WILLIAM THOMAS STEAD

 Cartas de Julia

 

Uma Narrativa Pessoal

pelo HON. WILLIAM Thomas STEAD

 

William Thomas Stead

After Death Or Letters From Julia

 

A Personal Narrative

By the

Hon. William Thomas Stead

 

Chicago

1917

 

 OBRA RARA TRADUZIDA

 

Tradução: Luciene Maria Miquelon Nascimento

Revisão: Sandro Fontana

Versão digitalizada:
© 2017

 

Distribuição gratuita:

Portal Luz Espírita

Autores Espírita Clássicos

 

INTRODUÇÃO DO EDITOR BRASILEIRO

 

Fazer uma versão em português dessa famosa obra de William Stead foi um grande desafio. A tradução nada fácil de um inglês antigo, somado a forma como Julia escrevia nos pareceram como um grande muro a ser derrubado.

Essa obra já deveria ter sido traduzida à muito tempo, levei anos esperando por ela, até que o amigo Wanderlei teve a iniciativa e a ajuda de Luciene Maria Miquelon Nascimento na tradução. Me propus a ajudar, fazendo a revisão, pois os textos eram complexos embora Julia foi um espirito muito direto em suas afirmações.

O leitor que se debruça sobre esse material irá encontrar uma boa relação entre mediunidade e mensagem, algo muito similar aos trabalhos de Kardec. Na verdade vejo esse livro como um complemento ao trabalho de Kardec, podendo ser colocado lado a lado para ajudar a elucidar pontos ainda sombrios da Codificação Espírita.

Ao longo das declarações de Julia, será possível confrontar o relato antigo com as modernas pesquisas sobre EQM, sobre a transição de vidas e sobre o que ocorre em determinado estágio evolutivo no mundo espiritual.

A obra é importante também pois traz uma visão mais simplificada de Deus, ao menos do ponto de vista dela, onde relata algumas bases sólidas que se forem seguidas, não implicam em erro algum.

Leiam, assimilem e comparem seus conhecimentos com os que ela passou, embora seja mais uma opinião de um espírito, são ensinamentos de grande valia para a ajudar qualquer pessoa no mundo material.

Se não entenderem, por vezes, o lado “poético" dela, algo um pouco mais abstrato, tentem deixar a alma ler por si, o que está nas entrelinhas tem tanto valor quanto o que foi dito claramente.

Sandro Fontana - Revista Ciência Espírita

Prefácio da obra:

Há oito anos atrás, reuni e publiquei a série de mensagens contidas neste volume sob o título “Cartas de Júlia, ou A Luz da Fronteira, recebida pela escrita automática de alguém que já partiu.”

Desde então, o pequeno volume foi reimpresso seis vezes na Inglaterra, e pelo menos uma tradução apareceu no estrangeiro. Tenho recebido muitas cartas de gratidão de pessoas em todas as partes do mundo, que, depois de se lamentarem por seus mortos como aqueles que não têm esperança, sentiram ao ler este livro, como se os seus queridos perdidos estivessem na verdade retornando à vida. Eu não mudei uma palavra ou sílaba sequer das cartas.

Elas permanecem exatamente como foram impressas na edição original, onde foram reproduzidas a partir do manuscrito automático do autor invisível que usou a minha mão, passivamente como sua taquígrafa. Também deixei inalterada a introdução, explicando como essas cartas foram escritas. Mas mudei o título para um que fosse mais desafiador do que “Cartas de Júlia”, e que também indica mais explicitamente o tema do livro.

Pode me economizar alguma correspondência desnecessária se, ao introduzir esta nova edição das comunicações recebidas da minha amiga, a Senhorita Júlia, que “o que chamamos de morte” em 12 de dezembro de 1891, declaro uma vez por todas que a narrativa dada no prefácio é uma simples declaração de fato. Não há “indumentária” de qualquer tipo. A amiga a quem eu chamo Ellen ainda está viva. A Senhorita Júlia - era bem conhecida por muitos que estão em evidência em boas obras em ambos os lados do Atlântico.

Muitos persistem em relação ao nome Júlia como se fosse alguma denominação fantástica dada a uma entidade imaginária. Era simplesmente o nome cristão dado a minha amiga na infância, quando ela foi batizada e, como ela era conhecida, enquanto em seu antigo corpo, seus amigos continuam a chamá-la pelo mesmo nome. Não há mais razão para mudar o nome da pessoa, porque mudamos de corpos assim como quando mudamos de roupas. Eu não teria nenhuma hesitação em dar o nome completo de minha amiga com todos os detalhes a respeito de sua história de vida, se não fossem por duas razões.

Alguns de seus parentes podem se opor, e se eu publicasse seu nome completo eu deveria privar-me de uma vez de um teste muito simples; em primeiro lugar, quanto a não autenticidade das mensagens que professam vêm do pseudo "Júlia", e em segundo lugar, quanto à futilidade da ilusão popular de que as mensagens psíquicas estão sempre a ser explicadas pela transferência de pensamento.

O nome dela é, claro, perfeitamente familiar para mim, mas em uma dúzia de anos, de dezenas de videntes e médiuns de todos os tipos, os quais na hipótese da telepatia não deveria ter tido nenhuma dificuldade em leitura, o nome dela em minha mente, apenas dois puderam me dizer seu sobrenome.

Eu não tenho uma palavra para alterar ou modificar na declaração feita no prefácio original, onde atestei a minha crença absoluta na autenticidade das comunicações recebidas através de minha mão. Estou certo de que as cartas não procederam de minha mente consciente. Da minha mente inconsciente eu estava, é claro, inconsciente. Eu não consigo imaginar que qualquer parte do meu eu inconsciente, deliberadamente, praticasse uma brincadeira sobre a minha autoconsciência a respeito do mais sério de todos os assuntos, e mantê-lo ano após ano com a aparente sinceridade extrema e consistência.

A simples explicação que minha amiga me passou, de pode usar a minha mão como sua própria, me parece muito mais natural e provável. Eu tenho muitos amigos que, estando ainda em seus corpos, podem escrever com a minha mão automaticamente a qualquer distância. Se esta capacidade é inerente à alma do homem, independente do corpo, quando encarnado, por que deveria perecer diferente quando o manto do corpo é deixado de lado como uma roupa desgastada?

A Escrita telepática automática recebida daqueles a quem chamamos de pessoas vivas não provam que comunicações similares podem dar lugar após uma dessas pessoas se revestir da imortalidade, mas à medida que nos acostumamos a um modo de comunicação de pensamentos sem qualquer uso consciente ou visível do corpo do comunicador, ele elimina o principal obstáculo à aceitação de mensagens de pessoas cujos corpos físicos estão moldados ao pó.

Se as mentes dos meus amigos não precisam usar as próprias mãos para escrever por mim, mas podem controlar a minha mão para o efeito, enquanto eles ainda estão no corpo físico, por que eles deveriam perder essa faculdade apenas por estarem em um corpo espiritual? Não é o seu invólucro material que escreve com a mão a uma distância de centenas, ou mesmo milhares de quilômetros, mas há algo mais sutil e completamente independente do seu corpo e até mesmo a sua consciência física.

Como uma verdade notável, afirmada nestas mensagens, o retorno de um além-túmulo para informar à aqueles que permanecem por trás da vida, e da luz que o outro mundo lança sobre este, eu só posso dizer que acredito que seja verdadeiro. Aqueles que respondem por citar Shakespeare, dizendo sobre A Fronteira, a partir da qual nenhum viajante nunca retorna, podem ser eliminados com a observação de que o próprio Shakespeare era de uma opinião diferente. Se esse ditado é verdade, a religião cristã se baseia na falsidade, e não a religião cristã apenas.

O lembrete, recentemente concedido, que para os japoneses, a presença constante e consciente dos espíritos dos que partiram é tanto uma realidade de seu cotidiano, existência do trabalho diário, como sua artilharia e rigidez, pode fazer algo para reconciliar alguns dos nossos superiores cristãos modernos para uma reafirmação de uma das verdades fundamentais da fé em que professam crer. Quando minha amiga descreve suas próprias experiências após a morte, aceito suas declarações como aceitei sua descrição do que ela viu em Ober Ammergau um ano antes de morrer.

Ela sempre foi uma mulher verdadeira, e eu não acho que a mudança chamada morte seria susceptível de prejudicar a sua veracidade. Ao mesmo tempo não posso, por um momento, acreditar que suas experiências sejam aceitas como aquelas comuns a todos os que partiram. "Na casa de meu Pai há muitas moradas", e cada alma vai para o seu próprio lugar.

Além do que é peculiar ou pessoal para si mesma, duas ou três coisas comuns a todos parecem ser claramente afirmadas nestas mensagens. A primeira é que a morte não faz nenhuma interrupção na continuidade da consciência mental. Nossa personalidade persiste com um sentimento tão vívido de sua própria identidade, que muitas vezes, a primeira dificuldade é perceber que a morte ocorreu. A segunda é que o período de crescimento e provação da morte nada mais é do que a comparação de uma saída da escola, terminando um aprendizado ou se aposentando nos negócios.

O ambiente vai mudando, mas o princípio do crescimento, da evolução, do progresso infinito para a perfeição ideal, continua a ser a lei da vida. O terceiro é que ele não é apenas possível, mas legal, e não apenas legal, mas um dever absoluto por parte dos mortais para renovar e manter uma relação amorosa com os entes queridos que se foram.

Um dever tão imperioso imposto pelo coração amoroso não deve ser deixado de lado, citando textos inaplicáveis pelos quais o legislador hebraico, há três mil anos, tentou impedir os filhos de Israel de recorrer a espíritos familiares e a magia negra dos tempos primitivos.

Com tanta seriedade como qualquer escritor no Pentateuco, eu levanto a voz contra qualquer adulteração dos espíritos invisíveis e potentes do mal que aguardam a alma. Mas nossos amigos não se tornam demônios do mal simplesmente porque mudaram suas roupas físicas. Desse modo, os leitores dessas mensagens de além-túmulo devem formar sua própria opinião.

Pode-se perguntar por que, se este for o caso, eu não fiz nada para constatar o fato de que o minha amiga escreve muito. Eu estive disposto, mas não senti o chamado imperioso que me impede de afastar todos os obstáculos e dizer que deve ser feito.

Eu sou um homem público, imerso em assuntos públicos, e senti esse chamado em relação a coisas mundanas, o que não me deixou nem meios nem lazer para tentar encontrar o Bureau. Alguém que ler este livro, sinta-se convidado a cooperar em tal esforço, ficarei muito contente de ouvi-los, se tiverem sugestões práticas para fazer ou ajudar.

Muitas vezes me perguntam se eu ainda ouço minha amiga. Fico feliz em dizer que não houve quebra na intimidade das nossas relações. Eu tenho uma massa de outras mensagens, que algum dia eu possa peneirar e publicar. Mas as letras contidas neste pequeno livro são completas em si mesmas. Perguntei à minha amiga antes de escrever estas últimas frases se ela tinha alguma coisa a dizer. Usando minha mão, como ela já fez, ela escreveu:

“Eu só tenho que acrescentar uma palavra mais.”

“Tudo o que eu escrevi é verdadeiro e bom. Eu não tenho nada para alterar. Esses anos, que para você parecem tanto tempo, me têm sido apenas como um reluzente dia de verão feliz. Você vai continuar e vai ver quão verdadeiro é tudo o que eu já disse. Quanto ao Bureau, sou tão forte para ele como sempre. Mas talvez eu esteja errada ao pedir-lhe para realizar sua organização. Há outros com mais tempo e mais meios. Mas eu ainda sinto que, embora outros possam fornecer os meios e realizar a gestão, você é chamado a partir de então para ver que o Bureau está concretizado.

“Há uma coisa a mais que eu gostaria de acrescentar:

“Tudo o que escrevi sobre a alegria e a glória do Amor de Deus, que nos é manifestado cada vez mais, foi muito fraco, muito pobre para lhe dar qualquer idéia de como a Vida se torna transfigurada quando a atmosfera da Vida é Amor. - JULIA”

WILLIAM T. STEAD.

Moscou, 10 de outubro de 1905

Julia A. Ames foi jornalista, editora do reformador da temperança

(14 de outubro de 1861 - 12 de dezembro de 1891)

Fontes: Canal Espírita Jorge Hessen: Documentário BBC - A Ciência e as Sessões Espíritas (Documentário produzido pelo respeitado canal de televisão britânico BBC, no qual temos o resgate histórico daqueles foram os mais extraordinários eventos do século XIX: as manifestações espirituais, das quais brotaram, além da Doutrina Espírita, as grandes e revolucionárias invenções tecnológicas na âmbito das telecomunicações, como o rádio e a televisão)

Fontes: Revista Ciência Espírita (Sandro Fontana)

Fontes: Julia A. Ames (Wikipedia)

Em 14 de março de 1893, em um discurso aos membros da Aliança Espírita de Londres, William Thomas Stead fez sua primeira confissão pública de fé, narrando os detalhes de suas descobertas e experiências psíquicas.

"Estou convicto da existência do mundo dos espíritos, isso pelo fato de ter recebido, através de minha própria mediunidade, uma série de comunicações espíritas, atribuídas ao espírito de Júlia, as quais foram posteriormente publicadas no livro que alcançou grande repercussão, na qual denominei “Cartas de Júlia”.

A Mesa de Julia como ficou conhecida foi inaugurada no dia 24 de abril de 1909 aonde um pequeno círculo de sensitivos escolhidos por "Julia" se reuniu todas as manhãs, às dez horas da Mowbray House, St. Norfolk, Londres, estranhos não foram admitidos a este círculo. As sessões eram sempre realizadas em plena luz do dia.

Nos três anos de existência cerca de 1.300 sessões foram dadas na mesa.

Dizia ele então William Thomas Stead:

“Todas as Cartas de Júlia”, foram recebidas por mim mesmo aonde colocava conscientemente minha mão direita, na qual tinha uma caneta, à disposição de Júlia e observava com vivo interesse tudo quanto ela escrevia. Posso admitir, conforme afirmam meus detratores, que as “Cartas de Júlia” tenham sido simplesmente escritas pelo meu “eu” subconsciente, isso não rebaixaria em nada a verdade, nem diminuiria a força dessa eloqüente e comovedora prova em favor da vida superior. Quanto desejaria que o meu “eu” consciente pudesse escrever tão bem!.”
 

RELAÇÃO DAS OBRAS PARA DOWNLOAD

 

Allan Kardec - O Livro dos Médiuns (Obra de Allan Kardec - "O Livro dos Médiuns" - Segunda Parte - Das Manifestações Espírita - Da Natureza das Comunicações - Cap. X)

 

William Thomas Stead - Cartas de Julia (Obra rara traduzida)

 

William Stead - After death or Letters from Julia (1917) (Eng.)

 

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