GEORGE VALIANTINE

O GRANDE MÉDIUM DA PNEUMATOFONIA

(VOZ DIRETA DOS ESPÍRITOS)

 

Pneumatofonia [do grego pneuma + phoné + -ia] - Comunicação verbal e direta dos Espíritos sem o concurso dos órgãos fonadores humanos. Voz direta.

Os Espíritos, podendo produzir ruídos e pancadas, podem naturalmente fazer ouvir gritos de toda espécie e sons vocais imitando a voz humana, ao nosso lado ou no ar. É esse fenômeno que designamos pelo nome de pneumatofonia. Segundo o que conhecemos da natureza dos Espíritos, podemos supor que alguns deles, quando de ordem inferior, iludem-se com isso e acreditam falar como quando viviam.

Biografia de George Valiantine:

Não existe uma biografia completa do médium George Valiantine mais pode se ler nas entrelinhas a sua vida e o seu trabalho mediúnico.

Mr. Herbert Dennis Bradley fez um minucioso relato da mediunidade de voz direta (Pneumatofonia) de George Valiantine, o conhecido médium americano.

Na obra de H. Dennis Bradley - Rumos às Estrelas, conseguiu relatar as diversas vozes espirituais ocorridas no seu próprio grupo doméstico.

É impossível exagerar os serviços que o trabalho dedicado e de auto-sacrifício de Mr. Bradley prestou à ciência psíquica.

George Valiantine chegou à Inglaterra a 1° de fevereiro de 1924, depois de um entendimento entre mim e De Wyckoff. Fomos ao seu encontro em Waterloo, donde o levamos de auto diretamente para Dorincourt; lá devia permanecer durante a sua estação na Inglaterra, sempre na mais completa ignorância das experiências psíquicas por mim feitas depois do nosso encontro além mar.

Valiantine é um homem de cinqüenta anos de idade. Lento e reticente; interessa-se por um número mínimo de coisas; crê naturalmente em espíritos, e tenho dificuldades em lembrar-me de outro assunto que ele discuta com fluência. Interpelei-o sobre a arte e a literatura americana: nada sabe. Consultei-o sobre teatro: idem. Igualmente desinteressado da vida comercial. Possui um vocabulário muito limitado e revela pouca noção do valor das palavras.

Quando inquirido por alguém sobre o que pensava de Londres, respondeu: “Uma cidade grande” - e foi só.

Contou-me que só depois dos quarenta e três anos veio a descobrir a sua mediunidade. Antes disso lembra-se de por várias vezes ter ouvido pancadas nas paredes e mesas, que ele atribuía a estalos da madeira.

Há uns sete anos, quando hospedado num hotel durante uma saída a negócios, ouviu na porta de seu quarto três pancadas muito distintas. Acendeu a luz; levantou-se da cama para ver quem era. Aberta a porta, não encontrou ninguém. Fechou a de novo. Mais três pancadinhas fizeram-se ouvir, dessa vez na parede do corredor. Foi novamente verificar quem era, e como não visse ninguém tocou a campainha de serviço. O criado assegurou-lhe que o corredor e o quarto contíguo estavam desertos.

Logo depois teve enseje de contar o fato a uma senhora dai suas relações, dedicada ao espiritualismo, a qual persuadiu ter com ela uma sessão em sala escura. Nessa sessão, a quem esteve presente sua mulher, recebeu, por intermédio da mesinha, uma mensagem de Bert Everett, seu cunhado falecido de algum tempo.

A partir daí gradativamente Valiantine desenvolveu a força mediúnica até chegar a ouvir a voz direta de Everett - o qual lhe recomendou o uso da corneta e mais coisas. Foi arranjada a corneta, e na noite seguinte pôde ouvir com perfeita clareza a voz do cunhado. Até aquele dia ignorara completamente o que fosse uma corneta acústica.

Estranhos fenômenos ocorreram depois disso. As cordas de um violino vibraram enquanto o traziam para a sala. Uma voz do além cantou com acompanhamento de guitarra.

Everett industriou-o o modo de organizar um gabinete onde pudessem ser obtidas materializações. Valiantine agiu de acordo e numa noite em que caiu em transe Everett materializou-se de corpo inteiro.

Fontes: H. Dennis Bradley - Rumos às Estrelas

Trechos da obra:

Antes do jantar, nesse sábado de junho de 1923, tive curta palestra com Valiantine. Psicólogo nato e estudioso do caráter das pessoas, formo minha opinião sobre os homens dentro de poucos minutos.

Até então jamais me encontrara com um médium, genuíno ou simulado, e por isso aquele me interessou como bem típico. Deu-me a impressão de um americano comum, simples no trato e no falar. Não sabia expressar-se com fluência; não revelava educação superior nem leituras. Mas não percebi nele os silêncios capciosos, as evasões hábeis ou a exuberância efusiva que trai os charlatões ou os piratas.

Tinha a voz normal e agradável, mas como que denunciativa de escassa educação. Anoto este detalhe pela importância que tem na seqüência desta história.

Fomos quatro para a mesa: De Wyckoff, Dasher, Valiantine e eu. A Lei Seca estava em vigor, mas apesar disso eu podia louvar a adega do meu anfitrião. Naquela noite, entretanto, só tivemos água gelada. Não gostei, mas apreciei a precaução; ninguém poderia atribuir ao álcool nada do que ocorresse.

Terminado o jantar e tomado o café, conversamos por meia hora mais ou menos sobre vários assuntos, nenhum deles ligado ao espiritualismo. Em seguida fomos para o quarto onde ia realizar-se a sessão.

Quarto de toalete, com ampla janela de sacada e porta para o banheiro - o banheiro que o separava do meu dormitório. Outra porta para o corredor. Mobília simples. Antes de aberta à sessão as portas foram fechadas e encostadas com móveis. Impossível a alguém entrar ou sair.

Dos quatro presentes eu podia atestar a integridade mental de três - a minha, a de De Wyckoff e a de Dasher; este jamais assistira a uma sessão espírita.

De Wyckoff colocou nos pulsos do médium uma fita fosforescente, de modo que pudéssemos no escuro discernir o movimento de suas mãos. Sentamo-nos em círculo, ou melhor, nos quatro cantos de uma mesa, afastados uns cinco pés um do outro. No centro colocaram-se duas cornetas de alumínio, com as extremidades fosforescentes.

Quando as luzes elétricas foram apagadas, tive a impressão de que tudo não passava de uma idiotice. Como pessoas inteligentes se submetiam a coisas tão infantis? Pus-me a imaginar de que maneira um homem fino como De Wyckoff pudera ser induzido a perder tempo com tais bobagens.

Quedamo-nos sentados e a conversar em tom natural sobre vários assuntos - mas é coisa insulsa isso de conversa de matar o tempo, sobretudo quando só entre homens. A hora se passava sem que nada sucedesse. Cantamos o “Tipperary”, o “John Brown's Knapsack”, o “Clementina” e outras coisas na moda que nos foram ocorrendo. Nenhum tinha voz aceitável, sendo a minha a pior de todas. Retomamos depois a conversa - e comecei a aborrecer-me e a filosofar sobre a estupidez humana.

Que pena! Perder meu tempo ali, quando na biblioteca existiam livros que eu desejava ler e uns conhaques que me sabiam tão bem. Muito preferível à rotina usual da vida àquela estulta exibição de imbecilidade.

Depois cantamos hinos. Isso foi pior. Podia ser ótima a intenção, mas sempre tive horror à miserável música dos hinos. Também lhes detesto os versos maus, e minha inteligência se revolta com o rastejante pedinchamento à Deidade. a qual até deve ofender-se com tão ineptas reiterações.

Vinte minutos se passaram assim. Se o propósito de tais cantorias era alcançar os presentes uma certa passividade mental, criando uma atmosfera de comunhão de pensamentos confesso que de minha parte o resultado não foi atingido.

Por felicidade a expressão do meu rosto não podia ser vista no escuro; meu nariz estava torcido demais e meus lábios só denunciavam desprezo.

Eis a minha atitude mental naquele momento; a princípio, meio interessado na “brincadeira”; depois, irritado; depois, com a irritação transformada em desprezo. Nenhuma esperança de ilusão, de encantamento, de exotismo; nada além de um cérebro frio já cansado com aquela excepcionalmente sorna exibição.

Foi quando, sem nenhum aviso, o assombroso aconteceu.

*

Sobreveio repentino e profundo silêncio, e senti a presença de alguém mais no quarto. Suave voz de mulher soou. Chamava-me pelo nome, e essa voz, vinda da distância de um metro à minha direita, revelou-se-me cheia de ternura.

Conservei minha calma habitual e o meu senso de observação. Não me senti nem de leve perturbado ou afetado, e foi em tom natural que respondi: “Sim”. Meu nome de batismo foi repetido duas vezes. A voz mostrava-se alegre como a de um amigo que revê outro depois de longa ausência.

- Sim, estou aqui. Que tem a me dizer?

- Ó, eu te quero muito, muito! exclamou a voz.

Essas palavras foram ditas num tom carregado de beleza e ternura. Muitas vezes na minha vida comum as ouvi equivalentes, simplesmente faladas ou declamadas pelas grandes atrizes, mas nunca com aquele indizível acento de ternura.

Meu espírito consultou a memória, na tentativa de achar no passado quem assim me amasse, mas nada descobriu.

- Poderá dizer-me quem fala? Indaguei.

- Annie, foi à resposta.

Tive num relâmpago a compreensão de tudo, mas com o natural ceticismo de quem pela primeira vez defronta o inexplicável, pedi que se identificasse melhor.

- Annie, sua irmã.

Sim, era ela, Annie! - e pusemo-nos a conversar em voz clara, perfeitamente audível, como conversam duas criaturas da terra; e mutuamente nos dissemos mil coisas maravilhosas.

O diálogo foi ouvido por todos os presentes, nenhum dos quais sabia das minhas relações com Annie, nem sequer que eu tivera uma irmã com esse nome, falecida dez anos atrás.

Eu e Annie tínhamos sido duas criaturas afins, com uma compreensão recíproca bem pouco vulgar entre irmã e irmão. E dado o meu temperamento inquieto, irritável, indagador e insubmisso, essa afinidade foi coisa que não senti para com qualquer outro membro da minha família.

Compreensão inexprimível, e nem sequer articulada, porque a articulação era desnecessária. Um pouco mais idosa que eu, Annie possuía muita leitura e um intelecto por demais desenvolvido para que os tolos a apreciassem.

Tinha a voz suave e finamente modulada, e sua dicção em público era única. Jamais encontrei mulher que falasse igual a ela.

Naquele momento, ao dirigir-se a mim depois de dez anos de separação, falou-me com todas as peculiaridades da sua maneira pessoalíssima de dizer. Cada sílaba tinha a enunciação perfeita de outrora; a entonação, a mesma.

Durante quinze minutos conversamos sobre assuntos que só a ela e a mim nos era dado conhecer.

Disse Annie que por vários anos tentara comunicar-se comigo; que nunca me abandonou; que sempre me tem guardado e acompanhado em minhas viagens. Sabia dos livros que eu escrevera e de outras coisas sucedidas depois de sua morte.

Disse que quando eu ficava só em meu quarto, a trabalhar, seu espírito vinha para meu lado e procurava facilitar meu pensamento. Ao discutir meus livros revelava doce e delicada timidez de voz. “Quando você está escrevendo, eu sempre procuro ajudá-lo:”.

Perguntei de sua vida no Além, e respondeu-me estar perfeitamente feliz. Vida sem dor - maravilhosa!
Estava radiante de ter descoberto meio de comunicar-se comigo. Conversamos tanto, e tão intimamente, que por fim nos sentimos vexados de estar tomando quase todo o tempo da sessão com uma palestra assim pessoal. A nota dominante na fala de Annie era a da alegria máxima - a alegria da eternidade, a magnificente alegria da sobrevivência, da certeza de progressos sobrenaturais, do conhecimento do que para nós é inconcebível.

Antes que se retirasse perguntei-lhe se viria conversar comigo na noite seguinte. Prometeu-me que sim.

Dissemo-nos “Boa-noite!” - e no ar soou o ruído de um beijo.

Fontes: H. Dennis Bradley - Rumos às Estrelas

O médium Leslie Flint com ectoplasma descansando em seu ombro

Foto tirada em 1972 com os membros da S.P.R.

Fontes: Canal Espírita Jorge Hessen (Documentário BBC - A Ciência e as Sessões Espíritas)

Fontes: Encyclopedia.com

Fontes: Espiritualidade e Sociedade 

"Começamos a sessão primeiramente num quarto dos fundos que serve de nursery ao meu filho mais novo. Empregamos o gramafone acompanhado do canto, processo que foi sempre o usado em todas as sessões tidas com Valiantine em Dorincourt.

Não estavam boas as condições. Muito barulho embaixo, nos cômodos dos criados e também no aposento contíguo. Mesmo assim tivemos a voz direta de Bert Everett, o guia de Valiantine, e mais uma tentativa de manifestação de outro espírito, que falou em língua estrangeira, indecifrável.

Em vista das más condições do recinto, passamo-nos para o meu gabinete, no andar térreo, onde, cinco minutos depois, Everett novamente se manifestou com voz que parecia vir do teto. As manifestações de voz direta constituem algo dramático, de modo que minha mulher sentiu-se uma tanto amedrontada."

Herbert Dennis Bradley "Rumo às Estrelas"

"De Wyckoff voltou-se para Valiantine e o viu envolto numa espécie de nimbo. Mrs. Caradoc Evans descreve esse nimbo como uma substância viscosa “em que se podia enfiar o dedo, sem que o dedo a furasse”. Apalpei o rosto e as mãos de Valiantine: frias como as de um morto. De Wyckoff, Bryans, Evans e eu - as mulheres já se haviam retirado - ficamos com ele ali no escuro talvez uma hora, até que voltasse à vida e fosse, meio carregado, para um divã no estúdio.

É fato cientificamente estabelecido que o ectoplasma provém do corpo do médium, e que o subitâneo choque da luz sobre o ectoplasma faz que ele reentre no corpo do médium com terrível ímpeto. Foi o que, me parece, aconteceu a Valiantine.

Valiantine foi para a cama; e como no dia seguinte sua perturbação continuasse, chamamos um médico, o Dr. Cooper, de Surbiton. Passou o dia todo na cama. Mas ficou bom, apesar da mancha roxa que ainda conservava no peito, aí de duas polegadas por três - evidentemente causado pelo choque do ectoplasma ao reentrar subitamente no corpo."

Herbert Dennis Bradley "Rumo às Estrelas"

"O Espiritismo - diz Allan Kardec - só estabelece como princípio absoluto o que está absolutamente provado, ou o que resulta logicamente da observação."

Allan Kardec "O Codificador da Doutrina Espírita"

 

RELAÇÃO DE OBRAS PARA DOWNLOAD

 

Allan Kardec - O Livro dos Médiuns (Obra de Allan Kardec - "O Livro dos Médiuns" - Segunda Parte - Das Manifestações Espíritas - Cap. XII - Da Pneumatografia ou escrita direta, da Pneumatofonia)

 

Biografia de George Valiantine

 

Herbert Dennis Bradley - Rumo às Estrelas PDF

 

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