espíritas: temos um dever sagrado a cumprir. A inteligência de Fernández era muito superior à nossa; sua abnegação beirava o heroísmo, já que trabalhou para todos, proporcionando-nos com seu estudo muitas horas de tranquilidade. Agora, a recompensa que devemos a ele é trabalhar todos, unidos em apertado feixe, para ser seus continuadores na propaganda de nossa sublime doutrina, para que seus trabalhos não fiquem infrutíferos.

Mesmo quando dizemos que ele morreu, ele não morreu; pois ele nos ensinou que o espírito existe e persiste na eternidade, e mesmo quando sentimos o vazio deixado entre nós por sua ausência, devemos confiar na ajuda espiritual com a qual passará a nos fortalecer. Se após os eventos que acabaram de ocorrer, todos os ressentimentos devem cessar, devemos esquecer nosso amor próprio para perseguir o objetivo comum, se quisermos ser dignos discípulos de tão esclarecido mestre.

E se, como disse nossa irmã Amalia, devemos erigir aqui neste mesmo lugar um panteão em memória do Kardec espanhol, digo-vos que isso é pouco, porque deveríamos erigir um monumento na praça pública, pois quem possuiu as virtudes do nosso mestre, deve sempre estar à vista das pessoas, para lembrete do que o ser deve a si mesmo e aos semelhantes.

E você, Fernández, que, do lugar de sua morada nos contempla, infunda em nós coragem e fé para que possamos continuar a obra perseguida por você com tanta determinação; faça-nos participantes das virtudes que você legou à sua família; não nos abandone, trabalhe para nos unir; ensine-nos que a foice fatal que o separou de nós deve ser o estímulo que nos leva a empreender uma carreira em direção à prática do bem, enquanto você recebe a lágrima de gratidão da qual se tornou credor, que simula ser digna coroa do filantropo.

Viva com a confiança de que nos demonstrando que a morte não existe, você o fez com conhecimento de causa, porque sua memória nunca será apagada de nós, sendo este um motivo a mais para pensar que unicamente na união que você nos indicou, podemos encontrar o caminho seguro para trabalharmos juntos na perseguição e abordagem do ideal espírita.

Os homens são conhecidos quando desapareceram da terra, e agora que não existe mais motivo para ciúmes em relação a você, será quando os homens lhe farão justiça.

Quanto a nós, e depois de perguntar se algum outro irmão queria usar a palavra, lemos as seguintes linhas:

Viemos cumprir um ato humanitário e render homenagem ao mérito, que, não por ser modesto, deixa de brilhar ali onde os merecimentos são aquilatados com exatidão; e viemos também para fazer ostentação pública das ideias livres-pensadoras que abalaram o jugo das religiões positivas.
Tudo isso significa o enterro civil que solenizamos, honrando a memória do infatigável propagandista do Espiritismo e benfeitor da humanidade, nosso irmão de crenças José Maria Fernández, cuja modéstia o torna mais credor desse testemunho do nosso apreço.

Mas o ato que realizamos tem ainda outro significado mais alto, que é mostrar os efeitos dessa crença racional e reconfortante que apaga a palavra morte para substituí-la pela de transformação.

É por isso que não nos despedimos para sempre de Fernández, mas dizemos:

Até breve, querido irmão.

Os Espíritas da Espanha e América custearam seu mausoléu no Cemitério de Montjuic, colocando, ali, uma significativa lápide de 1,80m de altura por 0,80m de largura, na qual se lê a seguinte inscrição na placa:

Nascer, morrer, voltar a nascer
e progredir sempre
tal é a lei.

Allan Kardec

Nem a existência, nem o trabalho,
nem a dor, concluem onde
começa um sepulcro.

Marietta

Aqui jaz
o envoltório corporal de um homem honrado que em sua última encarnação terrena foi
JOSÉ MARÍA FERNÁNDEZ COLAVIDA
(1819 - 1888)

O primeiro tradutor e editor das obras de Kardec e fundador da Revista de Estudios Psicológicos de Barcelona, e a cuja memória os Espíritas da Espanha e América dedicam este testemunho de apreço e gratidão.

RUMO A DEUS PELO AMOR E CIÊNCIA

Imortalidade da alma
Comunicação espiritual
Progresso indefinido
Pluralidade de mundos habitados

Fontes: Canal Espírita Jorge Hessen (O legado de Allan Kardec - Léon Denis, Gabriel Delanne e Fernández Colavida) Estudo e reflexão sobre a obra "O legado de Allan Kardec", de Simoni Privato Goidanich. Neste segundo vídeo, propomos uma reflexão sobre os textos introdutórios do livro "O legado de Allan Kardec", escritos por Léon Denis, Gabriel Delanne e José María Fernández Colavida, conhecido como o "Kardec espanhol".

Fontes: Luz Espírita - Espiritismo em Movimento

 Fontes: Biblioteca Digital - Memorial de Madrid

Ele não se contentou em fazer essas publicações, mas fundou o primeiro Centro de Estudos Espíritas em Barcelona, do qual temos notícia, e a Sociedade Barcelonesa Propagadora do Espiritismo, que com esse ou outro título ele sustentou enquanto viveu, assim como a Revista Espírita, jornal de estudos psicológicos, cuja primeira edição surgiu em maio de 1869, que assim expressava seus propósitos:

"É nosso ardente desejo ao publicarmos esta revista, contribuir, como já fizeram Madri e Sevilha, com publicações da mesma natureza, para que a nação espanhola não fique para trás no movimento regenerador que está sendo operado em todo o mundo e principalmente na Europa e nas Américas ilustradas. Para esse fim, encorajamos vivamente e especialmente a se ocuparem dos estudos, objeto desta Revista, todos os aflitos que precisam de consolo, os homens de boa vontade e não satisfeitos, e os homens de ciência que, sem ideias preconcebidas, desejarem a investigação da verdade e quiserem elevar seu espírito para outras regiões, onde uma atmosfera serena e vivificante possa ser respirada.

Estude-se o Espiritismo, pratique-se com consciência e sem ideias preconcebidas, nunca esquecendo a razão e então, quando vier o amanhecer, haverá momentos em que se sentirão deslumbrados".

José María Fernández Colavida "O Kardec Espanhol"

 

RELAÇÃO DE OBRAS PARA DOWNLOAD

 

Vizconde de Torres-Solanot - Colavida, O Kardec Espanhol (Obra rara traduzida)

 

Revista de Estudios Psicológicos de diciembre de 1888, nº 12 (Dirección - Vizconde de Torres-Solanot)

 

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