SRA. ROGER - SONÂMBULA

a médium SONÂMBULA

Adélaïde Joséphine Roger

(1820 - 1883)

sR. FORTIER - O magnetizador

Jacques Auguste Fortier

(1803 - 1880)
 

OS PRECURSORES DO ESPIRITISMO

 

CSI do Espiritismo

Imagens e registros históricos do Espiritismo

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Os personagens:

Nas Obras Póstumas e o biografo de Allan Kardec o Sr. Henri Sausse [1] nos informam que o primeiro contato de Prof. Rivail com as "mesas girantes" foi através do Sr. Fortier, inicialmente através de duas conversas em 1854, e posteriormente, em 1855, depois de conversar com o Sr. Carlotti no início do ano. No mês de maio vai à casa da sonâmbula Sra. Roger, junto com seu magnetizador, Sr. Fortier. O resto da história todos também conhecem nas pesquisas de Canuto Abreu com a obra "O Livros dos Espíritos e a sua Tradição Histórica e Lendária" [1-A]. Mas não é informado o endereço da Sra. Roger. Aqui nós revelamos: Rue du Fauborg Montmartre, 33, também no 9º arrondissement, a menos de 500 m da casa do Prof. Rivail.

Na Société Philantropico Magnétologique eram o Sr. Millet (residente na Rua Saint Honoré, 373 do 8º arr em 1850 [6-A]) e o Sr. Fortier (Rua de Babylone, 68 do 7º arr tb em 1850 [9,10]).). Publicavam o jornal "L'Union Magnétique".

Para quem quiser pesquisar mais sobre estes dois personagens, recomendamos: "Bienfaits du Somnambulisme", de J. V. Collin, dedicado à Sra. Roger [2], mencionado ainda por Eugène de Ceyros na página 158 do "Le Magnétiseur" de Ch. Lafontaine de 1866 na pág. 303 [3], onde encontramos, em tradução livre: "Em cada página há curas perfeitamente bem-sucedidas, objetos perdidos, crianças sequestradas, homens afogados, que, por suas indicações, são encontrados.". Temos também outras informações na Gallica [4], onde aquele endereço é confirmado.

A partir de 1878, a Sra. Roger passa a atender na Av. de St. Ouen, 11; e depois no número 7 [5]. Seu primeiro nome se iniciava com "J", como vemos numa carta de 1855 nas págs. 38 e 36 [6], comentando seu julgamento de 1854 nas págs. 85 e 123 [7]: "Se é verdade que, como sonâmbula, fui consultada, é completamente impreciso dizer que fui sentenciada, nem sequer fui processada por fraude.".

Foi ainda julgada em 1876, conforme a Revista Espírita de junho de 1876 e na pág. 03 [8]: "O julgamento durou três horas. O resultado é que a prática da clarividência mesmérica não será mais considerada crime na França. Um passo adiante, e o próprio Espiritualismo será "fait accompli" (fato consumado) aos olhos da lei.".

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  O magnetizador Sr. Fortier e a sua sonâmbula a Sra. Roger:

L'Indépendant de Saint-Omer, le 06 out 1849

O Magnetismo

O grande magnetizador, Sr. Fortier, acaba de chegar a Saint-Omer na companhia de uma jovem sonâmbula, dotada, dizem, de extraordinária lucidez. Esses senhores se propõem a dar uma única reunião aqui.

O sonambulismo tem, como todos sabem, seus apóstolos fervorosos; também tem os seus detratores, e seus incrédulos. É uma coisa maravilhosa ou uma zombaria desprezível, a ciência do engano levada ao seu limite.

Na atualidade, o sonambulismo, banido por corpos eruditos, luta contra a energia e procura provar que produz efeitos maravilhosos, enquanto os grupos eruditos não produzem nada de valor, e isso não é uma razão suficiente para ser proscrito; ele afirma que o anátema científico lançado sobre ele hoje pela ciência pode muito bem se assemelhar a outros anátemas lançados sobre ele pela ignorância no passado. Por fim, ele luta como um homem perseguido e diz aos incrédulos: vejam ... isso é tudo que lhes peço.

É preciso admitir que é um argumento de uma certa força, e nos espantamos que, tendo podido ousar utilizá-lo, o magnetismo não tenha feito mais conversões do que já fez. Como a Academia de Ciências, por exemplo, depois de tantos experimentos, manifesta a intenção de viver na impertinência e fechar os olhos às luzes ao sonambulismo?

Este é um dos mil e um quebra-cabeças que ainda precisamos adivinhar. Se as sessões de Sr. Fortier e seu súdito nos explicam, ficaremos encantados. O fato é que, onde quer que esses senhores tenham operado, seu sucesso foi completo, cartas e numerosos atestados o atestam.

Bienfaits du Somnambulisme, de J. V. Collin

Fatos extraordinários produzidos:

Sessões particulares com Sra. Roger

Boulogne-sur-Mer, le 14 juillet 1850.

Nós assistimos a uma noite encantadora de magnetismo na sexta à noite, com Sr. Fortier na rue Vieillards 49.

Mesmo se fôssemos perfeitamente incrédulos, teríamos que nos convencer do poder do magnetismo que foram demonstrados pela Sra. Roger na realização de diversos experimentos.

A Sra. Roger, com os olhos perfeitamente vedados e mantidos sobre os olhos três lenços, jogou um jogo de cartas conosco, que ela ganhou, e anunciava uma após a outra, todas as cartas do nosso jogo.

Então, conversando com um soldado corajoso que veio falar conosco, e que perguntou a ela sobre as várias ações em sua vida, ela abruptamente apontou a sua mão, exclamando:

O que você tem aí? e carregando a sua mão esquerda em seu braço direito, ela indicou com a maior precisão o lugar de certas feridas do braço do oficial militar, as feridas das quais nem sabíamos de sua existência.

Lamentamos profundamente que a falta de espaço nos impeça de dar mais detalhes sobre esta noite muito privada, onde o sonâmbulo do Sr. Fortier demonstrou grande lucidez, e envolvendo pessoas que têm uma descrença robusta sobre o magnetismo. Pediu para ir visitá-lo; porque eles vão sairão todos convencidos.

Bienfaits du Somnambulisme, de J. V. Collin

Allan Kardec e a médium Sra. Roger:

Independência sonambúlica

1. — Muitas pessoas que hoje aceitam perfeitamente o magnetismo, contestaram durante muito tempo a lucidez sonambúlica; é que essa faculdade, com efeito, veio confundir todas as noções que tínhamos sobre a percepção das coisas do mundo exterior. Entretanto, de há muito tínhamos o exemplo dos sonâmbulos naturais, que gozavam de faculdades análogas e que, por um estranho contraste, jamais foram aprofundadas.

Hoje, a clarividência sonambúlica é um fato e, se ainda é contestada por algumas pessoas, é porque as ideias novas demoram a fincar raízes, sobretudo quando é preciso renunciar àquelas longamente acalentadas. Muita gente também pensava, como ainda hoje com as manifestações espíritas, que o sonambulismo pudesse ser experimentado como uma máquina, sem levar em conta as condições especiais do fenômeno.

Eis por que, não tendo obtido à vontade e no momento preciso resultados sempre satisfatórios, concluíram pela negativa. Fenômenos tão delicados exigem uma longa observação, assídua e perseverante, a fim de se lhes captar os matizes, frequentemente fugidios. É igualmente em consequência de uma observação incompleta dos fatos que certas pessoas, embora admitindo a clarividência dos sonâmbulos, contestam sua independência; segundo elas, sua visão não se estende além do pensamento daquele que os interroga; alguns pretendem mesmo que não há visão, mas, simplesmente, intuição e transmissão de pensamento, citando em seu apoio numerosos exemplos.

Ninguém duvida que o sonâmbulo, vendo o pensamento, algumas vezes possa traduzi-lo e dele ser o eco; nem mesmo contestamos que possa influenciá-lo em certos casos: houvesse somente isso no fenômeno, já não seria um fato bastante curioso e digno de observação? A questão, portanto, não é saber se o sonâmbulo é ou pode ser influenciado por um pensamento estranho, o que já não suscita dúvidas, mas se é sempre influenciado: isso é um resultado da experiência.

Se o sonâmbulo só diz o que sabeis, é incontestável que é o vosso pensamento que ele traduz; mas se, em certos casos, diz o que ignorais, contradiz vossa opinião e vossa maneira de ser, torna-se evidente a sua independência, não seguindo senão o seu próprio impulso. Um único fato bem caracterizado desse gênero bastaria para provar que a sujeição do sonâmbulo ao pensamento de outrem não é uma coisa absoluta; ora, há milhares deles. Entre os que são do nosso conhecimento pessoal, citaremos os dois que se seguem:

2. — Residindo em Bercy, na Rua Charenton, 43, o Sr. Marillon havia desaparecido desde o dia 13 de janeiro último. Todas as pesquisas para descobrir seu paradeiro foram infrutíferas; nenhuma das pessoas na casa das quais estava habituado a ir o tinham visto; nenhum negócio podia motivar sua ausência prolongada. Por outro lado, seu caráter, sua posição e seu estado mental afastavam qualquer ideia de suicídio. Restava a possibilidade de que tivesse sido vítima de um crime ou de um acidente; nesta última hipótese, porém, teria sido facilmente reconhecido e levado para sua casa, ou pelo menos, despachado para o necrotério.

Todas as probabilidades apontavam, pois, para um crime, nele se firmando o pensamento, tanto mais quanto o Sr. Marillon havia saído para fazer um pagamento. Mas onde e como o crime havia sido cometido? Ninguém o sabia. Sua filha recorreu, então, a uma sonâmbula, a Sra. Roger que em muitas outras situações semelhantes dera provas de notável lucidez, que nós mesmos constatamos.

A Sra. Roger seguiu o Sr. Marillon desde a saída da casa dele, às três horas da tarde, até cerca de sete horas da noite, quando ele já se dispunha a voltar. Viu-o descer às margens do Sena para satisfazer a uma urgente necessidade, sendo aí acometido de um ataque de apoplexia. Ela descreveu tê-lo visto cair sobre uma pedra, abrir uma fenda na fronte e depois rolar dentro d'água; não se tratou, pois, nem de suicídio, nem de crime; ainda havia dinheiro e uma chave dentro do bolso de seu paletó. A sonâmbula indicou o local do acidente, acrescentando que o corpo não mais se encontrava no local, em virtude de ter sido arrastado facilmente pela correnteza.

Encontraram-no, com efeito, no local assinalado. Tinha a ferida indicada na fronte, a chave e o dinheiro estavam no bolso e a posição de suas roupas indicava claramente que a sonâmbula não se havia enganado quanto ao motivo que o levara à beira do rio. Diante de tantos detalhes, perguntamos onde se poderia ver a transmissão de um pensamento qualquer.

3. — Eis um outro fato, onde a independência sonambúlica não é menos evidente.

O Sr. e a Sra. Belhomme, cultivadores em Rueil, à rua Saint-Denis, 19, tinham uma economia de aproximadamente 800 a 900 francos. Para maior segurança, a Sra. Belhomme colocou-os num armário, do qual uma parte era reservada a roupas velhas e outra a roupas novas; o dinheiro foi guardado no interior deste último compartimento; nesse momento entrou alguém e a Sra. Belhomme apressou-se em fechar o armário.

Algum tempo mais tarde, necessitando do dinheiro, convenceu-se de havê-lo posto juntamente com a roupa velha, visto ter sido essa a sua intenção inicial, imaginando que tentaria menos os ladrões; mas em sua precipitação, com a chegada do visitante, ela o pusera do outro lado. De tal modo estava persuadida de o haver colocado com as roupas velhas que não lhe acudiu a ideia de procurá-lo alhures; encontrando o lugar vazio, e recordando-se da visita, julgou ter sido notada e roubada e, assim persuadida, suas suspeitas recaíram naturalmente sobre o visitante.

A Sra. Belhomme conhecia a Srta. Marillon, da qual falamos mais acima, e contou-lhe a sua desventura. Esta lhe dissera de que maneira seu pai havia sido encontrado, sugerindo que procurasse a mesma sonâmbula, antes de tomar qualquer outra providência. Então os Belhommes dirigiram-se à casa da Sra. Roger, bem certos de que haviam sido roubados e na esperança de que lhes fosse indicado o ladrão que, em sua opinião, só podia ser o visitante. Tal era, pois, seu pensamento exclusivo. Ora, depois de minuciosa descrição do local, a sonâmbula lhes disse: “Não fostes roubados; vosso dinheiro está intacto no armário; apenas pensais tê-lo posto com a roupa velha, quando, na verdade, o pusestes com a roupa nova; retornai à vossa casa: lá o encontrareis.” Efetivamente foi o que aconteceu.

Ao relatar esses dois fatos — e poderíamos citar vários outros, igualmente conclusivos — nosso objetivo foi provar que a clarividência sonambúlica nem sempre é o reflexo de um pensamento estranho; que o sonâmbulo também pode ter uma lucidez própria, absolutamente independente. Disso resultam consequências de alta gravidade, do ponto de vista psicológico; aqui temos a chave de mais de um problema, que examinaremos ulteriormente quando tratarmos das relações existentes entre o sonambulismo e o Espiritismo, relações que projetam uma luz inteiramente nova sobre a questão.

Allan Kardec

Revista Espírita de novembro de 1858

"Quaisquer que sejam as apreciações de suficiente ignorância, o Sr. Fortier e seu súdito terão, por meio das muitas e maravilhosas experiências que tiveram em nossa cidade, fé fortalecida no mesmerismo. O Sr. Fortier goza, além disso, de um poder magnético verdadeiramente raro e da lucidez de sua sonâmbula atingiu até mesmo pessoas que, tendo os preconceitos mais desfavoráveis, certamente não provavelmente não será mistificado pelos hábitos e dos costumes da fofoca."

Bienfaits du Somnambulisme, de J. V. Collin

"Em toda parte, as sessões do magnetizador e de seu sonâmbulo foram coroadas com o mais brilhante sucesso. Mas é sobretudo neste ano, e em particular nas últimas semanas, que a segunda visão - e nós mesmos a experimentamos - se manifesta na Mme Roger com um precisão, clareza, constância verdadeiramente digna de prender a atenção de todos os que sabem e de todos os que duvidam. Paris pode estar cansada sobre os fenômenos, nada de extraordinário surge aí vislumbrado. A multidão também é grande com a pitonista: cientistas, literatos, artistas, médicos, vão todos os dias entrar em contato com ela e se retiram maravilhados. Os mais céticos são forçados a confessar as misteriosas verdades do agente nervoso. Feliz Sr. Fortier, se ele conseguir nos dar a chave do sonambulismo."

Bienfaits du Somnambulisme, de J. V. Collin

Fontes: CSI DO ESPIRITISMO - Imagens e registros históricos do Espiritismo (Acessar o Facebook) (Páginas contendo descobertas da Médium: Sra Roger | Magnetizador: Sr. Fortier)

Fontes: Allan Kardec.OnLine (Manuscritos Raros e Inéditos de Allan Kardec - Museu Virtual e Historiografia do Espiritismo)

 

RELAÇÃO DE OBRAS PARA DOWNLOAD

 

Carlos Seth Bastos - CSI do Espiritismo (A Médium Sra. Roger) (Sr. Fortier - O Magnetizador)

 

Bienfaits du Somnambulisme, de J. V. Collin (1868) (Fr.) (Compilação de dados da médium Sra. Roger)

 

Allan Kardec - Revista Espírita de Novembro de 1858 (FEB)  (Comentários de Allan Kardec sobre a médium Sra. Roger)

 

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