JOURNAL PÉRIODIQUE

L 'UNION SPIRITE BORDELAISE

REVUE DE L' ENSEIGNEMENT DES ESPRITS

 

DIRECTION - AUGUSTE BEZ

tome 01, TOME 02, TOMO 03

(JUIN 1865 À FÉVRIER 1866)

 

BUREAUX: 49, RUE Du PALAIS DE L'OMBRIÈRE

bordeaux - paris

Notas Bibliográficas:

União Espírita Bordelense

A cidade de Bordeaux na França contava quatro publicações espíritas periódicas: La Ruche, Le Sauveur des Peuples, La Lumière e La Voix d’Outre-tombe. Como La Lumièree e Le Sauveur des Peuples, estavam sob a mesma direção, na realidade havia apenas três, que acabam de fundir-se numa única publicação, sob o título de L’Union Spirite Bordelaise e sob a direção do Sr. M. Auguste Bez, diretor da Voix d’Outre-tombe.

Cumprimentamos esses senhores pela medida que adotaram e que os nossos adversários se equivocariam se a tomassem como indício de decadência da doutrina. Fatos muito mais concludentes aí estão para provar o contrário.

Os materiais do Espiritismo, embora muito numerosos, rolam num círculo mais ou menos uniforme; daí a falta de variedade suficiente e, para o leitor que os queria receber a todos, uma carga muito onerosa, sem compensação.

A nova folha bordelense só poderá ganhar com esta fusão, em todos os pontos de vista, e fazemos votos por sua prosperidade. Lemos com prazer, nos primeiros números, uma ótima refutação aos artigos do Sr. Fumeauxs obre a iniqüidade e os flagelos do Espiritismo, bem como um interessantíssimo relato de uma nova cura em Marmande.

Allan Kardec

Revista Espírita de Julho de 1865

Armand Lefraise:

UNIÃO DOS ESPÍRITAS DE BORDEAUX

Armand, o diretor do Sauveur des peuples (2º ano, nº 15, de 14 de maio de 1865, p. 1), que também convocou a União dos periódicos bordelenses, acrescenta:

No interesse da propagação do Espiritismo, pareceu conveniente aos Diretores dos três jornais espíritas publicados em Bordeaux de não disseminar suas forças multiplicando suas despesas.

É com esse objetivo que uma convenção interveio entre os Diretores de La Ruche spirite bordelaise, do Sauveur des Peuples e de La Voix d’Outre-Tombe, para reunir numa só as três publicações sob o título: L’UNION SPIRITE BORDELAISE.

Em conseqüência, a partir de 1º de junho próximo, os Srs. assinantes de todo o segundo ano do Sauveur des Peuples receberão, em troca, durante quatro meses (isto é, até o dia 1º de outubro próximo) L’Union spirite bordelaise, cujo preço está fixado em 12 francos por ano.

O novo jornal aparecerá quatro vezes por mês, sob a forma de brochura, por fascículos de 24 páginas, com capa impressa, formando a cada três meses um belo volume.

O Sr. Auguste Bez será seu diretor-gerente.

Pensamos, por essa combinação, satisfazer de maneira justa os compromissos tomados por Le Sauveur des Peuples diante de seus assinantes que, temos a esperança, quererão receber bem o Diretor do novo jornal com a mesma benevolência que nos concederam. Que eles queiram bem a esse respeito receber aqui o testemunho de nosso reconhecimento.

Armand Lefraise

Aos nossos leitores:

L’Union Spirite Bordelaise

A conclamação aos espíritas de Bordeaux

O novo jornal, que toma o título de L’Union Spirite Bordelaise, aparecerá, a partir de 1º de junho 1865, quatro vezes por mês, em fascículos de 24 páginas (uma folha grande in-12), Formará, assim, a cada três meses, um magnífico volume de cerca de 300 páginas, com índice e capa especial; ou seja, quatro belos volumes por ano.

Tomando em mãos a direção de L’Union spirite bordelaise, não poderíamos nos enganar, por um instante, nem quanto à grandeza da tarefa que nos incumbe, nem quanto à fraqueza dos meios de que dispomos pessoalmente para cumpri-la.

Assim, sentimos, mais do que nunca, a imperiosa necessidade de fazer apelo às luzes dos espíritas inteligentes e esclarecidos, todos dedicados à propagação da doutrina santa, e vimos pedir-lhes que nos ajudem em nossa fraqueza, com sua força, para sustentar nossa coragem com o concurso de sua sabedoria, de sua experiência e de suas luzes.

Os Espíritos do Senhor que, segundo a promessa do Cristo aos seus apóstolos bem-amados, se espalharam sobre a Terra, a fim de trazer a seus irmãos essa Revelação da Revelação há tanto tempo esperada, quererão também, disso temos a íntima convicção, ajudar-nos em nossa difícil tarefa.

Com seu apoio esclarecido e com o de nossos irmãos, ser-nos-á permitido, pelo menos é o que esperamos, triunfar sobre os obstáculos numerosos postos em nosso caminho, e talvez seja dado a L’Union spirite bordelaise trazer sua pedra à construção do grande edifício do futuro.

O Espiritismo, além disso, não é nem a obra pessoal de um homem, nem a revelação pessoal de uma só individualidade espiritual. Ele se dirige a todos e se serve de todos para o triunfo da fé solidamente baseada na razão, e o estabelecimento de um dogma de que só entrevemos ainda as luminosas e beneficentes claridades, mas que, apesar do que dizem nossos adversários, será o dogma consolador e puro de um tempo que não está distante.

Cada um tem, então, o direito, seja encarnado na Terra, seja livre no espaço, de trazer sua ajuda à obra de iniciação para o progresso, e de consolidação da sociedade pela explicação lógica e fria dos princípios imutáveis revelados à humanidade desde seus primeiros passos na Terra.

Assim como o cristianismo não veio destruir os princípios divinos da lei mosaica, o espiritismo não poderia procurar destruir os princípios divinos da lei cristã; ele vem, ao contrário, explicá-los, e, dissipando as espessas trevas de que o homem os tem cercado, fazer brilhar aos olhos de todos as verdades imutáveis que o mundo não tem reconhecido ou repelido senão porque não pudera compreender a sublime grandeza deles.

Procurar a verdade por toda parte onde ela se encontre, e isso abrindo suas colunas a toda discussão franca e leal; trabalhar tanto quanto lhe permitirão seus modestos recursos para o estabelecimento do reino de Deus sobre a Terra, tal é o objetivo que perseguirá sem descanso L’Union spirite; e, para a perseguição desse objetivo, convidamos todos os corações amantes do bem, do belo, do verdadeiro; todos aqueles que ainda não perderam toda esperança no cumprimento das promessas sagradas, todos aqueles que esperam o momento bendito em que a verdade reinará na Terra e transformará os homens pela caridade e pelo amor.

Temos a firme confiança de que nosso apelo encontrará ecos fiéis para repeti-lo e vozes amigas para responder a ele.

O Espiritismo, poderíamos dizê-lo e repeti-lo, não se dirige àqueles a quem sua convicção é suficiente; ele não vem arrancar os crentes ao altar, nem tirar de uma religião qualquer de seus adeptos que aí encontram a paz de suas almas e a consolação de seus corações; ele se dirige somente a essa maioria imensa de almas que congelam no ateísmo, no materialismo e devastador indiferentismo e, infelizmente para a glória da humanidade, o campo aberto aos seus trabalhos é bastante vasto para que não ambicione ir levar a perturbação às consciências em que pode viver a paz.

É um erro atacá-lo de todas as partes com uma violência tão inexplicável quanto imerecida e de apontá-lo à vindita pública como um flagelo que é preciso evitar com cuidado, se não se pode livrar dele a Terra.

Durante esta publicação, teremos algumas vezes que defendê-lo dos ataques numerosos dirigidos contra ele. Nós o faremos com firmeza, mas nos esforçaremos para fazê-lo também com dignidade, com calma. Em nossas polêmicas, em nossas refutações, esforçar-nos-emos para merecer o título de “adversário polido” que quis outorgar-nos ano passado, em plena Faculdade, um sábio professor de teologia cujos argumentos e conclusões tínhamos combatido; atacaremos algumas vezes as doutrinas, mas respeitaremos sempre os homens que as sustentam, porque nós mesmos, sinceramente convencidos, não podemos, nem devemos supor que nossos adversários não o sejam também, seja qual for o abismo que separe nossas crenças das deles.

Não esqueceremos, sobretudo, de que a única maneira de provar a superioridade da tese que se defende é de se mostrar à altura dos deveres que ela impõe; ora, o Espiritismo é todo amor e caridade; esforçar-nos-emos, pois, para sermos amoráveis e caridosos, mesmo para com nossos adversários.

Possam Deus e os bons Espíritos dar-nos a força sem a qual nos seria impossível cumprir essas promessas!

Auguste Bez

Diretor-Gerente

L’Union Spirite Bordelaise

(Ano de 1865, Cidade de Bordeaux, França)

Sociedade Espírita de Bordeaux

Médium: Sr. Aug. BEZ.

Grupo Toulouse

 

O PERDÃO

 

Perdão das ofensas, é um desses deveres sublimes que a Caridade encerra em seu seio.

Cristo, o divino modelo, nos disse: “FAZEI O BEM ÀQUELES QUE VOS FAZEM O MAL, BENDIZEI AQUELES QUE VOS AMALDIÇOAM, PERDOAI AQUELES QUE VOS OFENDEM E ORAI POR VOSSOS PERSEGUIDORES” e, juntando o exemplo aos preceitos, a fim de melhor mostrar que esses preceitos não são palavras vãs e que se pode praticá-los em toda a sua extensão, ele ofereceu em holocausto, à humanidade inteira, uma vida cheia de amor e de caridade, onde a abnegação de si mesmo foi sempre aliada da bondade para os outros, mesmo para aqueles que estão encarnados para sua perda e que o fizeram morrer da morte ignominiosa da cruz.

Ah! vocês que se dizem seus discípulos, todos vocês, filhos de Deus, cuja nobre missão é melhorar a fim de chegar um dia puros de toda mancha aos pés de seu trono eterno, tenham sempre seu divino modelo presente no pensamento.

Cada vez que alguns de seus irmãos, esquecendo seus deveres ou levados por um orgulho tolo, uma vaidade insensata, vierem insultá-los ou, ocultamente, procurarem prejudicá-los, escutem as palavras do Cristo saindo de sua boca expirante e subindo para o céu, exalando um perfume tão suave de amor e de felicidade: “OH! MEU DEUS, PERDOAI VOS, PORQUE NÃO SABEM O QUE FAZEM!”

Que esse grito parta de seus peitos, que saia do mais profundo de seus corações, e, longe de sentir o cruel aperto da ofensa, vocês se sentirão muito alegres pela maneira pela qual serão vingados.

Sim, porque a vingança, essa serpente hedionda que os antigos ousaram chamar de verdadeiro prazer dos deuses, aquece em seu seio as mais amargas dores, os mais lancinantes males.

Ferindo seu inimigo no coração, vocês se ferem a si mesmos, e, com freqüência, sucumbem sob seus terríveis golpes antes que seu adversário seja alcançado.

Mas, se, para se vingar, vocês prodigalizam o amor e o perdão, esse amor e esse perdão, que devem atrair para vocês o sarcasmo e o mais inveterado ódio, vocês sentem passar sobre suas feridas pungentes como um sopro celeste que as refrigera e as cura instantaneamente.

E o que acontece muitas vezes, se seu inimigo tocou sua generosidade, se lança aos seus pés e reconhece suas próprias iniqüidades, oh! vocês estarão nobremente vingados, não é?

Que transportes de júbilo! Que santo delírio d´alma! Vocês salvaram um irmão; mais que isso, um inimigo.

Eis aí a vingança que o Criador pede; eis aí o prazer indizível que se poderia chamar de verdadeiro prazer de Deus, mas que Deus, em sua infinita bondade, deixou em parte aos humanos.

Felizes são aqueles que o sabem cultivar e colher! Receberão a doce recompensa; na terra e nos céus eles saborearão seu delicioso perfume.

Um Espírito simpático

(Ano de 1864, Cidade de Bordeaux, França)

Fontes: Encyclopédie Spirite (Revue Spirites)

Fontes: Allan Kardec On Line

"Os Espíritos do Senhor que, segundo a promessa do Cristo aos seus apóstolos bem-amados, se espalharam sobre a Terra, a fim de trazer a seus irmãos essa Revelação da Revelação há tanto tempo esperada, quererão também, disso temos a íntima convicção, ajudar-nos em nossa difícil tarefa. Com seu apoio esclarecido e com o de nossos irmãos, ser-nos-á permitido, pelo menos é o que esperamos, triunfar sobre os obstáculos numerosos postos em nosso caminho, e talvez seja dado a L’Union spirite bordelaise trazer sua pedra à construção do grande edifício do futuro."

Auguste Bez "Diretor-Gerente - L' Union Spirite Bordelaise"

 

O mais belo lado do Espiritismo é o lado moral. É por suas consequências morais que triunfará, pois aí está a sua força, por aí é invulnerável. Ele inscreve em sua bandeira: Amor e caridade; e diante desse paládio, mais poderoso que o de Minerva, porque vem do Cristo, a própria incredulidade se inclina. Que se pode opor a uma doutrina que leva os homens a se amarem como irmãos? Se não se admitir a causa, pelo menos se respeitará o efeito. Ora, o melhor meio de provar a realidade do efeito é fazer sua aplicação a si mesmo; é mostrar aos inimigos da doutrina, pelo próprio exemplo, que ela realmente torna melhor.

Mas como fazer crer que um instrumento possa produzir harmonia se emite sons discordantes? Do mesmo modo, como persuadir que o Espiritismo deve conduzir à concórdia, se os que o professam, ou supostamente o praticam — o que para os adversários dá no mesmo — se atiram pedras? Se basta uma simples susceptibilidade do amor-próprio para os dividir? Não é o meio de rejeitar seu próprio argumento? Os mais perigosos inimigos do Espiritismo são, pois, os que o fazem mentir a si mesmos, não praticando a lei que proclamam. Seria pueril criar dissidência pelas nuanças de opinião; haveria evidente malevolência, esquecimento do primeiro dever do verdadeiro espírita, em separar-se por uma questão pessoal, porquanto o sentimento de personalidade é fruto do orgulho e do egoísmo.

Allan Kardec - Viagem Espírita em 1862 "Discurso do Sr. Allan Kardec em Bordeaux"

 

RELAÇÃO DE JORNAIS PERIÓDICOS

 

 Journal Périodique - L' Union Spirite Bordelaise - Juin 1865 / aout 1865 - TOME 01 (Fr.)

 

Journal Périodique - L' Union Spirite Bordelaise - Septembre 1865 / Novembre 1865 - TOME 02 (Fr.)

 

Journal Périodique - L' Union Spirite Bordelaise - Décembre 1865 - Février 1866 tome 03 (fr.)