LEOPOLDO CIRNE

O VENERÁVEL EX-PRESIDENTE DA FEB

o CRIADOR DA ESCOLA DOS MÉDIUNS

o PALADINO DO ESPIRITISMO

(os grandes combatentes da causa espírita)

(1870 - 1941)

Biografia de Leopoldo Cirne:

Leopoldo Cirne foi, sem sombra de dúvida, um dos grandes vultos do Espiritismo no Brasil. Esta é a conclusão a que facilmente podemos chegar, após conhecermos a sua vida, e a valiosa obra literária, onde o insigne autor demonstra fielmente o seu empenho no estudo, na divulgação e na defesa dos princípios que norteiam a Codificação.

Doutrina e Prática do Espiritismo, Anticristo, Senhor do Mundo, O Homem Colaborador de Deus, Memória Histórica do Espiritismo (que me falta na coleção e ainda não encontrei para ler) marcaram época na produção litero-espírita onde desponta, também, Cairbar Schutel, outro grande do Espiritismo. A imensa bagagem cultural e espírita de que era portador faz-nos lembrar, nos dias de hoje, Carlos Imbassahy, Herculano Pires, Deolindo Amorim, Aureliano Alves Neto, Hermínio C. Miranda, Carlos Bernardo, entre outros.

Há tanta coisa para se dizer de Leopoldo Cirne como jornalista, polemista, escritor, orador e administrador que se torna impossível, de uma só vez, dado o espaço de que dispomos.

Leopoldo Cirne nasceu na Paraíba (Nordeste do Brasil) no dia 13 de abril de 1870. Logo demonstrou ser uma criança inteligente e com vontade de estudar. Aos onze anos de idade foi obrigado a interromper os estudos a que se vinha dedicando.

Já residindo em Recife (no vizinho Estado de Pernambuco), tendo de ir trabalhar no comércio, não lhe sobrava tempo para outra atividade pois, naquela época, os empregados ainda não estavam amparados pela moderna legislação trabalhista. Em 1891, transferiu-se para o Rio de Janeiro onde foi morar (Estado situado ao Sudeste do Brasil).

O Dr. Canuto de Abreu, por sua vez, narra que Leopoldo Cirne foi seduzido pela filosofia. Alfredo Pereira o levara a uma sessão de sexta-feira. Nada sabia Cirne de Espiritismo e era materialista. Discutia-se, naquela noite de 1894, a tese: Como conciliar o livre-arbítrio com o determinismo da prova.

Terminada a sessão, em vez de transmitir sua impressão primeira sobre o meio, como em geral se faz, Cirne entrou a discutir com Alfredo Pereira a tese do dia como se fosse um veterano. Grande psicólogo, Alfredo percebeu a espontânea conversão do materialista e seu grande talento.
Deu-lhe um exemplar de O Livro dos Espíritos e pediu-lhe que usasse da palavra na próxima sexta-feira, em que voltaria a debater o mesmo assunto: a filosofia. As forças latentes do seu formoso espírito despertaram para a missão, como raios do Sol de meio-dia, renascido da nuvem.

Não conseguiu ler, no O Livro dos Espíritos, mais do que a Introdução, essa obra-prima de Kardec. Pôs de lado o livro, como se encerrasse um assunto sabido. Era espírita de nascença, como Bezerra de Menezes. E quando Dias da Cruz, na sessão seguinte, coloca em discussão a tese, foi com desconfiança e curiosidade geral que aquele novato de olhos azuis, queixo saliente sobre o colarinho alto, bonito e elegante, pediu a palavra, tirou do bolso uma tiras de papel e falou.

O presidente sussurrou ao ouvido de Alfredo Pereira:

Quem é esse moço?

Um amigo de Pernambuco, que me veio recomendado pelo Teodureto Duarte. - Agarra-o para nós, precisamos dele.

Já está seguro. Vai ajudar-me no Reformador.

E assim foi. Durante vinte anos o Reformador (a revista espírita brasileira mais antiga), teve nele uma pena de mestre. O melhor de sua vida. Toda mocidade foi sacrificada à propaganda oral e escrita da filosofia que o empolgara desde o primeiro instante. Ninguém o excedeu em sacrifício de tempo, de saúde, de renúncia aos prazeres mundanos em holocaustos a Doutrina.

No dia 11 de abril de 1900 desencarna Bezerra de Menezes, então Presidente da Federação Espírita Brasileira, e Leopoldo Cirne, na qualidade de vice, assumiu a presidência da Casa de Ismael (Patrono espiritual do Brasil), cargo em que permaneceu até o ano de 1913.

Em 1911, Leopoldo Cirne inaugurou a nova sede da FEB, iniciada por ele. Ainda na gestão de Leopoldo, a FEB reuniu vários Centros Espíritas do Rio de Janeiro e de outros Estados, (na então Capital do Brasil), resultando desse encontro o programa unificacionista Bases de Organização Espírita, no dia 01 de outubro de 1904, que num processo de aperfeiçoamento na prática floresceu no Pacto Áureo 05/10/1949 e finalmente resultou na madureza do atual Conselho Federativo Nacional. Foi ainda no dia 04 daquele mês e ano que a FEB promoveu a comemoração do 1º Centenário de Nascimento de Allan Kardec.

O seu tipo físico nos é retratado pelo brilhante confrade jornalista, escritor e tradutor, Francisco Klors Werneck (hoje na espiritualidade) em carta que nos enviou, em 28/5/1973: Eu ainda não era espírita e me achava longe de o ser quando me encontrava na rua com um senhor alto, claro, calvo e de grandes bigodes, o qual, mais tarde, vim a saber que se tratava de Leopoldo Cirne, de saudosa memória.

As suas traduções de No Invisível e Cristianismo e Espiritismo do grande Léon Denis, veem tendo as suas reedições asseguradas pelo Departamento Editorial da FEB. Wantuil de Freitas considera Leopoldo Cirne como um dos grandes pensadores do movimento Espírita do País, sendo mesmo cognominado - O Léon Denis Brasileiro.

A sua desencarnação ocorreu no Rio de Janeiro-RJ, no dia 31 de julho de 1941. Já no mês seguinte, a revista Reformador, órgão oficial da Federação Espírita Brasileira, em edição que guardamos em nosso modesto arquivo, trazia em suas páginas aquele acontecimento, e das quais extraímos os seguintes dizeres:

(...) Tendo ainda, a serviço da inteligência e do coração, cujos dotes se consorciavam admiravelmente, o dom, precioso para um expositor de doutrina, de uma palavra fácil, correntia, eloquente por vezes e sempre clara e tocante, ele se afirmou, presidindo a Federação, exímio pregador e instrutor notável, a cuja penetração mental nenhum embaraço insuperável oferecia qualquer ponto da matéria que versava, por mais obscuro e intrincado que fosse.

(...) Por outro lado, em Leopoldo Cirne, teve o Espiritismo um escritor de muito merecimento. De pendor ingênuo para o jornalismo, manejando a pena com invulgar destreza, sabendo exprimir em estilo correto os pensamentos e desenvolver com clareza suas idéias e com apurada lógica na argumentação, o Reformador guarda, em suas coleções, enorme série de seus excelentes artigos, mesmo notáveis muitos, assim como estudos amplos e aprofundados das mais importantes questões doutrinárias e de assuntos filosóficos em geral.

(...) Por isso e porque sabemos que nada ocorre a revelia da lei divina, que tudo tem a sua razão de ser providencial, e, portanto, justa, não lhe lamentamos a partida, como o faríamos se a encarassemos do ponto de vista estritamente humano, senão que com ele nos congratulamos, por se lhe haverem aberto as portas do cárcere da carne, para lhe ser dado, conforme certamente ocorreu, comparecer diante do Mestre Divino, a dizer-lhe Aqui está, Senhor, o teu servo cumpriu o que lhe ordenaste, dispõe dele como aprouver a tua sabedoria e a tua misericórdia.

Fonte: Grupo de Estudos Avançados Espíritas (GEAE).
Bibliografia:
Grandes Espíritas do Brasil, Zeus Wantuil.
Bezerra de Menezes, Canuto Abreu.

O Dr. Leoni Kaseff, que teve o privilégio de, por alguns anos, privar da intimidade de Leopoldo Cirne, ao prefaciar o último livro desse seu amigo - O HOMEM COLABORADOR DE DEUS, obra que só em 1949, portanto, oito anos após a sua desencarnação, foi dada à publicidade, informa-nos que "Leopoldo Cirne lia muitíssimo e anotava, com sobriedade, suas impressões; que as melhores obras de religião, filosofia, ciência, arte e literatura eram-lhe familiares; que conhecia profundamente a Bíblia e a Imitação de Cristo, e que poucos terão estudado, como ele, esse “quinto Evangelho”; e mais ainda, que depois dos Evangelhos propriamente ditos, era, talvez, o livro que mais o atraía. Guardava-lhe capítulos inteiros e aplicava-lhe as máximas, até em situações imprevistas, com a segurança com que recorria às citações do Velho e do Novo Testamento."

Conforme consta do substancioso livro organizado por Zêus Wantuil e intitulado GRANDES ESPÍRITAS DO BRASIL, “Leopoldo Cirne possuía o dom precioso de expositor da Doutrina Espírita, e ele mais se afirmou, presidindo a Federação Espírita Brasileira, exímio pregador e instrutor notável, a cuja penetração mental nenhum embaraço insuperável oferecia qualquer ponto da matéria que versava, por mais obscuro que fosse.”

Pois que! A repulsa, que muitos experimentam, de resto louvando-se na atitude do próprio Allan Kardec, que fez criteriosas reservas acerca da admissibilidade, não da obra integral, mas do aludido ponto controverso, em admitir que o Cristo não houvesse revestido um corpo igual ao nosso, parecendo-lhes que nesse caso não teria experimentado as dores da crucificação e os sofrimentos físicos que a precederam, os quais teriam sido uma farsa, incompatível com a elevação do seu Espírito, é sumariamente verberada como um “nefasto personalismo"!

Quando muito dever-se-ia considerar essa apreciação unilateral do delicado assunto o resultado de um estudo completo, não feito com a profunda meditação que requer, completada com a súplica sincera de inspiração ao próprio Senhor Jesus, que deve ser feita por todo aquele que, amando-o verdadeiramente e penetrando-se dos divinos ensinamentos do seu Evangelho, deseja e necessita ser por Ele, o indulgente Mestre, esclarecido, a fim de o compreender e amar ainda mais na sua obra, na sua vida e também na verídica expressão da sua excelsa personalidade.

Mas increpar daquele modo, em nome de não sabemos que excessivo zelo, positivamente farisaico, o legítimo direito de divergir, da parte de quem só pode ser arguido de não ter feito do assunto um completo estudo, esgotando-o em seus múltiplos aspectos — e quem se poderá lisonjear de o haver feito desse modo? — seria o cúmulo da intolerância, estranguladora da liberdade de pensar, se antes não fosse, como estamos certos de o ter sido, o resultado de mais uma pérfida sugestão do Espírito das trevas, com o duplo fim de cavar mais fundas as rivalidades pessoais e doutrinárias entre irmãos e tornar a Sociedade, em cujo nome foram externados tais conceitos, odiosa perante os que se prezam de, livres pensadores, não aceitar senão o que, errado ou certo, esteja de acordo com a sua razão e consciência.

Não, não é assim que aos olhos dos crentes deve ser apresentada a Federação Espírita Brasileira, tanto mais que, dirigida por homens, sujeitos a errar, em caso algum poderia pretender o monopólio da verdade, nem sequer o de mais acertado discernimento, como o provam os dois seguintes fatos, com que encerraremos a serie dos, entre outros, ocorridos na nova fase de sua existência, demonstrativos da malévola pressão oculta exercida sobre os seus bem intencionados — não cessaremos de o reconhecer — mas inexperientes e invigilantes orientadores.

Leopoldo Cirne "Anticristo, Senhor do Mundo"
 

Fontes: César Perri - GEECX - Grupo de Estudos Espíritas Chico Xavier

Fontes: Luz Espírita - Espiritismo em Movimento

"Erguei o coração para o Alto e tende confiança no futuro que vem próximo. Porque eu vos anuncio a nova aurora de que são precursoras as, sombras que de todos os lados nos envolvem neste angustioso crepúsculo da história e da existência humanas."

Leopoldo Cirne "O Homem Colaborador de Deus"

"Estudemos e trabalhemos, amemo-nos e instruamo-nos, para melhorar a nós mesmos e para soerguer a vida que estua, soberana, junto de nós. A obra gloriosa do Codificador trouxe, como sagrado objetivo, a recuperação do amor e da sabedoria, da fraternidade e da justiça, da ordem e do trabalho, entre os homens, para a redenção do mundo."

"Instruções Psicofônicas", pág. 207. Edição da FEB, 1956.

 

RELAÇÃO DE OBRAS PARA DOWNLOAD

 

Biografia de Leopoldo Cirne

 

 Leopoldo Cirne - Anticristo. Senhor do Mundo (Resenha de Antonio César Perri de Carvalho)

 

Leopoldo Cirne - Anticristo. Senhor do Mundo (Obra rara digitalizada)

 

Baixar todas as obras no arquivo zipado