O DOUTOR JAMES BRAID

O iniciador Da hipnose científica

 

Cunhou, em 1842, o termo hipnotismo

(do grego hipnos = sono)

(1795 - 1860)

(A QUESTÃO DO PASSE MAGNÉTICO E O MAGNETISMO)

Biografia de James Braid:

Cirurgião britânico nascido em Rylawhouse, Fife, na Escócia, que trabalhando em Manchester, iniciou métodos modernos de tratamento com hipnose, com base em termos científicos (1841) e, por isso cognominado de o pai da hipnose. Estudou medicina em Edimburgo e estabeleceu-se como cirurgião em Manchester onde ficou até morrer.

Ele se interessou por mesmerismo ou magnetismo animal, depois de assistir (1841) uma demonstração por Lafontaine (1803-1892). Depois disso ele começou a experimentar, demonstrar, dissertar e encorajar uma discussão aberta e crítica e obteve apoios e muitas críticas contrárias às suas ideias.

Enquanto alguns aderiam outros mostraram-se incrédulos no poder magnético que alguém poderia possuir. Homens comuns e mulheres não acreditavam nos efeitos hipnóticos e desconfiavam que algum artifício era envolvido.

Publicou suas teorias em Neurypnology (1843) e os detalhes de hipnotização vieram em seguida no Braid's Induction. Ele não desenvolveu uma teoria detalhada de Hipnotismo mas criou palavras como hipnotize, hypnotist etc e também usou o conceito de estado hipnótico.

Como escritor em hipnotismo e magia não fez uma escola, e a influência dele minguou depois de sua morte em Manchester, porém seu livro continuou sendo influente, especialmente na França.

Human Trinity Hypnotherapy

Magnetismo e Hipnotismo:

Histórico

No tempo de Ísis (Egito), os sacerdotes caldeus utilizavam os passes para o restabelecimento da saúde humana. No século XV muito se falava na simpatia magnética, designando um sistema análogo nas suas bases essenciais, ao que tinha sido formulado por Paracelso.

No século XVII Van Helmont, muito citado na Alta Magia, afirmava ter obtido curas valiosas com a aplicação do ímã e de placas metálicas nos corpos de doentes. Um contemporâneo dele, o jesuíta Hell, que também era físico de renome, obteve efeitos interessantes com a aplicação do ímã não só nos homens, mas também nos animais.

Até por volta do início do século XIX, a medicina era algo totalmente diferente do que conhecemos na atualidade e não havia uma nítida separação entre o médico, o curandeiro e o charlatão. Tal fato fez com que padres e até Reis do século XVI se auto intitulassem “homens de cura”. A iniciativa dos padres era bem óbvia, uma vez que naquele tempo o conhecimento estava centrado na mão da Igreja Católica.

Eram pouquíssimas as pessoas que sabiam ler e os livros, além de raríssimos, eram guardados nos monastérios. Os reis, por sua vez, eram privilegiados, pois detinham o poder financeiro e bélico e tinham acesso à educação e ao conhecimento de livros e tratados antigos que falavam, entre outras coisas, sobre como curar as doenças.

Atribuía-se uma verdadeira revolução na medicina do século XV às obras de Paracelso (1493-1541). Sua teoria magnética, ou Sistema da Simpatia Magnética, defendia que os ímãs, assim como eram capazes de atrair o ferro, também poderiam atrair certas enfermidades e doenças (Prado, 1967).

Durantes alguns séculos a aplicação de ímãs no corpo para curar enfermidades foi um dos tratamentos de saúdes mais populares que existiam. E o mais interessante ainda era que não faltavam relatos de cura de doenças, e melhoria dos sintomas após a aplicação da terapia magnética. Alguns padres jesuítas passaram a usar o “poder do ímã” até para realizar exorcismos.

“O ímã cura os fluxos dos olhos, dos ouvidos, do nariz e das articulações externas; por este mesmo método se curam as úlceras, as fístulas, o câncer e os fluxos menstruais. Também contribui para resolver as fraturas e cura a icterícia e a hidropsia, segundo a prática me tem demonstrado com frequência.” - Relato de curandeiros do Séc. XVI.

Foi a partir da posterior constatação, em 1786, de que os ímãs não possuíam qualquer propriedade curativa, que se abriu o caminho para uma nova explicação do porquê de algumas pessoas se diziam curadas.

Como resposta, os cientistas descobriram que a sugestão e a imaginação poderiam ser os responsáveis pelas curas. Ou seja, a “mente”, que por muitos anos fora deixada de lado pelos médicos naturalistas, que preferiam buscar explicação na anatomia e na fisiologia, passou a ser a principal suspeita de ser a responsável pelas curas.

Foi, contudo, Franz Anton Mesmer, médico, quem estudou os mistérios científicos até então cuidadosamente guardados em segredo pelos seus predecessores com sendo coisa de magia. Admitia Mesmer que, assim como o ímã, as mãos e os olhos de alguns indivíduos podiam irradiar um fluido especial proveniente do próprio organismo, com influência nos indivíduos e nos próprios animais.

As teorias mesmerianas foram combatidas em Viena, motivo por que Mesmer transferiu residência para Paris em 1778. Em 1779 ele publica a obra Magnetismo Animal, em que expõe a tese defendida até então, ou seja, a existência de um fluido que interpenetrava tudo e que dava às pessoas, propriedades análogas àquelas do ímã. Teve boa aceitação, mas depois caiu em descrédito.

Em 1784, o Marquês de Puységur, discípulo de Mesmer, descobrira Sonambulismo Artificial e em 1787 Pététin descobria a Catalepsia Artificial. Em 1841, Braid descobre o hipnotismo. Charcot o estuda metodicamente, Liebault o aplica à clínica e Freud o utiliza ao criar a Psicanálise.

O Magnetismo

Em Física: Fluido emanado do ferro magnético e dos ímãs, que tem a propriedade de atrair outros metais e de orientar a agulha magnética em direção Norte-Sul.

Teoria do Magnetismo Animal: Existe no indivíduo uma força latente que pode ser emitida mediante a ação da vontade. Esta força apresenta analogia com a eletricidade e o magnetismo mineral e existe em todos os seres vivos no estado estático e no estado dinâmico, circulando ao longo das fibras nervosas e irradiando para o exterior pelos olhos, pelas pontas dos dedos e pela boca, com maior ou menor intensidade da vontade.

Segundo Michaelus, o mesmerismo foi o arauto do magnetismo para a sociedade com suas vinte e sete proposições em “Memóire sur la découvet du magnétisme animal”, destacando-se: “essas propriedades podem ser transmitidas a outros corpos animados ou inanimados; a moléstia é apenas resultante da falta ou do desequilíbrio na distribuição do magnetismo pelo corpo”; e Rouxel em “Rapports du magnétisme et du Spiritisme” afirmou ser o “magnetismo uma transfusão de vida espiritualizada do organismo do operador para o paciente”.

O Hipnotismo

Deriva de Hipnose, palavra introduzida por James Braid em 1843. Provém da palavra gregahypnos, que na mitologia helênica significa Deus do sono, chamado Sommus pelos romanos. O termo não é feliz, uma vez que dá a errônea impressão de ser a hipnose igual ao sono. Hypnos quer dizer sono, mas os estados hipnóticos não são obrigatoriamente tranquilos e semelhantes ao sono. Braid, após propor o termo hipnose, observou que a mesma distinguia-se de um estado de sono, porém o termo já havia se consagrado.

O hipnotismo são os vários processos, pelos quais uma pessoa dotada de grande força de vontade exerce sua influência sobre outras pessoas de ânimo mais débil, numa espécie de êxtase (ou transe).

Nasceu com Braid o primeiro esboço da neurofisiologia da hipnose. Na realidade, há indícios do uso da hipnose desde tempos muito remotos, onde eram utilizadas induções hipnóticas nas várias civilizações, encontrando-se a mesma fenomenologia em muitas partes do mundo. Os hebreus, os astecas, os índios americanos chippewas e os araucanos do sul do Chile sabiam induzir o “sono mágico” e outras formas de transes grupais e individuais. Podiam produzir analgesia, gravar sugestões pós-hipnóticas e curar dores físicas ou psicossomáticas. Chiron induzia o estado de transe em seu grande discípulo Esculápio.

O “sono mágico” era usado tanto nos Templos do Sono egípcios, como individualmente por sibilas e oráculos. Andrade Faria, relata que num baixo relevo encontrado num sarcófago de Tebas, nota-se um sacerdote em pleno ato de indução hipnótica de um paciente. Os egípcios, os caldeus e os hindus realizavam induções através de rituais mágico-religiosos há milênios.

A Era Científica da hipnose começou com o alemão Franz Friedrich Anton Mesmer, que em 1775, diplomou-se em medicina onde apresentou sua tese de formatura “De planetarium influxu”, inspirada em ideias filosóficas e teosóficas do século XVI e XVII, como por exemplo as de Paracelso.

Defendia em sua tese que corpos celestes influenciavam na cura de doenças. Existiria um fluido ou energia universal interligando os corpos e os astros, sendo captado e emitido pelo ferro magnético. Aos poucos, Mesmer percebe que o ferro imantado não é necessário, pois parecia que ele mesmo podia emitir essa força magnética curadora recebida dos astros, a qual então ele passa a chamar de “magnetismo humano”, que podia ser transmitido em cadeia para outras pessoas.

O sensacionalismo e as perseguições, não permitiram a Mesmer introduzir suas descobertas nas universidades.

Mudou-se para Paris onde todavia se repetem os sucessos espetaculares e o insucesso científico. A repercussão das curas alcançada por Mesmer, leva o Rei da França, Luís XVI, a nomear uma comissão da Sociedade Real de Medicina e outra da Academia de Ciências para analisar métodos tão pouco ortodoxos. Foram convidados os maiores expoentes da cultura científica francesa, entre os quais Lavoisier, Benjamin Franklin, Jussieu e Guillotin. Apenas Jussieu não considera as curas maravilhosas como resultados da sugestão.

Podemos afirmar que a hipnose pode ser vista como “antes de Mesmer” e “depois de Mesmer”, embora o termo hipnose só tenha surgido com James Braid.

James Braid, com bases no mesmerismo, apresentando um quadro fisiológico, apresentou o hipnotismo moderno, definindo-o como: “o estado particular do sistema nervoso, determinado por manobras artificiais, tendendo, pela paralisia dos centros nervosos a destruir o equilíbrio nervoso”, entretanto, Charles Richet, ao descrever o seu método, afirmou: “o hipnotismo tratava-se de projetar o fluido magnético no corpo do paciente”.

O Hipnotismo moderno admite que o paciente fica hipnotizado por autosugestão e concentração mental, não havendo fluido algum. Os cientistas não aceitaram o termo magnetismo; preferiram o hipnotismo.

Apenas o hipnotismo é aceito pela ciência. Ficou assim prestigiado o hipnotismo através dos tempos pela ciência oficial e relegado o magnetismo com os seus passes as suas imposições e os seus fluidos para o monturo das teorias condenadas como obra do charlatanismo.

 Fontes: Michaelus, Magnetismo Espiritual, Editora FEB, 1967

Magnetismo e o Espiritismo:

Allan Kardec definiu o Magnetismo e o Espiritismo como ciências irmãs, como podemos confirmar no texto publicado na Revista Espírita:

“O Espiritismo liga-se ao magnetismo por laços íntimos, considerando-se que essas duas ciências são solidárias entre si. Os espíritos sempre preconizaram o magnetismo, quer como meio de cura, quer como causa primeira de uma porção de coisas; defendem a sua causa e vêm prestar-lhe apoio contra os seus inimigos.

Os fenômenos espíritas têm aberto os olhos de muitas pessoas, que, ao mesmo tempo aderem ao magnetismo. Tudo prova, no rápido desenvolvimento do Espiritismo, que logo ele terá direito de cidadania. Enquanto espera, aplaude com todas as suas forças a posição que acaba de conquistar o Magnetismo, como um sinal incontestável do progresso das ideias.” (Revista Espírita - Ano 1, 1858, pág. 421)

Ainda segundo Kardec, o Magnetismo preparou o caminho para o Espiritismo:

“O Magnetismo preparou o caminho do Espiritismo, e o rápido progresso desta última doutrina se deve, incontestavelmente, à vulgarização das ideias sobre a primeira. Dos fenômenos magnéticos, do sonambulismo e do êxtase às manifestações espíritas não há mais que um passo; tal é a sua conexão que, por assim dizer, torna-se impossível falar de um sem falar do outro. Se tivéssemos que ficar fora da ciência magnética, nosso quadro seria incompleto e poderíamos ser comparados a um professor de física que se abstivesse de falar da luz.

Todavia, como entre nós o magnetismo já possui órgãos especiais justamente acreditados, seria supérfluo insistirmos sobre um assunto que é tratado com tanta superioridade de talento e de experiência; a ele, pois, não nos referiremos senão acessoriamente, mas de maneira suficiente para mostrar as relações íntimas entre essas duas ciências que, a bem da verdade, não passam de uma.” (Revista Espírita - Ano 1, 1858, pág. 149)

Na época em que Mesmer realizava seus estudos relativos ao magnetismo animal, segundo ele mesmo afirmava, “as aparições maravilhosas, os êxtases, as visões inexplicáveis”, eram fontes de erros e opiniões absurdas. Segundo suas palavras, “a obscuridade que envolve tais fenômenos, acrescida da ignorância popular, favoreceu o estabelecimento de preconceitos religiosos e políticos em todos os povos.”

Ocorre que, para que a totalidade das aparições, êxtases e visões pudessem ser completamente esclarecidas, afastando as ideias supersticiosas, faltava, além do magnetismo, outra ciência: o espiritismo, que, ao acrescentar a intervenção dos espíritos, esclareceu os casos relativos à atuação desses seres.

A ciência do Espiritismo une-se ao Magnetismo Animal ao recuperar conhecimentos anteriormente classificados como superstição, milagre ou sobrenatural, trazendo-os ao campo da Ciência.

Em 1857, no Livro dos Espíritos, questão 555, Allan Kardec afirmou: “O espiritismo e o magnetismo nos dão a chave de uma imensidade de fenômenos sobre os quais a ignorância teceu um sem-número de fábulas, em que os fatos se apresentam exagerados pela imaginação. O conhecimento lúcido dessas duas ciências que, a bem dizer, formam uma única, mostrando a realidade das coisas e suas verdadeiras causas, constitui o melhor preservativo contra as ideias supersticiosas, porque revela o que é possível e o que é impossível, o que está nas leis da natureza e o que não passa de ridícula crendice.”

Por muitos séculos, os alucinados, sonâmbulos, médiuns e obsidiados foram considerados loucos e abandonados pela medicina. Ainda hoje isso ocorre. Muitos desses casos podem ser explicados pelo magnetismo animal. Outros, como os casos de obsessão, são explicados e tratados pelo espiritismo.

Em 1862, Allan Kardec afirmou: “Somos sabedores de que se tem pretendido curar, como atacados de alucinações, alguns indivíduos, submetendo-os ao tratamento a que se sujeitam os alienados, o que os torna realmente loucos. A medicina não pode compreender essas coisas, por não admitir, entre as causas que as determinam, senão o elemento material, donde, erros frequentemente funestos. A história descreverá um dia certos tratamentos em uso no século 19, como se narram hoje certos processos de cura da Idade Média.”

Em relação ao poder de curar pelo simples contato, questão esta levantada por Allan Kardec, no Livro dos Espíritos (questão 556), nos esclarece a espiritualidade (e faz ainda um alerta):

“A força magnética pode chegar até aí, quando secundada pela pureza doa sentimentos e por um ardente desejo de fazer o bem, porque os bons espíritos lhe vêm em auxílio. Cumpre, porém, desconfiar da maneira pela qual contam as coisas pessoas muito crédulas e muito entusiastas, sempre dispostas a considerar maravilhoso o que há de mais simples e mais natural. Importa desconfiar também das narrativas interesseiras, que costumam fazer os que exploram, em seu proveito, a credulidade alheia.”

Fontes: Mesmer, A Ciência negada e os textos escondidos - Paulo Henrique de Figueiredo - Ed. Lachâtre, Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos (Ano I - 1858) - Allan Kardec - Ed. FEB, O Livro dos Espíritos - Allan Kardec - Ed. FEB

Garnier - Les Secrets du Magnetisme et de L'Hypnotisme, Paris, 1910

Garnier - Les Secrets du Magnetisme et de L'Hypnotisme, Paris, 1910

Garnier - Les Secrets du Magnetisme et de L'Hypnotisme, Paris, 1910

Garnier - Les Secrets du Magnetisme et de L'Hypnotisme, Paris, 1910

Garnier - Les Secrets du Magnetisme et de L'Hypnotisme, Paris, 1910

Fontes: Canal Espírita Jorge Hessen (Revolução Espírita - O Fluido Vital Existe?)

Fontes: Portal - Magnetismo

Fontes: The James Braid Association

"Há quem diga que o ato de hipnotizar se filia à ciência de atuar sobre o espírito alheio, e, para que a impressão provocada, nesse sentido, se faça duradoura e profunda é imperioso se não desenvolva maior intimidade entre o magnetizador e a pessoa que lhe serve de instrumento, porquanto a faculdade de hipnotizar, para persistir em alguém, reclama dos outros obediência e respeito.

Exteriorizando-se em mais rigoroso regime de ação e reação sobre si mesma, a corrente mental dos assistentes capazes de entrar em sintonia com o toque de indução do hipnotizador passa a absorver-lhe os agentes mentais, predispondo-se a executar-lhe as ordens.

Semelhantes pessoas não precisarão estar absolutamente coladas à região espacial em que se encontra a vontade que as magnetiza. Podem estar até mesmo muito distanciadas, sofrendo-lhe a influência através do rádio, de gravações e da televisão.

Desde que se rendam, profundamente, à sugestão inicial recebida, começam a emitir certo tipo de onda mental com todas as potencialidades criadoras da ideação comum, e ficam habilitadas a plasmar as formas-pensamentos que lhes sejam sugeridas, formas essas que, estruturadas pelos movimentos de ação dos princípios mentais exteriorizados, reagem sobre elas próprias, determinando os efeitos ou alucinações que lhes imprima a vontade a que se submetem".

Fontes: André Luiz - "Mecanismos da Mediunidade" - Psicografia Francisco Cândido Xavier
 

RELAÇÃO DE OBRAS PARA DOWNLOAD

 

James Braid - Observations on Trance - Or, Human Hybernation (1850) (Eng.)

 

James Braid - Magic, Witchcraft, Animal Magnetism, Hypnotism and Electro-biology (1852) (Eng.)

 

Garnier - Les secrets du magnétisme et de l'hypnotisme dévoilés (1910) (Fr.)