
revista VERDADE E LUZ
revista mensal De
ESPIRITUALISMO SCIENTIFICO
orgam da instituição
christan verdade e luz
DireCtor
responsAveL: Antonio Gonçalves da Silva BatuÍra
COLLABORADORES DIVERSOS
administração e redação
rua espírita nª 28
SÃO PAULO
/ BRASIL
(1905 -
1908)
Criação do periódico
Verdade e Luz:
Em 1889, Batuíra passou a
ser o agente exclusivo do Reformador na cidade de São Paulo, advindo daí,
talvez, o despertar do pioneiro espírita para a necessidade de dotar São Paulo
de seu próprio órgão de propaganda e que pudesse registrar as atividades do
movimento na época.
Antes que Batuíra
conseguisse viabilizar o periódico Verdade e Luz, poucas tentativas e efêmeras
tiveram os paulistas em criar uma imprensa espírita no Estado, apesar de que já
estivesse a Doutrina se solidificando em terras bandeirantes.
Assim, relacionamos duas
dessas tentativas, inclusive para situar a importância que teve o Verdade e Luz
para a defesa da Doutrina em São Paulo. São eles:
União e Crença — Areias,
publicação mensal, propriedade do Grupo Espírita Fraternidade Areense. Fundado
em 24/03/1881. Foram seus editores: Cel. Joaquim Silvério Monteiro Leite e
Afonso da Távora. Pugnou pela união da família espírita, ao tempo um tanto
dividida entre místicos e científicos. Preferiu divulgar o Espiritismo na forma
que melhor cabe aos brasileiros: religião.
Espiritualismo
Experimental — Capital. De vida efêmera, parece que o primeiro exemplar circulou
em setembro de 1886. Periódico mensal, fundado e dirigido por Francisco dos
Santos Cruz Júnior, assim se definia: órgão consagrado a todos os ramos do
conhecimento humano e, especialmente, à Ciência Espírita. Teve como
representante no Rio de Janeiro o português Augusto Elias da Silva, fundador do
Reformador em 1883. (*)
(*) Informações
encontradas no trabalho 70 anos de Imprensa Espírita em São Paulo, de Eduardo
Carvalho Monteiro, constante do livro Sinal de Vida na Imprensa Espírita.
Em 1890 Batuíra adquiriu
uma tipografia, que passou a denominar-se Tipografia Espírita e, em 25 de maio
de 1890, lançou o primeiro número do jornal Verdade e Luz no formato 26x38, com
4 páginas a 3 colunas e tendo o próprio como editor. Seus primeiros pontos de
venda foram duas charutarias na Rua São Bento e no Largo do Tesouro, sendo o
fruto da venda destinado à assistência social. Seu excêntrico expediente, no
frontispício da primeira página, dizia o seguinte:
Sendo o nosso periódico de
propaganda do Espiritismo, e por isso da religião cristã, declaramos aos nossos
rivais que o receberem, não serão considerados assinantes sem que
espontaneamente enviem seus nomes a esta redação e, por isso, dispensados de
devolver os que tiverem recebido.
Só desejamos ser
auxiliados por aqueles que aceitarem ou simpatizarem com a nossa doutrina, e é
só destes que esperamos proteção. Entendemos que as doutrinas devam ser
sustentadas somente pelos seus adeptos.
Assina-se na Rua
Independência n° 4 (antiga Lavapés). Preço da assinatura até 31
de dezembro de 1890: 2.000 réis.
Na última página
divulgavam-se os dias das reuniões públicas: quintas e domingos às 19 horas,
sendo neste último apresentada palestra sobre o Evangelho segundo a Ciência
Espírita.
Abrindo o ano de 1900, o
primeiro exemplar já apresentava um frontispício mais elaborado com as frases
Sem Caridade não há Salvação e Nascer, Viver, Morrer, Renascer ainda e Progredir
Sempre, tal é a Lei. Auto definindo-se como Orgam do Espiritualismo Scientifico,
trazia o nome de seu diretor responsável.
A princípio, o jornal saía
com a tiragem de 2 a 3 mil exemplares, a qual foi crescendo até atingir a
fantástica marca de 15.000 exemplares em 1897, diminuída em 1900 para não menos
surpreendentes 6.000 exemplares. Nos últimos anos da direção de Batuíra, o
Verdade e Luz passou a ter o formato de revista (16x22, com 32 páginas a 1
coluna) e sair mensalmente. Não sabemos se o periódico circulou após o
desencarne de Batuíra, mas tudo indica que não, por muito tempo, face às
dificuldades financeiras encontradas por seus sucessores. Em dezembro de 1922,
já sob o comando de Lameira de Andrade, voltou a circular quinzenalmente em
formato de revista.
Além de traduções de
periódicos estrangeiros e de noticiários nacionais, o jornal (depois revista)
Verdade e Luz inseriu em suas colunas as colaborações originais de muitos
espiritistas brasileiros, entre outros, Ewerton Quadros, Anália Franco, Augusto
José da Silva, Valado Rosas, Urias, Pitris, Paulo Vero, Manuel José da Fonseca,
Luís Ferreira, Edla de Morais Cardoso, Antônio Pinheiro Guedes, João Lourenço de
Sousa, Traumer, Casimiro Cunha, Modesto de Araújo Lacerda e Silvestre
Evangelista dos Santos.
Se por um lado o
desprendimento de Batuíra, investindo muito dinheiro no jornal, auxiliava na
divulgação da Doutrina Espírita por distribuí-lo quase gratuitamente, por outro,
comercialmente, era um desastre, pois consumia suas economias e seu patrimônio
cada vez diminuía mais.
Desta maneira, o
Reformador, de 2 de novembro de 1899, noticiou algumas providências tomadas pelo
Editor do Verdade e Luz para equilibrar seu orçamento:
Em uma longa exposição de
motivos esse nosso colega de São Paulo cabalmente justifica a resolução que é
obrigado a tomar, cessando a distribuição gratuita da sua folha e passando a
cobrar os preços que reproduzimos em seguida, mas continuam excetuados os
Governadores dos Estados da República, as associações literárias, gabinetes de
leitura, lojas maçônicas que o reclamem e as bibliotecas públicas do país.
Em seu Ano XVII, já como
hebdomadário da Instituição Cristã Verdade e Luz, no formato revista, eram os
seguintes conceitos em sua apresentação: Todo efeito tem uma causa. Todo efeito
inteligente tem uma causa inteligente. A potência da causa inteligente está na
razão direta da magnitude do efeito. Não há culto mais elevado que a Verdade.
Em sua requisitada obra A
Imprensa Periódica de São Paulo (*), Affonso de Freitas infelizmente se baseou
num mal formulado e preconceituoso necrológio de Batuíra, para assim se referir
ao grande líder espiritista:
(*) Editada pelo
Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, 1915.
"Antônio Gonçalves da
Silva Batuíra, homem morigerado que em São Paulo conseguiu, após longos anos de
trabalho honrado e pertinaz, reunir avultados bens de fortuna, era um espírito
crédulo e bom, porém mal-orientado, e os 17 anos de jornalismo sectarista
absorveram-lhe toda a fortuna com tanto labor acumulada, vindo ele a falecer a
21 de janeiro de 1909 nas vizinhanças da miséria".
Longe de ser
"mal-orientado", Batuíra foi, isto sim, um dos próceres do movimento espírita do
passado. Admirado até mesmo pelos adversários do Espiritismo, sua fé inabalável
aliada à grande extensão de sua obra caritativa e de divulgação da Doutrina
Espírita, fez dele um grande vulto até hoje admirado pelos espíritas.
Batuíra transferiu em
março de 1905 a redação e as máquinas da Revista Verdade e Luz para a Rua
Espírita n° 28.
Uma pequena análise nos
permitimos fazer, apesar dos poucos e dispersos números que tivemos a
oportunidade de compulsar do periódico Verdade e Luz.
O jornal se iniciou fruto
do idealismo de Batuíra e incorporando tendências ufanistas. No começo não tinha
uma linha editorial definida, fruto da inexperiência de seu fundador, além de
critérios técnicos. Quanto ao conteúdo, apresentava artigos proselitistas ou
numa linha de combate ao catolicismo.
Aos poucos a inexperiência
vai sendo suprida e o jornal assume uma linha editorial mais definida, alguns
colabora-dores de peso, mas mantém uma característica de jornal espiritualista,
seguindo uma tendência da época e falando de assuntos como maçonaria, teosofia,
astrologia, etc... Por terem na Igreja Católica uma adversária comum,
livres-pensadores e espiritualistas em geral eram unidos entre si, misturando
suas teorias e forçando uma mútua identificação que nem sempre existia.
Ao assumir polêmicas em
favor do Espiritismo, principalmente entre Batuíra e as Damas da Caridade da
Diocese, cremos que o jornal encontrou o seu ponto de equilíbrio, pois juntos
vieram os artigos traduzidos mostrando as experiências do Espiritismo científico
por parte dos grandes sábios.
Estas, bem dosadas com
matérias com análises evangélicas e notícias em equilíbrio de espaço e destaque,
a partir de 1900 faziam do Verdade e Luz um jornal dinâmico e interessante de
ler. Para a divulgação da Doutrina, sua credibilidade e as altas tiragens que
alcançava eram de excepcional valor.
Ao desencarnar, Batuíra
deixou um ótimo periódico em seu conteúdo, apresentando-se como uma Revista
Mensal de Espiritualismo Científico e realmente o era, boa apresentação em 32
páginas de substancioso Espiritismo.
Também instalou Batuíra
junto à Redação uma Livraria Espírita, dispensando-se de receber lucro sobre as
vendas para facilitar o acesso às obras a um maior número de pessoas. Vendia não
só obras em português, como importadas da Europa, América do Norte e países
latinos.
Como bom propagandista,
Batuíra espalhou gratuitamente prospectos e folhetos de propaganda do
Espiritismo, por ele próprio impressos, e distribuiu milhares de livros pelo
interior do País, tantos, que, de acordo com as próprias palavras dele, muitas
vezes ficaram esgotados nas livrarias dos Srs. Magalhães e Laemmert.
Eduardo Carvalho Monteiro
- Batuíra, Verdade e Luz.

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Verdade e Luz - Revista quinzenal de
espiritualismo scientifico - ANO 1905

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Verdade e Luz - Revista quinzenal de
espiritualismo scientifico - ANO 1906


Verdade e Luz - Revista quinzenal de
espiritualismo scientifico - ANO 1908
Fontes:
Hemeroteca Digital - BNDigital - Biblioteca Nacional
Fontes:
CCDPE-ECM - Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do
Espiritismo - Eduardo Carvalho Monteiro

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scientifico - ANO 1905
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