JONATHAN KOONS E A SUA MULHER ABIGAIL

(CÍRCULO DA FAMÍLIA KOONS)

OS PRECURSORES DA DOUTRINA ESPÍRITA

 

Pneumatografia [do grego pneuma= ar, sopro, vento, espírito + grafo= eu escrevo] - Escrita direta dos Espíritos sem o concurso da mão do médium.

Médium Pneumatógrafo: Dá-se este nome aos médiuns que têm aptidão para obter a escrita direta,o que não é possível a todos os médiuns escreventes. Esta faculdade, até agora, se mostra muito rara (..) Conforme seja maior ou menor o poder do médium, obtém-se simples traços, sinais, letras, palavras, frases, e mesmo páginas inteiras.

 

ERNESTO BOZZANO

REMONTANDO AS ORIGENS

 

Ernesto Bozzano - En remontant aux Origens

“Jonathan Koons et sa “Chambre spirite”

“Dr. J. Larkin” (1852 - 1856)

Paris (1925)

Trechos da biografia:

Jonathan Koons era proprietário de uma modesta mas próspera granja, situada num distrito montanhoso (Monte Nebo) do Condado de Athens, no Ohio, a 72 milhas de Columbus, a capital do Estado.

Era pai de oito filhos e, até o começo do ano de 1852, a sua tranqüila existência decorrera absorvido inteiramente pelos seus deveres de pai e pelos cuidados da sua granja.

No ponto de vista de religião, a sua mentalidade, essencialmente submetida à razão, se tinha revoltado cedo contra a imposição, pela fé de certos dogmas ultrapassados e absurdos e, oscilando de uma revolta à outra, caíra finalmente em um ateísmo absoluto.

Entrementes, as famosas manifestações mediúnicas de Hydesville se tinham produzido graças à mediunidade das irmãs Fox e várias famílias dos arredores haviam organizado “círculos de experimentação” com o fim de obter manifestações análogas.

Uma família amiga de Koons havia tentado, por sua vez, a empresa, com bons resultados, e, certa noite, Koons deixou-se arrastar a uma dessas sessões.

As manifestações às quais assistiu não foram de grande importância, mas ele voltou a casa com a convicção de que as batidas (raps), de natureza inteligente, que ouvira não eram obra da ingênua mocinha que desempenhava a função de médium.

Convidado para ir a outros “círculos”, ficou surpreso ao ouvir repetir por todas as personalidades mediúnicas que ele, Koons, possuía faculdades mediúnicas. 

A experiência teve um êxito de modo a autorizar toda a esperança, e mais do que isso, de acordo com as declarações das entidades comunicantes, verificou-se que um dos filhos de Koons, chamado Nahum, de 18 anos de idade, caía em transe, escrevia automaticamente e falava por inspiração.

Eis em que termos se exprimiu o próprio Jonathan Koons a respeito das suas primeiras experiências:

“Obtivemos as manifestações mais notáveis e de maior força que se produziram em todo o distrito, apesar do que, no que me dizia respeito, não chegava a convencer-me de que essas manifestações eram obras de “espíritos desencarnados”, continuando a atribuí-las à “eletricidade” e à “biologia”.

Não podia adaptar-me à idéia da sobrevivência da alma. Reconhecia que certas manifestações eram maravilhosas, admitia não poder explicá-las, concordava em que entre elas havia algumas muito belas e elevadas, mas permanecia, assim mesmo, atormentado pelas dúvidas e seguia céptico, ao passo que a minha família e os meus amigos se pasmavam, ao contrário, de admiração, diante das comunicações angélicas que havíamos obtido.

Certo dia, finalmente, por meio da mediunidade de meu filho, as personalidades mediúnicas me disseram para construir, no jardim, um quarto de madeira, destinado exclusivamente às experiências, assim como uma mesa especial, tudo conforme planos e desenhos que me forneceriam.

Depois disso eu poderia obter todas as provas que desejava, de modo a convencer centenas de pessoas, cépticas como eu, a respeito da existência e da sobrevivência da alma.

Decidido a ir ao fundo do mistério, pus-me à obra e construí, no jardim, uma sólida cabana de madeira, assim como a mesa, seguindo escrupulosamente os planos fornecidos.

Depois disso, sempre conforme as instruções recebidas, coloquei papel e lápis sobre a mesa; fechei à chave o quarto, cuja porta selei, depois do que me pus em guarda diante dela.

Decorrido o tempo fixado, abri-a e entrei, quando então achei as folhas de papel cheias de uma longa mensagem a mim dirigida e que continha ensinos, conselhos, promessas encorajadoras, censuras amáveis ao meu cepticismo e ainda provas íntimas e eloqüentes que demonstravam que essa mensagem provinha de uma inteligência espiritual sábia e elevada.

Prossegui, durante várias semanas, nessas experiências, reunindo um número considerável de comunicações obtidas no silêncio e o mistério de meu “quarto espírita”, sem a menor possibilidade de qualquer intervenção humana.

Não é, pois, de surpreender que o meu inveterado cepticismo desaparecesse pouco a pouco e que as minhas perplexidades houvessem acabado por se transformar na certeza inabalável de que me achava nas mãos de uma falange de entidades espirituais sábias, poderosas e elevadas.

Certo dia, os “invisíveis” ditaram uma lista de instrumentos de música e outros artigos que eu deveria procurar para colocar no quarto, de acordo com as instruções que me seriam dadas...” o espírito começou a dar longas comunicação sobre vários assuntos espirituais, bem como concertos de instrumentos musicais.

Vizinhos de todo ele região começou a descer ao Monte Nebo, atraídos não só pelos rumores sobre o que estava ocorrendo, mas também porque a raquete feita pelos espíritos podiam ser ouvidos por um quilômetro em qualquer direção.

É preciso acrescentar que o fenômeno da “escrita direta”, do qual se pôde ler a descrição, tornou-se, em seguida, o mais habitual nesse círculo de experimentadores e que a maior parte do tempo, quando ele se produzia, todas as pessoas podiam observar a mão espiritual, fosforescente, que grafava a mensagem com prodigiosa rapidez.

Antes de prosseguir na exposição das outras manifestações obtidas no “círculo” de Koons, preciso dizer uma palavra sobre a natureza das personalidades mediúnicas graças às quais elas se produziram, explicações fornecidas por elas próprias relativamente às condições em que produziam os fenômenos e as posteriores instruções dadas para facilitar a sua realização.

Os “espíritos-guias” forneceram a Koons, além disso, as instruções necessárias para a construção de uma “máquina espírita”, com o fim de detectar e localizar a aura magnética dos médiuns e assistentes, aura indispensável para a produção das manifestações espíritas.

Registremos também que os “espíritos-guias” haviam fornecido a Koons uma receita para preparar uma solução fosforescente a ser colocada sobre a “mesa mediúnica” a fim de que as mãos materializadas pudessem mergulhar-se nela, tornando-se assim visíveis em todos os seus movimentos.

Antes de começar as suas novas manifestações objetivas, os “espíritos-guias” tiveram o cuidado de avisar que elas não tinham nenhum valor no ponto de vista da missão espiritual que lhes havia sido confiada, exceto como uma introdução necessária à missão da mesma, que elas não estavam destinadas senão a impressionar os homens de maneira a abalar-lhes o cepticismo e a levá-los a refletir sobre os mistérios do ser.

Não nos esqueçamos de que estes mesmos fatos verificaram-se, numa região vizinha, os famosos raps de Hydesville com as irmãs Fox, os quais marcaram o marco do surgimento da Doutrina Espírita.

A casa pobre de Koons passa a ser apedrejada, seus celeiros, as searas, os estábulos, são destruídos pelo fogo, seus filhos, mesmo os pequeninos, são vítimas de ciladas e voltam para casa marcados por agressões físicas.

A intolerância religiosa instiga os vizinhos, montanheses broncos e supersticiosos. Chega o dia em que Jonathan Koons não pode suportar mais. Reúne o que lhe resta, toma os filhos pelas mãos e parte.

Deixa para trás o lar rústico e hospitaleiro, onde lhe tinham nascido os filhos; o jardim bordado de flores agrestes, onde construíra a sua “câmara espírita”; atravessa as divisas de suas terras e envereda pelos ásperos caminhos do condado natal.

Praticamente perdera todos os seus bens materiais, produto de longos anos de luta contra a natureza renitente da montanha, com seus invernos impiedosos e a rejeição da terra malferida pela civilização.

Todavia não está vencido. Vai começar sua vida de missionário, vai transmitir aos homens, seus irmãos, as verdades que os Espíritos Superiores lhe haviam ensinado. É homem rijo! Enquanto lhe restar um sopro de vida, Jonathan Koons vai proclamar as revelações espíritas.

De aldeia em aldeia, de cidade em cidade, a família Koons vai oferecer sua mediunidade ao exame do público, sem jamais receber a paga de um simples “penny”. “Dai de graça o que de graça recebestes!”

Pobre, muitas vezes incompreendido, na dolorosa solidão dos que decidem viver por um ideal, Jonathan Koons foi o maior propagandista que o Espiritismo teve nos dias heróicos em que um outro singelo povoado, Hydesville, abalava a opinião pública americana.

Na história do Espiritismo, como tantos outros pioneiros, Koons avança em suas veredas missionárias e desaparece no horizonte do tempo. Nenhum autor informa onde recebeu da terra o lençol amigo para o seu corpo cansado.

Nandor Fodor sustenta que, recusando-se energicamente a vender suas excelentes faculdades, ensinando, pregando, deixando o público perplexo assistir às maravilhas do fenômeno mediúnico – só ele capaz de provar a mais alta verdade, a da sobrevivência, com todas as suas implicações, vivenciais e morais –, Jonathan Koons chegou ao seu amargo fim.

Ernesto Bozzano - Remontando as origens

Monte Nebo nos Estados Unidos (O local das manifestações espíritas)

Jonathan Koons e o seu filho Nahum

O violino utilizado durante as suas sessões espíritas

Nahum Koons filho de Jonathan Koons no ano de 1915

Fontes: Biblioteca Bozanno Debonni (Biblioteca Espírita Italiana)

Fontes: Portal - História do Espiritismo

"Antes de começar as suas novas manifestações objetivas, os “espíritos-guias” tiveram o cuidado de avisar que elas não tinham nenhum valor no ponto de vista da missão espiritual que lhes havia sido confiada, exceto como uma introdução necessária à missão mesma, que elas não estavam destinadas senão a impressionar os homens de maneira a abalar-lhes o cepticismo e a levá-los a refletir sobre os mistérios do ser."

Ernesto Bozzano "Remontando as origens"

"Nandor Fodor sustenta que, recusando-se energicamente a vender suas excelentes faculdades, ensinando, pregando, deixando o público perplexo assistir às maravilhas do fenômeno mediúnico – só ele capaz de provar a mais alta verdade, a da sobrevivência, com todas as suas implicações, vivenciais e morais –, Jonathan Koons chegou ao seu amargo fim."

Ernesto Bozzano "Remontando as origens"

 

RELAÇÃO DE OBRAS PARA DOWNLOAD

 

Biografia da Família Koons (Jonathan Koons)

 

Ernesto Bozzano - Remontando as origens (Círculo da Família Koons)

 

Emma Hardinge Britten - Modern American Spiritualism (1870) (Eng.) (Ver a História do Espiritismo em seus primeiros anos nos EUA)

 

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