AS VIDAS SUCESSIVAS

(MEMÓRIA)

 

Congresso Espírita Internacional de Londres 1898

 

POR

GABRIEL DELANNE

 

Delegado do “Comitê de Propaganda” nomeado pelo Congresso Espírita de 1889, da Seção Francesa da “Federação Espírita Universal”, da “Federação Espírita Lionesa e da “União Kardequiana Italiana”, e Diretor da Revue Scientifique et Morale du Spiritisme.

 

Barcelona, San Martin
Estabelecimento Tipográfico de Juan Torrents
Calle del Triunfo, nº 4
(1898)
 

OBRA RARA TRADUZIDA

 

Tradução: Joana de Portugal

Revisão e Formatação: Irmãos W. e Ery Lopes

 

Versão digitalizada
© 2021

 

Distribuição gratuita:

Portal Luz Espírita

Autores Espíritas Clássicos

Prefácio:

Avizinham-se os tempos em que como disse Galileu, "não há nada oculto que não deva ser conhecido", nós temos disso os primeiros sinais, ou melhor, já se passaram os primeiros sinais, e vamos testemunhar o majestoso desfile das comprovações axiomáticas.

Olhando para trás, vemos brilhar na aurora dos tempos uma quase imperceptível estrela que guiava os homens para o conhecimento do seu ser e do seu destino, e que os fazia pressentir uma vida eterna, um eterno desenvolvimento para o seu ego, que apesar de ser pobre em desenvolvimento, o reconheciam capaz de maiores empreendimentos. Esse presságio, essa esperança fortificante traduziu-se rapidamente no mental na indução filosófica do mais além, que segundo os tempos e os povos, foi pouco a pouco depositando-se, ou então, ficou estacionada nas mesmas caóticas trevas dos seus primeiros indutores.

Nós não temos motivo para nos ocuparmos com o inferno e o paraíso de todas as religiões, nem temos tampouco que nos sujeitar as metempsicoses apresentadas e sustentadas por diferentes filósofos. Basta-nos, em consonância com o autor das páginas que se seguem, deixar claro que a história nos revela que a ideia da imortalidade e das vidas sucessivas foi aceita em todos os tempos e teve sempre muitos, decididos e esclarecidos defensores.

Isto já é algo, já é muito; mas não é o suficiente para sustentar a partir dela nenhum princípio com caráter de axioma. É peculiar os gênios anteciparem-se ao progresso do seu século, e predizer, por uma espécie de visão profética, o que só encaixa na realidade, depois de transcorridas muitas gerações. Disso temos inúmeros testemunhos na cronologia de todas as invenções e descobertas, e isto obriga a razão a render homenagem ao talento.

Mas é muito fácil confundir as centelhas do engenho com os delírios da imaginação, a visão profética a que há pouco nos referíamos com o entusiasmo prematuro desprovido de qualquer fundamento. Assim, se explica a preponderância que adquiriu a imaginação sobre a razão dos nossos antepassados de alguns séculos atrás, e assim se explica que o positivismo do nosso século, nu, descarnado, quase anatômico, defendendo a todo o custo a razão, não admita nada, absolutamente nada, que não tenha uma comprovação tão real, tão positiva como o 2 + 2 da matemática. Os grandes abusos impõem absolutas continências.

Ficaram, pois, no início do nosso século e pelas legítimas exigências do positivismo, abandonadas quase por completo as ideias da existência da alma, a sua imortalidade e o seu desenvolvimento progressivo para o infinito, devido às sucessivas vidas planetárias, e para recuperar o perdido e melhor ainda para sustentá-lo em bases sólidas foi necessário admitir a luta, no mesmo terreno em que o positivismo a colocava e comparecer no palanque armados com as mesmas armas que esgrimia o adversário.

Isto foi o que o Espiritismo fez desde o primeiro momento; mas fez de uma forma um tanto deficiente, um tanto filosófica havia que prestar homenagem de credibilidade as vozes e aos fatos que se supunham, provenientes de mundo espiritual, sem que nada testemunhasse de uma forma conclusiva e positiva, que tais vozes e tais fatos eram, com efeito, emanados de um ser que havia atravessado os umbrais do sepulcro.

Não era possível pensar em argumentar com toda a força da lógica relativamente à impossibilidade em que se encontrava o médium, o instrumento para falsificar ou provocar à sua volta os fatos paranormais que se debatiam; não era possível também apelar ao bom senso para que coordenando os dados, fazendo deduções precisas e comprovando testemunhos, se concluir definitivamente afirmando a sobrevivência da alma: era condição precisa, indispensável que a alma se apresentasse visível; tangível, com todos os caracteres da personalidade, e que impressionasse, não à retina e ao tato de dez, vinte ou mais pessoas, que poderiam ser vítimas de alucinação e de fascinação, mas à chapa fotográfica, à parafina, ao timbre elétrico e à balança de precisão, porque tais instrumentos não podiam alucinar-se nem fascinar-se.

E a alma apresentou-se; e a alma materializou-se; e a alma deixaram a sua marca na argila, na parafina e no clichê da câmera escura; e a alma fez vibrar timbres elétricos, acendeu e apagou luzes, transportou e formou diversos objetos, acusou o seu peso na balança de precisão, fez passar a matéria através da matéria que e a alma, por fim, disse quem era, donde vinha, de que se ocupava tratar e o que esperava do futuro.

Como? É possível que assim, tão de pronto, tenham ficado reduzidos a pó todos os conhecimentos positivos? É possível que de nada tenham servido os conhecimentos que nos aportaram os Haekel os Comte, os Moleschot: os Broussais, os Woot, os Luys, todos os materialistas, todos os cientistas positivistas? Não, não é isso.

O Espiritismo, que é a quem cabe a grande honra de ter ganho à empenhada batalha entre espiritualistas e materialistas, não crê ter reduzido a pó os conhecimentos científicos dos seus adversários; não crê sequer ter poder modificar um só desses conhecimentos; crê, sim, tê-los interpretado melhor e tê-los comprovado mais minuciosa, mais taxativamente. Tanto é assim, que se apóia nessas mesmas razões, que usa essas mesmas armas para vencer e aniquilar os seus adversários, não nos fatos, que estes são verdadeiros e indiscutíveis, mas nas conseqüências extraviadas que foram deduzidas desses fatos. Isto é o que com a apresentação e objetivação da alma considera ter conseguido.

E que as suas considerações são exatas, certas, irrefutáveis, dão testemunho sólido às páginas que apresentamos. Gabriel Delanne, com a perícia que lhe é própria, deixou de lado o método sintético para se apoiar exclusivamente no analítico, e apresentando fatos, fazendo positivismo breve, salienta aquilo a que se propõe, a saber: a demonstração experimental da existência e continuação do espírito, e a sua evolução progressiva através de inúmeras reencarnações.

Isto é o que fazia falta ao animismo e isto é o que já o conseguiu. No futuro poderá aperfeiçoar a sua personalidade própria onde queira e como queira: onde queira, porque lá onde haja inteligências, lá haverá uma inflexível lógica para todo o raciocínio, e esta lógica pode ter a certeza de tê-la; e como queira, porque a filosofia tal como a história, a religião tal como fatos positivos, contribuirão sempre em conjunto para dar testemunho da sua existência.

Felicitamos a quem tão acertadamente soube levar a cabo este trabalho, e procuremos assegurar que a sua divulgação seja o mais lacta possível.

Quintín López Gómez

Revue Scientifique Et Morale du Spiritisme - Le Congrès Londres (Juillet 1898)

Fontes: CSI Espiritismo (Imagens e registros históricos do Espiritismo)

Fontes:  Centre Spirite Chico Xavier (Bibliothèque Spirite Allan Kardec)

"Mas antes dos distintos homens que acabamos de citar, brilhou na França um homem ilustre, cuja obra, por ele realizada, teve preponderante importância no país de raça Latina; este homem é Allan Kardec.

Pensador profundo, sábio e erudito, Allan Kardec estudou, a partir do ano de 1855, os fenômenos do Espiritismo. O seu espírito sagaz não tardou muito para descobrir o lado positivo das manifestações que permitiam entrar em contato com as almas que nos precederam na vida da sepultura; compreendeu o imenso alcance deste fato, e após dois anos de estudos, publicou “O Livro dos Espíritos”, que teve um êxito considerável.

A este livro sucederam-lhe “O Livro dos Médiuns”, “O Céu e o Inferno”, “O Evangelho segundo o Espiritismo” e “A Gênese”, em cujos volumes se expõem com clareza e lógica a doutrina que foi adotada pela maioria dos adeptos. Semelhante ensinamento não é inteiramente obra sua, já que declara que o seu papel se limitou a reunir e coordenar os dados que lhe proporcionaram diversos centros de estudo. No entanto, compreende-se a árdua tarefa para separar o joio do bom grão."

Gabriel Delanne "Congresso Espírita Internacional de Londres 1898"

A minha convicção é de que os trabalhos realizados desde há 30 anos por investigadores científicos, bem conceituados, permitem ultrapassar este problema, desde o domínio da filosofia, ao da ciência e substituir os conhecimentos metafísicos pelos fatos certos.

Para apoiar a minha forma de pensar, creio ser necessário estabelecer:

1º Que a alma humana se acha revestida, durante a sua passagem pela terra, de um envoltório invisível chamado periespírito, de peri, em redor e spiritus, espírito.

2º Que depois da morte, este envoltório não se destrói.

3º Que o estudo das propriedades deste corpo espiritual, obriga a concluir que a alma preexiste ao nascimento.

4º Que só na terra foi possível produzir-se esta evolução.

Gabriel Delanne "Congresso Espírita Internacional de Londres 1898"

 

RELAÇÃO DE OBRAS PARA DOWNLOAD

 

Gabriel Delanne - Congresso Espírita Internacional de Londres 1898 - As vidas sucessivas - Memória (Obra rara traduzida)

 

Gabriel Delanne - Congreso Espiritista Internacional de Londres 1898 - Las vidas sucesivas - Memoria

 

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