O ESPIRITISMO

ÓRGÃO DA UNIÃO ESPÍRITA FRANCESA

DIRETOR GABRIEL DELANNE

(1883 - 1895)

 

Tradutor: Rogerio Migoez

 

LE SPIRITISME

ORGANE DE l'uNION SPIRITE FRANÇAISE

directeur - Gabriel Delanne

(1883 - 1895)

 

OS GRANDES COMBATENTES DA CAUSA ESPÍRITA

NA FRANÇA de allan kardec

A NOSSOS LEITORES:

Quem somos?

O que desejamos? Como o desejamos?

Quem somos e o que desejamos, nosso título, que é uma bandeira, é suficiente para dizê-lo. Como desejamos isso? Nosso subtítulo é a resposta.

Somos espiritas e queremos difundir o espiritismo. Para difundi-lo, nos unimos a fim de constituir um feixe nossa força coletiva.

Tomando lugar nas fileiras da imprensa espírita, desejamos determinar o caráter especial de nosso órgão.

Vivemos em uma época em que nada pode ser feito a não ser pela solidariedade; o individualismo cai diariamente em maior descrédito; o espírito humano se abre para a verdadeira grandeza buscando-a somente nas ações comuns resultantes do livre concerto de atividades espontâneas; as barreiras caem, as brechas acontecem entre as inteligências; um movimento irresistível solicita que todas as forças se aproximem umas das outras, a se conhecer; a se penetrar, a se fecundar.

É um novo mundo que se anuncia nessas premissas de uma elaboração gigantesca. É para esse novo mundo que o espiritismo traz sua colaboração em sua esfera ainda modesta, colaboração pouco conhecida com a qual queremos contribuir para trazer a luz, a fim de aumentar cada vez mais o número daqueles que a veem e que se lhe associam para o seu próprio ensinamento como para a renovação social.

Se esse é o caráter do espiritismo, ele deve manifestá-lo em seu modo de ação. Se as palavras "espiritismo" e "solidariedade" são termos relacionados, a lógica é que os espíritas se apresentem solidariamente diante do público, e que estejam em fileiras serradas para falar aos irmãos que ignoram ou desconhecem seus métodos, suas doutrinas, e suas tendências. Por isso nos unimos em uma federação denominada "União Espírita Francesa"; é por isso que sentimos a necessidade de nos unirmos em um feixe capaz de dar a cada um de nós a força coletiva de uma associação.

Mas nós apenas tocamos em um dos atributos deste jornal, e não devemos pensar que a necessidade de ação conjunta poderia de alguma forma de afetar os direitos da iniciativa individual.

O espiritismo procede essencialmente da liberdade e da discussão mais ampla de sua base; se consegue se constituir em uma doutrina, é em virtude de um acordo cujas origens estão na observação dos fatos e no uso da razão. É assim que Allan Kardec estabeleceu suas obras fundamentais, marcadas de uma lógica tão luminosa. Mas, à medida que as questões são resolvidas, outras surgem; e o trabalho tão brilhantemente inaugurado por Allan Kardec ainda deve ser continuado.

Se novos problemas são levantados, se fenômenos interessantes estão disponíveis para as apreciações e comentários dos espiritas, este jornal é uma arena natural para a discussão desses problemas e para a interpretação desses fatos. Tendo testemunhado assim, perante o público, sobre o nosso espírito de livre investigação, estaremos longe de enfraquecer o nosso valor de solidariedade, só traremos maior autoridade à parte fundamental aceita por todos; pois mostraremos com isto que, se admitimos nossos princípios comuns, é porque a nossa razão em tudo nos levou a adotá-los.

Em duas palavras resumimos o significado do espiritismo: sua natureza e a necessidade sociológica de seu advento.

A Humanidade, livre da superstição pelo enfraquecimento do materialismo, preparada para uma nova ordem pela ciência do transformismo e da evolução, é, no entanto, lançada em uma grande confusão pelo fato de todas as ruínas dispersas serem as mais viris contemplando calmamente o trabalho recente em que as esperanças da imortalidade parecem ser engolidas, assim como os terrores do desconhecido; outros, menos encharcados de virtude estoica, deixam-se afastar e se entregam ao caos cego dos instintos; outros ainda, assustados com um movimento ao final do qual não preveem qualquer equilíbrio, reagem contra esse movimento e, pelo pânico e não pela convicção, tentam galvanizar as velhas fórmulas do passado. Nada disso pode ter sucesso e satisfazer as necessidades da humanidade. Tudo isso é insuficiente, precário ou deplorável.

No entanto, questionemos esses sintomas, sendo, sem dúvida, o que melhor podemos fazer.

A doutrina da evolução é um dado científico: a nova fórmula deve, portanto, conter a doutrina da evolução.

A esperança na imortalidade é uma força necessária para sustentar a consciência de um maior número: a nova fórmula deve, portanto, conter uma esperança na imortalidade.

Uma visão equilibrada é indispensável para garantir a coesão social; a nova fórmula deve, portanto, conter uma visão de equilíbrio com uma sanção de justiça dentro da harmonia geral.

Bem, o espiritismo e o espiritismo, por si só, responde a todos esses desideratos. Ele não apenas adota a doutrina da evolução, mas a completa e ilumina. Ele não apenas proclama a esperança na imortalidade, mas também estabelece, de maneira positiva, a certeza da sobrevivência. Não só mostra o inevitável funcionamento da justiça, mas ao mesmo tempo faz surgir a lei do amor, e a harmonia universal é revelada inteiramente na síntese da justiça e do amor.

Filosoficamente, o espírita não atribui valor absoluto às palavras materialismo e espiritualismo.

Para ele, não há espírito, não há pensamento sem uma substância, por mais etérea que seja aonde o pensamento venha a se manifestar. Da mesma forma, ele não pode supor uma forma material sem um pensamento que a organize. Os seres que chamamos de Espíritos, os Espíritos dos mortos, não existiriam se não fossem dotados de um organismo adaptado ao seu ambiente e lembrando a forma estritamente material pela qual suas individualidades se manifestaram quando eles viviam a vida da terra.

Para o espírita, não é uma hipótese, é um fato mostrado positivamente. Também lhe é mostrado que o Espírito desencarnado não deixa de fazer parte de sua Humanidade materna, e que, pelas leis que governam esta humanidade, ele é chamado de volta à vida material do planeta tantas vezes quantas forem necessárias ao seu aperfeiçoamento de acordo com as regras de justiça, amor e solidariedade. Assim, ele observa a lei da evolução do indivíduo, em harmonia com a evolução das espécies. Cada individualidade é uma cadeia, cujas várias existências são os elos conectados e indestrutíveis.

A Humanidade integral (que inclui os encarnados e os desencarnados) é uma rede de personalidades imortais que são inelutavelmente solidárias umas às outras. O espiritismo também admite que a evolução começou em um mundo, continua e se aperfeiçoa nos mundos superiores; e tudo nos leva a acreditar que os astros do céu são os estágios da perfeição infinita.

Que concepção grandiosa tanto quanto racional! que horizonte vasto aberto ao espírito! Mas sem subir tão alto de uma vez só, o espiritismo prático é suficiente para estabelecer de forma positiva e rigorosa as noções mais férteis. Ele prova a vida dos mortos pelo fato de suas comunicações; - e como eles não se comunicariam, se de fato eles existem, se eles têm um organismo?

Ele demonstra a evolução progressiva do Espírito através da reencarnação, a manifestação da solidariedade humana à qual nossos grandes ancestrais, os gauleses, acreditavam. Ele reverte a teoria absurda da salvação pessoal, a praga de tantas religiões. Ele nos faz amar a vida e desprezar a morte. Isso nos leva a conceber Deus como o princípio da harmonia dos mundos. Ele nos liberta do misticismo e da concepção do Deus ciumento.

Faz-nos os arquitetos do nosso próprio progresso e do nosso progresso comum. Desenvolve em nós o senso de responsabilidade e liberdade. Ele nos faz homens, cidadãos e irmãos. Ele é uma ciência, ele é uma força, ele é um entusiasmo. Ele agora não é mais do que uma pequena centelha do futuro; mas ele será a tocha da República universal.

Eis assim porque nós o amamos; eis porque que queremos libertá-lo dos preconceitos e desconfianças. Bem longe de ameaçar o trabalho humano, ele o emancipa em toda sua potencialidade. Bem longe de frisar a superstição, ele queima todas as velas das quais se fazem as superstições. É por isso que filhos da liberdade, soldados da fraternidade, nós serramos nossas fileiras sob sua bandeira, orgulhosos e confiantes como nossos pais diante das reações da coalizão.

J.-Camille CHAIGNEAU

O ESPIRITISMO - 1ª Quinzena - Março de 1883

Tradutor: Rogerio Migoez

Estamos autorizados a publicar o seguinte discurso proferido pelo Dr. Chazarain no banquete da Sociedade de Estudos Psicológicos. Nossos leitores verão que o espiritismo começa a tomar dentro da ciência o lugar que lhe assinala o seu domínio que é do estudo dos fluidos.

O ESPIRITISMO E A CIÊNCIA DISCURSO LIDO NO BANQUETE ANUAL DA SOCIEDADE DE ESTUDOS PSICOLÓGICOS

                                                15 de fevereiro de 1883.

Senhoras, Senhores,

Proponho-lhes que bebam à união do espiritismo e da ciência, especialmente da ciência médica, convencido de que esta união significará um grande progresso para a etiologia e a terapêutica de algumas neuroses e certas doenças mentais, até agora mal compreendidas e muitas vezes consideradas frequentemente como incuráveis.

Vós imaginais que desejo falar de certos estados falsamente atribuídos à histeria, a essas duplicações de personalidade, inexplicáveis pela ciência oficial e que são apenas encarnações, às vezes tornando-se obsessões e possessões, a certas alucinações da visão e da audição, que são apenas o resultado do maior desenvolvimento desses dois sentidos (para não mencionar os outros), que o exercício da mediunidade clarividente e auditiva em indivíduos incapazes pode explicar neles tal faculdade!

Eu afirmo com a convicção dada pela observação clínica que a própria iniciação espirita cura os chamados alucinados dando-lhes a explicação e a prova da realidade de suas sensações e os meios de faze-las cessar se forem dolorosas demais para eles; eu afirmo isto, pois curei com dez minutos de explicação uma mãe honesta e inteligente de uma família, a quem conheço há oito anos, em quem nunca observei o menor sintoma de uma neurose, nem a menor confusão nas ideias, que, tendo se tornado quase repentinamente médium, vendo e ouvindo, mas ignorante do nome mesmo do espiritismo, declarou que ela encontrava em todo instante em seu quarto pessoas que ela dizia ter visto na rua, e que desapareciam de repente, que ela os ouvia falar quando ela não os via, que ela era seguida quando saía, que muitas vezes percebia à noite lampejos em seu quarto, que ela sentia sua cama se movendo, que sob seus olhos objetos eram trocados de lugar, batiam em seus móveis, foi considerada louca por um médico dos meus amigos, antigo interno de hospitais e enviado para Santa Ana onde ela não passou, é verdade, mais do que dez dias, mas quem foi nada menos, à sua partida, considerada uma pobre incurável.

No entanto, ela sofreu tanto com essas visões, que a privaram de descanso e sono, e a ideia de ser considerada insana, e, tendo o maior desejo de ser curada, foi várias vezes às consultas no salpêtrière, onde, os médicos, depois de terem lhe prescrito sem sucesso várias soluções de brometo de potássio, declararam que ela estava debilitada com problemas na audição, e induziram-na a se entregar aos cuidados do Dr. X..., que se ocupava especialmente de doenças no ouvido.

Foi como resultado desses problemas e decepções que ela veio me ver e recebeu de mim, em todo o tratamento, a explicação de sua doença (explicação que ela não podia admitir a princípio) e o conselho para participar de uma sessão de materialização, que foi uma demonstração decisiva para ela: a partir daquele momento ela entendeu e se curou enquanto permanecia como médium.

Eu digo, então, que a medicina retirará do conhecimento do espiritismo vantagens pelo menos iguais, se não superiores, àquelas que o estudo do magnetismo lhe deu, e, da mesma forma como o magnetismo, negado a princípio, então rejeitado pelos estudiosos, que não viam nele senão um novo processo de charlatanismo.

Depois estudado, entendido, explicado, finalmente se tornou científico, impôs-se em suas mentes como um ramo da arte da cura bem como da eletricidade, da mesma forma o espiritismo que; em uma de suas divisões, é apenas um magnetismo especial, o magnetismo do invisível (todos os médiuns videntes são magnetizados por eles) se imporá, por sua vez, assim que os fenômenos espiritas forem reconhecidos como possíveis, de acordo com o conhecimento já adquirido, como tendo uma grande analogia com os fenômenos do magnetismo e certos fatos relevantes aos estudos físicos, químicos e biológicos.

Quem admite a existência da alma é obrigado, se refletir sobre isto, a dar-lhe um envelope provido de órgãos, pois sem eles, ela não poderia agir, ela não poderia ser revelar para nós, ela não seria ou seria como se não existisse, assim como a eletricidade não se manifesta a nós como força, luz, calor, exceto por aparelhos que são seus órgãos, quer estes aparelhos tenham sido retirados das mãos de homens ou formados pela natureza, como as nuvens que nos enviam o raio.

O envelope da alma sendo formado por uma matéria rarefeita, sendo fluídico, só pode tornar-se visível para nós se a substância que o constitui se condensa, se materializa em uma palavra. Mas uma multidão de obstáculos se opõe a essa materialização, ou a torna, pelo menos, muito difícil, a luz, por exemplo. Mas assim como uma corrente elétrica pode precipitar alguns sais de suas dissoluções, transformar em água uma mistura, em proporções adequadas de hidrogênio e oxigênio, não se pode admitir, enquanto se aguarda uma explicação definitiva, que a eletricidade viva, o fluido magnético fornecido por certos médiuns, pode obter do invisível as forças de que necessitam para mudar o estado de seu envelope, para materializá-lo e, assim, torná-lo visível e tangível.

E se a alma tem um corpo, se ela tem órgãos, por que ela faria menos em um sujet vivo e predisposto, sobre um médium, por que faria ela menos do que um hipnotizador sobre um sonâmbulo sobre um hipnotizado, que digo eu? por que ela faria menos do que o primeiro, já que um magnetizador e um não magnetizador podem, uma vez que um sujet está adormecido pelo sono magnético, por um simples efeito de sua vontade, fazê-lo agir à vontade, cancelar sua vontade, colocá-lo em estado de catalepsia parcial ou geral, privá-lo de sua sensibilidade, agir sobre seus órgãos com a rapidez do pensamento; provocar todo tipo de movimentos, usar seu cérebro como deles, o que prova peremptoriamente uma experiência renovada várias vezes nos últimos tempos na Sociedade de Estudos Psicológicos de Sr. Mogan sobre Mme. Samier, que, colocada em relação a uma pessoa qualquer canta, fala, grita, ri, chora, ao mesmo tempo e no mesmo tom que este último, dizendo as mesmas palavras, pronunciando as mesmas gritos, rindo e chorando, da mesma forma como se seus órgãos estivessem a serviço exclusivo daquele que lhe segura a mão.

Além disso, essa influência do magnetizador sobre seu sujet pode às vezes ser exercida a uma grande distância.

Assim, o que a ciência oficial sabe hoje (porque se faz magnetismo nos hospitais) já explica a possibilidade dos fenômenos espíritas. Consequentemente, agora seria ridículo que ela os negasse a priori; ela deve estudá-los, para exercer plenamente sua missão, ela precisa saber tudo o que, seja próximo ou distante, toca a arte da cura.

Quem quiser observar e estudar estes fenômenos sem preconceitos, e atendendo às condições necessárias à sua produção, não demorará a convencer-se, com a ajuda de todos os seus sentidos, de sua completa realidade, reconhecendo que eles têm uma causa inteligente fora de nós, que são produto das almas dos desencarnados e que essas almas providas de órgãos podem, por seus fluidos, por seu magnetismo especial, atuar sobre os médiuns, e por estes se comunicarem e às vezes se mostrarem para nós.

Não há milagres (nós os negamos); são fenômenos pertencentes a uma ciência tão antiga quanto o mundo, mas que tem sido estudada por muito pouco tempo com o rigor da experimentação científica, de modo que dela conheçamos todas as leis.

Procuremos então, com novo ardor, chamando a todos os homens de boa vontade e, para esse fim, repito:

À união do espiritismo e da ciência!

Dr. Chazarain

O ESPIRITISMO - 1ª Quinzena - Março de 1883

Tradutor: Rogerio Migoez

O ESPIRITISMO NA PROVÍNCIA

Domingo, 11 de fevereiro foi realizado em Ambillou (Indre-et-Loire), uma reunião espírita assistida por uma centena de pessoas, de todos as comunas da região e especialmente de Sonzay, Pernay, Luynes e Fondettes. Uma vasta sala pertencente a Sr. Paulmier foi oferecida para a ocasião. Ela estava superlotada.

O Sr. Léon Denis, de Tours, realizou uma palestra popular sobre o Espiritismo. Durante uma hora e meia nosso confrade expôs em termos simples e claros, ao alcance de todos, os princípios da doutrina que nos é cara. Foi uma bela visão ver esses bravos compatriotas, a maioria deles vestidos de macacões, de pele bronzeada, mãos enegrecidas por um trabalho árduo, ouvindo com atenção e recolhimento os ensinamentos que lhes foram dados.

Após sua palestra, o Sr. L. Denis provocou perguntas e pedidos de esclarecimentos pelos assistentes, respondendo-as a todas. Vários céticos que estavam presentes retiraram-se muito impressionados, expressando o desejo de estudar seriamente nossa doutrina. Além disso, no final da reunião, foi decidido que uma biblioteca popular espírita seria criada em Ambillou e que as obras a compondo seriam disponibilizados a todos.

Alegramo-nos no progresso significativo que o espiritismo fez nessas campanhas, graças à iniciativa dedicada de nossos irmãos: Srs. Huet e Clobjot, de Sonzay; Trouvé, Mittau e Paulmier. de Ambillou.

O ESPIRITISMO - 1ª Quinzena - Março de 1883

Tradutor: Rogerio Migoez

COMUNICAÇÃO ESPÍRITA:

A CONVENÇÃO ESTÁ VIVA! (Médium: J.-C. CH.)

Digam ao povo que estamos vivos - nós os mortos que ele ama e quem ele honra, nós cujos nomes ele se lembra como símbolos de libertação. Digam que estamos vivos e que amamos as grandes pessoas da Terra mais do que jamais amamos.

Chega de sangue, Pátria! Chega de sangue, Humanidade! Queremos a comunhão de suas almas e seus braços para as frutíferas lutas do trabalho. - É suficiente o sangue que derramamos, onde misturamos o nosso nas solidariedades trágicas de uma incrível reviravolta na história. Talvez, talvez, ai de mim! Haverá ainda mártires, mas são os últimos e cimentam com as dores o pacto da aliança definitiva! - Chega de guerras, chega de horrores, chega de infâmias vis que demandam heróis sangrentos quando chega a hora de esmagar os obstáculos e, com os obstáculos, ai de mim! Todos os déspotas que fazem deles as garantias de seu poder opressor!

Basta de ódios, chega de guerras! Saiba amar, ó povo, e serás livre, livre para sempre! E os seus irmãos, os povos, te farão uma coroa de fraternidade com as mãos estendidas em direção as tuas frontes!

Ó povo francês, seja a sentinela brilhante do amor e liberdade. Amor em você, amor ao seu redor. Todo amor é um gerador de amor e você ainda será grande diante do mundo, se souber ser grande pelo amor. - Ó meus irmãos, amem muito; sejam um pelo gênio divino que é inoculado à Humanidade assim que o homem, sentindo-se um povo, chama nele a unidade das harmonias espirituais para criar a ordem divina mesmo nos campos espinhosos do globo maternal.

Ó você que conhece a vida, ensina a vida; Ó você que nega a morte, vá e diga que a morte não existe, e que estamos sempre lá, com ciúmes de suas dores e seus fardos, que somos seus sustentáculos aos milhares em tempos de desespero, que somos seu halo nos dias de inspirações e esforços heroicos; somos nós que fazemos os tiranos tremerem em seus tronos nos dias de levantes magnéticos; somos nós a alma das multidões, o dia em que as multidões encontram uma alma coletiva para clamar às nuvens a vontade do povo, que é a vontade de Deus - por amor - pela liberdade!

Vá dizer às pessoas que vivemos; diga às pessoas que somos os Espíritos do amor porque somos os espíritos da liberdade; diga que somos servos de Deus porque somos os servos do amor e da liberdade!

Deus! teu nome, odiosamente profanado pelos servos da opressão, será ressuscitado por nós, os servos da liberdade! Nós te faremos entender Deus, porque nós te mostraremos agindo através de nós seus filhos dedicados ao martírio, por nós que aceitamos o ódio dos homens para melhor fazer explodir a onipotência do amor. Chegará a hora em que nossas frontes serão marcadas apenas por nosso próprio martírio, resplandecente estrela, e onde os mártires que fizemos nos apagarão as manchas de sangue que ainda ocultam o fogo ardente de nosso coração; e então veremos o que somos: os amantes ardentes da Humanidade. E então toda a terra nos amará, e o Deus da livre unidade aparecerá na liberdade que teremos feito explodir por nossa energia e na unidade harmoniosa que teremos preparado por nossa fé sem mácula.

Este tempo chegará. Mas, enquanto isso, vão e falem àqueles que nos amam, a essas pessoas boas e nobres que honram nossa memória, vão e falem sobre as boas novas da Convenção; vão e falem que a Convenção está sempre viva; vão e falem que a Convenção é una e radiante de glória em sua unidade; vão e falem que Camille e Lucile são as melhores amigas de St-Just, que Danton e Robespierre abraçaram os pescoços doloridos ainda vermelhos com a sinistra gola do andaime; vão e falem que todos nos amamos, que não nos lembramos mais de quem nos mandou à morte, vão e digam que nos lembramos apenas de ter amado a Pátria e a República!

Ó República, fórmula sagrada do reino de Deus na terra, ideal de alguém que veio renovar a face do mundo, República, comunhão divina da fraternidade, todos os nossos esforços, todas as nossas lutas são para você - porque você é liberdade, porque você é amor, porque você é entusiasmo - isto é, Deus em nós. Nós amamos você e amamos as pessoas que amam e servem a você, e que tantas vezes derramaram por você o sangue mais puro. - República, seja para sempre triunfante! E vocês, meus irmãos, que nos ouvem, vocês que nos sabem vivos, façam-nos ainda mais vivos, revelando nossas vidas. Vão e digam ao povo: A Convenção está viva!

St-Just.

O ESPIRITISMO - 1ª Quinzena - Março de 1883

Tradutor: Rogerio Migoez

O ESPIRITISMO - 1ª Quinzena - Março de 1883

União Espírita Francesa

Fontes: Canal Espírita Jorge Hessen (Brasil Flash TV International - Charles Kempf - 160 anos de Espiritismo)  (Charles Kempf é natural de Thann, França, reside atualmente em Belfort, em seu país, mas há muito tem forte ligação com o movimento espírita brasileiro, especialmente desde que participou do CEI – Conselho Espírita Internacional)

Fontes: Encyclopédie Spirite (Revue Le Spiritisme)

Fontes: Allan Kardec.OnLine (Manuscritos Raros e Inéditos de Allan Kardec - Museu Virtual e Historiografia do Espiritismo)

O periódico bimestral “Le Spiritisme”, no qual Delanne assume o papel de redator geral. O primeiro volume foi publicado no mês de março.

"Lantier afirma que Gabriel Delanne era um redator criterioso e rejeitava artigos dos amigos que não apresentassem os rigores exigidos pela ciência."

Henri Regnault citou um fragmento de um discurso que expressa bem as diretrizes que Delanne tomou para a sua prática: demonstrar que o Espiritismo não é incompatível com a Ciência e divulgá-lo amplamente, para que não ficasse reduzido a uma elite de cientistas e intelectuais.

Paul Bodier - Henri Regnault "Gabriel Delanne sua vida, seu apostolado e sua obra"

 

REVISTA O ESPIRITISMO

União Espírita Francesa

 

O ESPIRITISMO - 1ª Quinzena - Março de 1883 (Tradutor Rogerio Migoez)

 

REVISTAS LE SPIRITISME

l'uNION SPIRITE FRANÇAISE

(1883 - 1895)

 

année 01 - le Spiritisme - Organe de L'Union Spirite Française (mars 1883 - février 1884)

 

Année 02 - le Spiritisme - Organe de L'Union Spirite Française (mars 1884 - février 1885)

 

Année 03 - le Spiritisme - Organe de L'Union Spirite Française (mars 1885 - février 1886)

 

Année 04 - le Spiritisme - Organe de L'Union Spirite Française (mars 1886 - février 1887)

 

Année 05 - le Spiritisme - Organe de L'Union Spirite Française (mars - décembre 1887)

 

Année 06 - le Spiritisme - Organe de L'Union Spirite Française (1888)

 

Année 07 - le Spiritisme - Organe de L'Union Spirite Française (1889)

 

Année 08 - le Spiritisme - Organe de L'Union Spirite Française (1890)

 

Année 09 - le Spiritisme - Organe de L'Union Spirite Française (1891)

 

Année 10 - le Spiritisme - Organe de L'Union Spirite Française (1892)

 

Année 11 - le Spiritisme - Organe de L'Union Spirite Française (1893) (A partir d'octobre 1893, Gabriel Delanne n'est plus directeur de la Revue, il est remplacé par Arthur d'Anglemont et Adophe Laurent de Faget)

 

Année 12 - le Spiritisme - Organe de L'Union Spirite Française (1894)

 

Année 13 - le Spiritisme - Organe de L'Union Spirite Française (1895) (Un seul numéro, fin de la revue)

 

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