Juliette Alexandre Bisson

(madame bisson)

A PESQUISADORA DO ALÉM-TÚMULO

(1862 - 1956)

 

Biografia de Juliette Alexandre Bisson:

Conhecida como Madame Bisson e definida por Mackenzie, que a conhecia, como “uma dama acima de qualquer suspeita não somente por sua classe social, mas também pela superioridade de seus sentimentos e de seu pensamento”, acolheu em sua própria casa, adotou e estudou atentamente por vários anos, a partir de 1909, a médium Eva Carrière.

Parece que entre as duas damas formou-se um vínculo psíquico interpessoal porque os fenômenos de materialização de Eva acabaram por depender, ao menos em grande parte, da presença da senhora Bisson, que a acompanhava em todas as sessões.

Na verdade, tais materializações aconteciam frequentemente partindo de uma massa ectoplásmica que vinha então modelada como se fosse argila, assumindo formas muito graciosas que traziam a ideia de estátuas vivas: e Bisson é uma escultora habilidosa.

Como seus pares, Eva foi acusada de fraude: os jornais muitas vezes lhe foram contrários, trazendo ao ridículo a estranha dupla que teria simulado os fenômenos, não por lucro, mas por fanatismo.

Todavia, o Barão de Schrenck-Notzing, que realizou experiências com elas por um longo período, e Mackenzie excluem definitivamente qualquer possibilidade de engano: Eva vinha despida, coberta de uma malha costurada na parte de trás e com um avental também costurado.

Além disso, as materializações eram obtidas frequentemente em plena luz do sol, formando-se e dissipando-se, ou reentrando no sujeito como ectoplasma, diante dos presentes.

Na Universidade Sorbonne, em 1922, Eva C. realizou 15 sessões perante a um grupo de professores materialistas frios e reconhecidamente ignorantes na matéria. Que buscaram de todas as formas negarem os fatos ocorridos com a médium.

Além disso, uma importante relação com o primeiro Congresso Metapsíquico Internacional de Copenaghen (1921), com documentações anexadas de Pierre Désirieux, Maurice Jeanson, René Duval, J. de la Blaccurelle, Anne Barbin e Jean Lefebvre. (A.F)

Deixou duas obras: Les fenomenes dits de matérialization (1921), Le médiumnisme et la Sorbonne (1923).

Fontes: L'Uomo e l'ignoto: Enciclopedia di parapsicologia e dell'insolito diretta da Ugo Dettore - ARMENIA EDITORE (pagine 182/183).

Tradutora do Biografia - Fabiana Rangel

Ernesto Bozzano

Materializações de Espíritos em Proporções Minúsculas

(1862 - 1943)



Caso 1

Começo a narração dos fatos reproduzindo a interessantíssima narração da Sra. Juliette Bisson. Escreve ela:

“Há 5 meses o engenheiro Sr. Jeanson, um dos meus assistentes, mostrou-se muito interessado pelas minhas experiências às quais ele assistia regularmente. Baseando-se nos fenômenos espontâneos obtidos por Eva em plena luz do dia (fenômenos assinalados em minha obra), ele me perguntou se eu aceitaria fazer sessões, à tarde, no grande aposento em que moro.

Confesso ter hesitado um pouco por causa da médium. Sabia que a experiência era possível, mas que causaria uma reação muito viva na médium e, por repercussão, uma fadiga muito intensa nela. Consenti, porém, reservando-me o direito de suspender a sessão se a médium não pudesse suportar esse gênero de experiências...

... Na hora atual, podemos trabalhar com a luz do meu atelier; víamos aparições de dia, sem inconvenientes.

Há algumas semanas, com grande surpresa nossa, depois de ter seguido com interesse a evolução de uma porção de ectoplasma que se desenvolvia em Eva, uma deliciosa mulherzinha de 20 centímetros de altura apareceu no meio dessa substância.

Essa mulherzinha deslizou de cima de Eva, avançou docilmente para nós e, continuando os seus movimentos, veio colocar-se nas mãos de Eva, fora das cortinas, depois nas mãos do Sr. Jeanson e, em seguida, nas minhas.

Passo à exposição dos fenômenos, lendo-vos a ata feita pelo Sr. Jeanson:

Sessão de 25-05-1921, às 16 horas e 36 minutos

Os assistentes são em número de seis. A Sra. Bisson adormece a médium. Esperamos três quartos de hora. No fim desse tempo, a respiração da médium se acelera, faz ouvir sons guturais e, em suas mãos, que, segundo o costume, não deixavam de ser seguras por nós, a Sra. Bisson à direita e eu à esquerda, aparece, subitamente, um pouco de uma substância cinza e branca, cujo volume aumenta, atinge o de uma tangerina, depois ovaliza-se e alonga-se de tal modo que o seu comprimento pode ter uns 20 centímetros e seu diâmetro 6 centímetros.

Nesse momento e em plena luz diuturna, a materialização se desprende das mãos da médium e dos fiscalizadores e se mostra um pouco acima. Cada um de nós verifica que a extremidade esquerda da materialização se transforma em cabelos muito finos e que a parte central se torna branca e muito clara. Ela se modela muito rapidamente e podemos todos reconhecer, admiravelmente modelada, a curva da cintura de uma mulher, vista de costas, como que engastada em uma ganga sem forma.

A parte branca se dirige rapidamente para a direita, depois para a esquerda e a substância se transforma progressivamente em uma mulherzinha nua, de forma impecável, na qual vemos surgir, sucessivamente, a cintura, as coxas, as pernas e os pés.

Da substância primitiva só restam alguns cordões cinzentos e pretos, enrolados no baixo ventre e dos quais não vemos os pontos de ligação. A pequena aparição é admirável de delicadeza; longos cabelos louros a cobrem, enrolados na cintura; seios descobertos; a parte inferior é de uma brancura notável.

A materialização tem 20 centímetros de altura; ela é perfeitamente iluminada pela luz que jorra através dos vidros de uma larga janela; ela é visível a todos. No fim de dois minutos, desaparece, depois se mostra de novo. Os cabelos estão dispostos de outra maneira, pondo-lhe o rosto à mostra.

Verificamos que as pernas têm movimentos próprios; uma delas se dobra, fazendo movimentar as articulações do quadril e do joelho. Ela desaparece bruscamente. Logo depois a substância branca ressurge nas mãos da médium, aí se mostrando, muito rapidamente, um delicado rosto de mulher, parecendo iluminado por uma luz que lhe é própria. É, em tamanho, cinco vezes maior do que a materialização precedente.

Admiramos-lhe o azul dos olhos e o carmim dos lábios. A aparição some. Introduzo minha mão livre pela abertura do saco e sinto então um contato indefinível que se pode comparar ao roçar que produziria uma teia de aranha. Pouco depois, a médium entreabre o saco: tornamos a ver a mulherzinha nua, estendida no avental da médium.

Ela é vista em sua forma primitiva, porém 5 centímetros menor; está deitada no regaço da médium, com a cabeça voltada para a esquerda. Os braços estão desembaraçados da cabeleira. A Sra. Bisson pede à aparição para mover-se, a fim de mostrar que está viva. Logo a pequena forma se agita e, sem mudar de lugar, move-se, mostrando, sucessivamente, o lado direito e depois a face.

Ela retoma a sua posição anterior. As pernas, que estavam à direita, deslocam-se e se cruzam à esquerda; depois, apoiando-se sobre as mãos, a forma faz um movimento ascendente à força dos músculos dos braços, assim como é clássico em ginástica, colocando-se de pé para tornar a deitar-se em nova posição, desta vez com a cabeça voltada para a direita.

A médium me segura a mão livre e, levantando-a à boca, faz-me explorar-lhe a cavidade, que acho inteiramente vazia. Durante esse tempo, a formazinha continua as suas evoluções, subindo e descendo, verticalmente, pelo peito da médium, como um ludrião.

Nesse momento, a médium retira as suas mãos das nossas e, segurando este corpozinho, deposita-o nas minhas mãos, a 40 centímetros de distância do saco. A aparição fica nas minhas mãos durante 10 segundos e cada um pode verificar-lhe a perfeição das formas. Esse pequeno corpo é pesado e o tato que dele tive é seco e suave, porém não me deu a impressão nem de quente nem de frio. Depois desaparece das minhas mãos.

Vimo-lo ainda um momento evoluir sobre os joelhos da médium, depois desaparece definitivamente. Deixamos a médium repousar alguns instantes, depois a revistamos e a estendemos em um divã próximo.

Essa sessão é inesquecível, quer pelo interesse dos fenômenos, quer pela admirável fiscalização.

Lida e achada absolutamente exata.

(Ass.) Juliette Bisson, Maurice Jeanson, Anne Barbin,
René Duval, Jean Lefebvre, J. de la Beaumelle

A Sra. Bisson comenta assim a ata dessa memorável sessão:

“Que significam essas manifestações? De onde saem elas? Que são? Muitas hipóteses foram arquitetadas, todas elas interessantes, ainda que uma só possa pretender ser a verdadeira. Se, como supõem os espíritas, são espíritos de desencarnados que nos vêm visitar, de que esfera desce essa mulher em miniatura de que acabo de falar? De onde provêm essas manifestações insólitas?

Se a teoria da ideoplastia, que ensina que a idéia em ação provém sempre do médium ou dos espectadores (para fazer uso de um termo já antigo) é a verdadeira, como explicar o papel quase negativo que representam os espectadores do ponto de vista da produção do fenômeno? Como explicar igualmente – sempre dentro da hipótese ideoplástica – o transe brutal da médium em horas imprevistas?

Como explicar, por exemplo, que, às 8 horas da manhã, Eva, ocupada, quer em seu toucador, quer em seu apartamento, caia bruscamente adormecida? Só tenho tempo de transportá-la para a sala das sessões, onde ela me dá uma materialização... Enfim, precisamos todos continuar com as nossas verificações e experiências, sem buscar dar um nome à força X que utilizamos durante os nossos estudos.

Todavia, somos obrigados a declarar que tal força é inteligente. É impossível, atualmente, afirmar que tal ou qual hipótese corresponde à realidade dos fatos. O que é inegável é a existência de uma força X, de uma “energia inteligente” que preside certas experiências, parecendo dirigi-las.”

O momento ainda não chegou de fazer seguir as considerações da Sra. Bisson pelas nossas. Com efeito, os processos da análise comparada, aplicados a alguns episódios dos casos de que tratamos, poderão apenas permitir-nos descobrir algum fundamento indutivo legítimo para a solução do problema.

Limito-me, então, a insistir no fato das condições experimentais literalmente irrepreensíveis, dentro das quais o fenômeno se produziu. Notarei que o ideal dos metapsiquistas foi sempre o de obter fenômenos físicos em plena luz diuturna e que dessa vez chegou-se a atingir o fim desejado.

Os experimentadores tiveram oportunidade de seguir a evolução de uma materialização minúscula, em todas as fases do seu desenvolvimento, desde o aparecimento de um núcleo de ectoplasma que, alongando-se e condensando-se, modelou-se como por encanto, sob os seus olhos, começando as suas transformações por uma das extremidades.

Viram surgir daí uma fina cabeleira loura que chegava até a cintura da forma feminina em miniatura, a qual, depois de toda formada, se moveu, levantando, deitando-se, subindo na médium e deixando-se colocar na palma da mão dos espectadores para desaparecer em seguida, bruscamente, e depois de reaparecer, não menos repentinamente, menor ainda. Essas circunstâncias eliminam, de modo absoluto, qualquer possibilidade de fraude, sendo, pois, absurdo duvidar-se da autenticidade dos fatos.

Ampliações dos rostos de duas das materializações minúsculas obtidas nas sessões

Aquele que duvidasse delas seria convidado a explicar como poderia reproduzir, pela fraude, semelhante manifestação, em plena luz do dia, na presença de seis pessoas e com um médium seguro pelas mãos. Que se poderia pretender ainda: Suponho que ninguém pensará em pôr em dúvida o fenômeno aqui relatado, estupefaciente que ele é.

Outros episódios análogos, que seguem, demonstram que o fenômeno de que se trata não é único em seu gênero: eles contribuem para torná-los mais assimiláveis às nossas mentes sempre obstinadas em querer circunscrever as possibilidades da natureza.

 Ernesto Bozzano - Materializações de Espíritos em Proporções Minúsculas

Juliette Alexandre Bisson

Les Phénomèmes dits de Matérialisation

étude expérimentale

 

avertissement de camille flammarion

préface du dr. j. maxwell

avec 165 figures et 36 planches

 

Paris

libraire félix alcan

108, BOULEVARD SAINT-GERMAIN, 108

1921

Juliette Alexandre Bisson - Les Phénomèmes dits de Matérialisation, Paris, 1921

Fotografia 01 - Aqui vemos o médium em materialização "Eva C" produzir ectoplasma - ou "teleplasma", como é muitas vezes referido - sob condições de teste controladas.

Os presentes neste experimento, conduzido 13 de março, 1911, incluiu Mme. Bisson, a irmã de Bisson, Prof. Charles Richet, M. de Fontenary e Prof. Schrenck-Notzing.

Juliette Alexandre Bisson - Les Phénomèmes dits de Matérialisation, Paris, 1921

Fotografia 02 - Uma face ectoplasmatica pode ser visto a partir excluindo o gargalo da forma materialização Eva C, que de acordo com a sua pertença a uma entidade chamada "Estelle".

Este experimento, realizado com Mme. Bisson e Prof. Schrenck-Notzing, como observadores, foi realizada 30 de dezembro de 1911.

Juliette Alexandre Bisson - Les Phénomèmes dits de Matérialisation, Paris, 1921

Fotografia 03 e 04 - Tomado pelo Prof. Schrenck-Notzing em 8 de maio de 1912, estas duas fotografias mostram uma estrutura ectoplasmatica semi-acabado notável preso em seu desenvolvimento. (Nota: a segunda fotografia é um close-up da primeira).

Os presentes incluem Mme Bisson, Prof. Schrenck-Notzing e sua esposa.

Juliette Alexandre Bisson - Les Phénomèmes dits de Matérialisation, Paris, 1921

Fotografia 05 - Aqui estão quatro micro-fotografias do cabelo de Eva C. (primeiro e terceiro a partir do topo) e o cabelo "de Estelle" o espírito (segundo e quarto a partir do topo).

(Nota: Eva C. foi a médium e "Estelle" era uma materialização - Veja na fotografia 2 )

Prof. Schrenck-Notzing disse: "Enquanto o cabelo de Eva C. mostrou completamente uma personagem morena, o cabelo retirado da cabeça pequena ("Estelle") foi loiro claro. Essa impressão é totalmente corroborada pelo exame químico e micro fotografias das amostras de cabelo de Eva C. e "Estelle" (o nome pelo qual o médium denota o rosto fotografado), que foi feita pelo Dr. Steiner em Munique ". Ele passa a concluir: "É, portanto, provável que ambas as amostras de cabelos pertencem a diferentes indivíduos."

Fontes: Survival After Death

Fontes: Institut Métapsychique International

"O Espírito, que quer ou pode fazer-se visível, reveste às vezes uma forma ainda mais precisa, com todas as aparências de um corpo sólido, ao ponto de causar completa ilusão e dar a crer, aos que observam a aparição, que têm diante de si um ser corpóreo. Em alguns casos, finalmente, e sob o império de certas circunstâncias, a tangibilidade se pode tornar real, isto é, possível se torna ao observador tocar, palpar, sentir, na aparição, a mesma resistência, o mesmo calor que num corpo vivo, o que não impede que a tangibilidade se desvaneça com a rapidez do relâmpago.

Nesses casos, já não é somente com o olhar que se nota a presença do Espírito, mas também pelo sentido tátil. Dado se possa atribuir à ilusão ou a uma espécie de fascinação a aparição simplesmente visual, o mesmo já não ocorre quando se consegue segurá-la, palpá-la, quando ela própria segura o observador e o abraça, circunstâncias em que nenhuma dúvida mais é lícita.

Os fatos de aparições tangíveis são os mais raros; porém, os que se têm dado nestes últimos tempos, pela influência de alguns médiuns de grande poder e absolutamente autenticados por testemunhos irrecusáveis, provam e explicam o que a história refere acerca de pessoas que, depois de mortas, se mostraram com todas as aparências da realidade.

Todavia, conforme já dissemos, por mais extraordinários que sejam, tais fenômenos perdem inteiramente todo caráter de maravilhosos, quando conhecida a maneira por que se produzem e quando se compreende que, longe de constituírem uma derrogação das leis da Natureza, são apenas efeito de uma aplicação dessas leis"

Allan Kardec "O Livro dos Médiuns -  Cap. VI - Manifestações Visuais"

 

RELAÇÃO DE OBRAS PARA DOWNLOAD

 

Biografia de Juliette Alexandre Bisson

 

Juliette Alexandre Bisson - Les Phénomèmes dits de Matérialisation (1921) (Fr.)

 

L'Écho du Merveilleux - Revue bimensuelle - (01 Janvier 1914) (Les matérialisations de Mme Juliette Alexandre-Bisson)